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17/08/2020 às 12:44

CRP-MT manifesta indignação em relação à morte de jovem esquizofrênico

Jhonatan Lira Xavier tinha 27 anos e morreu no dia 9 de agosto após um “desafio” para ganhar R$ 1,00

Leiagora

CRP-MT manifesta indignação em relação à morte de jovem esquizofrênico

Jonatas Lira Xavier

A Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT) emitiu nota de repúdio e indignação pelo ocorrido com Jhonatan Lira Xavier, de 27 anos, que morreu na madrugada do dia 9 de agosto após um “desafio” para ganhar R$ 1,00. O rapaz, que costumava pedir dinheiro na rua e fazia uso de medicamentos controlados para tratar a esquizofrenia, acabou ingerindo três garrafas de corote instigado por um grupo de homens.

Segundo a comissão, o ocorrido ressalta questões importantes referente às políticas públicas voltadas às pessoas em sofrimento mental. Na trajetória da Luta Antimanicomial tem sido bastante discutidos o estigma e a exclusão social e cultural vividos pelas pessoas em sofrimento psíquico, mas o caso revela um outro lado bastante sombrio da moeda, lamentam as(os) psicólogas(os). Comportamentos absurdos e vexatórios não devem ser tratados com “normalidade”.

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Uma pessoa em situação de vulnerabilidade não é menos humana do que qualquer outra, frisa a comissão no documento, lembrando o caso do indígena Galdino Jesus dos Santos, que morreu após ter sido incendiado em uma “brincadeira” de rapazes de classe média de Brasília, em 1997.

A nota alerta ainda para a responsabilidade do poder público em assegurar a devida assistência e proteção às pessoas que se encontram em sofrimento emocional. O que tem sido visivelmente prejudicado com o gradativo desmonte da Rede de Atenção Psicossocial. Por fim, a Comissão exige das autoridades competentes a apuração do caso e a responsabilização dos envolvidos, além de expressar solidariedade e apoio à família de Jhonatan.

Leia a íntegra da nota:

 
NOTA DE POSICIONAMENTO

A Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT) vem, por meio desta, manifestar repúdio e indignação diante do ocorrido com Jhonatan Lira Xavier, de 27 anos, que morreu após um “desafio” para ganhar R$1: tomar três garrafas de corote! Ele venceu o desafio, mas este lhe custou a vida. Jhonatan, que costumava pedir dinheiro na rua, fazia uso de medicamentos controlados e era diagnosticado com esquizofrenia.

O ocorrido nos convoca a levantar questões importantes acerca das políticas públicas voltadas às pessoas em sofrimento mental. Na trajetória da Luta Antimanicomial, temos realizado uma série de debates sobre o estigma e exclusão social e cultural em que vivem as pessoas em sofrimento psíquico. Acontece que o caso revela um outro lado bastante sombrio da moeda. Quanto vale uma vida? Vale tudo na busca por divertimento?

Não é razoável, legal e humano expor alguém a nenhuma forma de humilhação, ainda mais por motivo torpe, fútil. Comportamentos absurdos e vexatórios não devem ser tratados com “normalidade”. Tem algo muito equivocado numa sociedade que pensa que alguém em situação de vulnerabilidade é menos humano. Não podemos normalizar esse tipo de comportamento. Tal caso nos lembra o ocorrido em 1997, do indígena Galdino Jesus dos Santos, que morreu após ter sido incendiado por conta de uma “brincadeira” de rapazes de classe média de Brasília. Não é brincadeira quando o alvo é o aniquilamento de uma vida. Certamente, ao fazer com que Jhonatan ingerisse as três garrafas de álcool, os agressores queriam “brincar” com uma vida considerada como sem valor.

Destacamos que, mesmo vivenciando este momento tão difícil de pandemia, num país que já ultrapassa os 100 mil mortos, o poder público ainda tem a responsabilidade de assegurar a devida assistência e proteção às pessoas que se encontram em sofrimento emocional. E o que vislumbramos é o gradativo desmonte da Rede de Atenção Psicossocial. A manutenção dessa negligência contribuirá para que outros, assim como Jhonatan, continuem sendo alvo de práticas de aniquilamento.

Nós, da Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso, exigimos do poder público e autoridades responsáveis a apuração do caso, e a responsabilização dos envolvidos, além de expressarmos a nossa solidariedade e apoio à família de Jhonatan.

Pessoas não são números, vidas importam, cada vida importa! Jhonatan presente!
Assessoria CRP 18-MT
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