As comunidades dos bairros Jardim Leblon, Renascer, Pedregal, Areão e mais o Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) se mobilizam e pedem a permanência da diretora, Márcia Jamil, na gestão da Escola Estadual Tancredo Neves, no Jardim Leblon.

Márcia já foi diretora por dois mandatos e não pôde se candidatar mais uma vez ao cargo.  Nas eleições para diretor da escola no final do ano, não teve professor efetivo que se inscreveu ao cargo. E a mobilização foi parar nas redes sociais da unidade escolar. O apelo popular é forte, com centenas de mensagens em apoio a Márcia, bem como dezenas de vídeos gravados por lideranças comunitárias da região, além de abaixo assinado para que a diretora permaneça no cargo.

"A comunidade está querendo deixar a professora Márcia à frente da direção da Escola Tancredo Neves. Vamos dá essa força aí, pessoal. A comunidade reconhece o trabalho e o desempenho que ela vem desenvolvendo na escola. E o que deu certo e está dando certo, não tem motivo para mudar. Peço a compreensão da Secretaria e de outros órgãos", afirmou Charles Lima, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Pedregal e região.

O ex-presidente do CDCE da EE. Tancredo Neves, morador e pai de aluno, Delvado Siqueira, também se manifestou e disse estar revoltado com a decisão da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Delvado diz que o pedido da comunidade está aparando na Lei 7040/98 e também por lei federal no que diz respeito à democracia, que é o direito do povo escolher.

"A Seduc não está nos escutando, não está ouvindo o clamor das comunidades envolvidas dentro do âmbito escolar da Escola Tancredo Neves. Não estamos brincando de escolinha, a nossa escola é séria, respeitada, passamos por trancos e barrancos e hoje estamos de pé. Mas, não foi por apoio da Seduc, não. Foi porque se juntou quatro comunidades que fizeram com que a escola hoje esteja no patamar que está. Mas, para tudo isso foi preciso uma pessoa de guerra, de fibra, que foi a Márcia Jamil. E agora vocês não querem que ela permaneça como diretora da escola, alegando que já venceu o prazo dela de mandato de diretora".

O presidente do bairro Jardim Leblon, Chico Leblon, também gravou um vídeo citando democracia e que os moradores não têm sido escutados pela Secretaria. "A diretora que atua na escola é capacitada e sabe trabalhar, fez uma integração entre os bairros, acabou a violência entre os alunos e brigas. Tínhamos problemas com roubos, assaltos e arrombamentos da escola Tancredo e isso tudo acabou. E há cinco anos atrás, esse mesmo colégio ia ser fechado por falta de aluno. Porque a mudança para a entrada de uma pessoa que não tem conhecimento da realidade escolar? A Márcia conseguir fazer com que a escola não fechasse e passasse a ter um desenvolvimento muito bom".

O comerciante e presidente do bairro Jardim Renascer, José Carlos, destaca o trabalho da diretora Márcia Jamil e lembra que antes essa escola seria fechada por falta de aluno.  "Hoje, a escola funciona com o portão aberto, cheia de aluno e quero fazer um pedido às autoridades, que vão ao local e vejam como é hoje a escola. O atendimento que tem, o apoio dos pais, o apoio do grupo que comanda aquela escola que é o CDCE. E se está dando certo, nosso secretário, nosso governador permaneça com a diretora. Márcia conseguiu fazer a grande mudança e trazer tranquilidade para, nós, presidentes".

Moradora do bairro Jardim Leblon e conselheira tutelar, Luciane Neves, tem um sobrinho que estuda na escola há três anos e apoia a permanência de Márcia Jamil na direção escolar. "A escola Tancredo Neves é uma das melhores da região e isso começou quando a Márcia pegou a direção da escola porque antes não tinha nem muitos alunos na escola. Hoje não temos nenhuma evasão escolar, é uma excelente escola. Estamos indignados e pedimos o apoio dos moradores, do Governo do Estado para que a Márcia continue. Em time que está ganhando não se mexe, então pedimos ao Governo do Estado que olhe por nós".

Professora há 18 anos na escola Tancredo Neves, Niuzinete Silva afirma que com a chegada de Márcia foi realizado um trabalho interessante de resgate e valorização.  "Tivemos um momento difícil com salas fechadas, a perda do EJA (Educação Jovens e Adultos) e a diretora vestiu a camisa junto com a gente".

O trabalho da diretora entre os anos de 2014 a 2018 fez com que a unidade escolar evoluísse na questão pedagógica, pois em 2014 a escola alcançou o IDEB de 2021; na questão administrativa e no convívio com a comunidade. Antes de 2014, a escola praticamente iria fechar por falta de aluno, a comunidade era impedida de entrar na escola, entre outros entraves. De lá pra cá, a  escola triplicou o número de alunos, com participação da comunidade, não há mais furtos e nem violência na escola, bem como as comunidades que antes tinham conflito de gangues não há mais.

"Entendemos que a secretária deve aceitar a nossa indicação. No entanto, a mesma se nega a aceitar, dizendo que, neste momento, ela é quem deve indicar. Apesar de a comunidade já ter indicado, a Seduc se nega em aceitar, infringindo totalmente a lei orgânica do Estado LC 7049/98 , a LDB e desrespeita por completo essas quatro comunidades. Deste modo, estamos lutando para que prevaleça a Gestão Democrática, conforme dita a nossa Constituição Federal", afirma Márcia Jamil.

Márcia afirma ainda que, em Cuiabá, quatro escolas estão sem diretor, mas somente a Escola Tancredo Neves foi colocada na relação das escolas sem diretor para que fizessem inscrição. "As escolas estaduais Santos Dumont, Rafael Rueda e Nilo Póvoas ainda estão sem diretor, mas não constam na lista", alega.

"A Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc) informa que o processo para designação de diretor escolar nas unidades da rede estadual de Mato Grosso, onde não houve candidatos inscritos ou eleitos no processo eleitoral de 2018, foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), por meio da portaria 773/2018.

Na portaria está especificado, de forma detalhada, os vetos que impedem a inscrição do interessado.

Na EE Tancredo Neves, não houve candidatos para a vaga de diretor na fase de eleição e nem na fase de designação. Dessa forma, cabe a Seduc designar tal profissional para assumir o cargo.

No caso da ex-diretora Marcia, ela já foi por dois mandatos consecutivos diretora da escola e, conforme consta na legislação da Gestão Democrática, ela está impedida de assumir o cargo novamente. Inclusive, a ex-diretora Márcia está ciente disso, pois já se reuniu com a equipe da Seduc para discutir sobre o assunto.

A Seduc já se reuniu também com os representantes dos bairros Jardim Leblon e do Renascer para discutir sobre o assunto, pois entende que a comunidade escolar é um dos pilares da gestão democrática.

Um servidor efetivo será designado pela Seduc para assumir a função de direção, após análise dos documentos do candidato, conforme os critérios da legislação vigente.

A Seduc reitera que todo o processo para escolha e designação de diretores na rede estadual está de acordo com a Lei de Gestão Democrática".

Direto da Redação, Sandra Costa