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19/07/2020 às 17:30

Mato-grossenses relatam a vida na Europa no ‘pós-pandemia' da covid-19

Países europeus começaram a liberar comércios e restaurantes para aproveitar a chegada do verão e o turismo

Camilla Zeni

Mato-grossenses relatam a vida na Europa no ‘pós-pandemia' da covid-19

A estudante Mariana Ramalho, a esquerda.

Foto: Arquivo pessoal

Depois de ser um dos primeiros locais em que a pandemia da covid-19 se alastrou, a Europa voltou a flexibilizar algumas medidas de prevenção contra o vírus no fim de junho. O movimento foi estimulado pela redução no número de casos, mas também teve forte justificativa econômica.

Com a chegada do verão no hemisfério Norte, os países começaram a estabelecer regras para a dispensa da quarentena. O objetivo é aproveitar o turismo que chega com o verão e, assim, recuperar parte do prejuízo econômico provocado pela covid-19.

De acordo com a estudante Mariana Ramalho, de 24 anos, a diferença para o início da quarentena para o fim dela foi grande. Por pouco mais de dois meses, a universitária se viu confinada no apartamento em que alugava na cidade de Zagreb, na Croácia, podendo deixar a casa apenas para ir ao mercado ou para situações emergenciais. Nas últimas semanas, porém, o cenário já era outro.

"Com a chegada do verão eles foram reabrindo aos poucos, pequenos shoppings e restaurantes, ainda mantendo distanciamento social. Ao final já estava quase todos os estabelecimentos comerciais abertos, mantendo fechados somente escolas e universidades", conta.

Com a retomada da movimentação e a dispersão das medidas de prevenção ao vírus, a estudante observa que o país viu surgir uma segunda onda da covid-19, ainda que tenha demorado para retomar com medidas restritivas. Segundo ela, as restrições têm demorado a serem implantadas porque a Europa tenta equilibrar a economia com o turismo neste momento.

Conforme a estudante, as fronteiras entre países e cidades estiveram fechadas no início da quarentena, mas, assim como aconteceu em outros países, o verão fez com que a medida fosse revista. Dessa forma, a própria Mariana, que foi para a Croácia para uma pequena mobilidade acadêmica, conseguiu turistar no país antes de voltar para Portugal, onde mora.


Máscaras voltam a ser dispensáveis

A estudante Iara Rampassi, de 22 anos, esteve por um ano na Itália, acompanhando de perto a chegada da pandemia e o movimento da retomada das atividades. Segundo ela, o país, que ganhou os noticiários internacionais pela onda gigantesca de mortes em decorrência da covid-19, já vive uma vida quase normal.

Com a chegada do verão, assim como Mariana, Iara já conseguiu viajar para outras regiões da Itália, e constatou que, em determinadas regiões, o uso da máscara facial, que no início da pandemia era o principal item dos moradores ao sair de casa, já tinha se tornado um acessório dispensável ao andar na rua.

“Tem algumas regiões em que o uso da máscara não está sendo mais obrigatório, tipo no norte da Itália que você usa máscara em lugares fechados, mas na maioria do país ela ainda é usada em locais fechados, como trens ou lojas. Nas ruas as pessoas já não estão usando mais”, lembra.

Conhecida também pela sua deliciosa gastronomia, a Itália também voltou a liberar o funcionamento de bares e restaurantes, mas estipulou novas regras de convivência. Conforme relata a estudante, para acessar a um restaurante é necessário ter feito reserva informando o exato número de pessoas que irão comer. 

“Em alguns lugares que antes eles traziam comida na mesa, agora não traz mais. O jeito que eles servem a comida está diferente e os garçons continuam com máscara. Em mercado tem álcool em gel e luva para você colocar na mão, no metrô tem lugares que você pode sentar e outros que não, mas no geral está quase que 100% normal”, relata.

Vida quase normal

Tanto na Alemanha quanto na Irlanda, a vida dos europeus já segue em ritmo quase normal, segundo relatam as jornalistas Paula Ruhling e Valquíria Castil. Nos dois países, locais públicos, como parques, museus e restaurantes já estão em funcionamento.

Na Alemanha, onde mora, Paula lembra que no auge da pandemia o país registrava mais de seis mil casos de covid-19 por dia. Logo um pronunciamento de Angela Merkel determinava o fechamento das atividades não essenciais, a exemplo de como se deu nos demais países da Europa. 

“Era para a gente ficar em casa mas a gente podia sair para fazer uma caminhada. Não tinha essa questão de delimitar até onde a gente podia ir. Podia ir em duas pessoas, desde que morassem na mesma casa. Famílias não podiam se encontrar”, lembra, apesar de afirmar que as medidas que foram impostas não chegaram a ser um lockdown.

Conforme a estudante, quando houve o evento internacional de protesto Black Lives Metter, em junho, após a morte do norte-americano George Floyd, o país chegou a ter um aumento no número de casos, uma vez que muitas pessoas se aglomeraram nas manifestações. No entanto, o evento também coincidiu com um surto de coronavírus em uma fábrica, que fez com que os números de infecção voltassem a crescer.

Já na Alemanha de julho, porém, a taxa de diagnóstico da doença caiu e a vida já segue em sua normalidade.

“A pandemia não acabou e eles têm ciência disso. Mas eles creem que a pandemia está normalizada e não é mais para tanto, já que não tem tantos casos assim, e que o sistema de saúde da Alemanha conseguiria comportar a quantidade de pessoas nos hospitais, porque por enquanto não tem nenhum hospital lotado”, relata Paula. Por lá as viagens também já estão liberadas.

Sequelas da covid

Na Irlanda, a situação não é muito diferente da Alemanha. Conforme Valquíria, desde o início da pandemia a situação era tranquila no país e a vida não teve muitas alterações. Seguindo outros países da zona, a Irlanda chegou a paralisar atividades não essenciais, mas no mês de junho reabriu as atividades semanalmente, de forma gradual. 

Conforme a estudante, o país ainda vive hoje sequelas da covid-19. São medidas de prevenção ao vírus que ainda permanecem nos lugares públicos e no modo de vida da população, para evitar que uma segunda onda de contaminação ressurja. 

Nos restaurantes e lojas de departamento, a entrada de pessoas é limitada e as filas permanecem com distanciamento social. As empresas também mantém à disposição os itens de desinfecção para cestas de compra. Máscaras faciais e luvas continuam obrigatórias nos trabalhadores. Fora do local de trabalho, o item é opcional para lugares abertos e algumas pessoas dispensam seu uso.

Brasil visto da Europa

Com mais de dois milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 78,7 mil mortos, a imagem do Brasil na Europa não é das melhores.

Segundo Paula, os noticiários europeus apontam um caos no país latino-americano, retratando-o como epicentro da doença e enfatiza a responsabilidade do governo Bolsonaro. Com isso, os mato-grossenses que deixaram sua terra acabam preocupados com os familiares, já que os anúncios são de falta de leitos de UTIs e descontrole em relação a doença.

“Existe uma grande preocupação em relação ao Brasil. E os brasileiros que estão aqui estão com medo de ir para o Brasil, e os brasileiros que moram aqui não estão conseguindo voltar, por conta dessa situação”, relata a estudante.

“Eu tenho uma grande preocupação com meus avós, porque se qualquer coisa acontece com eles e eles precisarem de um hospital e de uma maca, não tem o que fazer, porque não tem, independentemente do caso que eles venham a ter. Então a minha preocupação maior é em relação a eles. Eu sei que a minha família e meus amigos estão se cuidando, mas dá uma angústia”, finaliza.

 
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