O delegado Regional Contra o Crime Organizado, Carlos Henrique Cotta Dangelo, explicou, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22), que o ex-deputado federal, Valtenir Pereira (MDB), apenas foi indiciado e está previsto para depor na sede da Polícia Federal às 15h.
Nas primeiras horas desta quinta, foi deflagrada a 2ª fase da Operação Tapiraguaia pela Policia Federal, que investiga um esquema que desviou cerca de R$ 601 mil de recursos públicos federais e pagamento de propinas nas prefeituras de Confresa e Serra Nova Dourada.
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Carlos Henrique disse que, até o presente momento, as investigações indicam que Valtenir - quando ocupava o cargo de deputado - atuava para favorecer municípios.
“Este é realmente um papel legítimo de um parlamentar, atrair recursos para a sua região. Porém, ele [Valtenir] o fazia em conluio com prefeitos e empreiteiros para que esse dinheiro chegasse, mas, infelizmente, ele não era empregado nas obras como contratado”, destacou.
O delegado disse que foi identificado um desvio considerável desses recursos por meio de obras de construção de pontes de concreto na região, que é muito carente e necessita desse tipo de obra pública.
Carlos Henrique pontuou que havia contratos grandes realizados com o Ministério da Infraestrutura que chegavam lá [nos municípios] e verificaram que as pontes não foram construídas. Também foi identificado que grande parte dos recursos acabou aportando nas contas pessoais desses envolvidos.
Diante dessas informações, foi solicitada pela Justiça Federal em Barra do Garças a prisão de três pessoas envolvidas nesse esquema criminoso que começou a ser investigado e desvendado ainda na 1ª etapa desta operação Tapiraguaia, em janeiro deste ano.
O delegado informou que Valtenir já foi indiciado e que já tem material suficiente do seu envolvimento no esquema, embora as investigações apontam, até o presente momento, de que ele utilizava-se de seus assessores para fazer movimentação financeira.
“Esse ex-deputado já foi intimado, ele estava em Brasília regressando para Mato Grosso, se comprometeu a estar aqui conosco e dar a versão dele dos fatos, sendo um direito constitucional de se manifestar, de se defender e de confrontar provas que a Policia Federal junto com a Coordenadoria Geral da União e o Ministério Público já angariaram em seu desfavor”, relatou.
O delegado disse que o ex-prefeito de Confresa é um dos que se beneficiaram do esquema, inclusive, foi identificado que as contas pessoais dele eram pagas pelas empreiteiras que recebiam dinheiro do Governo Federal para construírem as pontes, mas elas o distribuíam, o que comumente chama-se de propina.
“Ele, além de receber na sua própria conta, dos seus familiares e em espécie, há provas nesse sentido que ele vai contradizer, obviamente, é um direito dele. Mas também havia contas comuns, cartões de crédito, contas de hotéis e até mesmo de energia elétrica que ele passava para que essas empreiteiras pagassem as suas contas pessoais. Isso é mais uma forma de corrupção que foi identificada. O mesmo ocorre com o prefeito da cidade vizinha”, apontou.
A prisão preventiva do ex-prefeito de Confresa, contou Carlos Henrique, se deu em razão do Poder Judiciário que identificou, desde a primeira fase da operação, que o ex-gestor iniciou uma tarefa muito intensa de desconstruir provas, testemunhos e interferir em testemunhos de pessoas.
