O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (DEM), rebateu a fala do governador Mauro Mendes (DEM), de que o parlamento teria cometido uma "presepada" ao aprovar nova lei complementar que muda o piso da contribuição previdenciária por parte dos servidores inativos.
Para o deputado, não há espaço para o comentário de Mauro Mendes, uma vez que a Assembleia Legislativa procurou o governo diversas vezes para negociar sobre a matéria.
A discussão em questão se refere ao Projeto de Lei Complementar nº 36/2020, aprovado pelos deputados na segunda-feira (14). O texto, de autoria do deputado Lúdio Cabral (PT), define que, dos servidores inativos, apenas deverá contribuir com a previdência estadual aqueles que receberem benefício superior ao teto do INSS, calculado em R$ 6,1 mil. Atualmente, por outra lei complementar aprovada no início do ano, contribuem com 14% todos que recebem acima de R$ 3 mil.
"Eu acho que não foi uma presepada porque a Assembleia procurou, de todas as formas, negociar isso. A Assembleia procurou todos os caminhos para apreciar. Ficamos aguardando... Esse projeto está aqui há meses, tramitando faz um tempo. Eu mesmo fui atrás, tentamos procurar um meio termo e não conseguimos, então o projeto foi para frente", rebateu o parlamentar, após sessão na tarde dessa quarta-feira (16).
O termo usado por Mauro Mendes ao ser questionado se manteria ou vetaria o projeto ainda causou mal estar com outros deputados. Diversos se referiram à ele ao usar a tribuna durante a manhã, sendo que um dos mais exaltados foi o deputado Valdir Barranco (PT).
"Governador Mauro Mendes, eu não sou fanfarrão", afirmou em tom firme. Barranco colocou que cometer uma presepada e "fanfarronice" são as mesmas situações, segundo a Língua Portuguesa, e afirmou que Mauro não gosta do parlamento, seja a Assembleia Legislativa ou a Câmara de Cuiabá, por esperar submissão.
"Nós somos eleitos pelo povo e queremos respeito. Até quando vamos aceitar isso e abaixar a cabeça? O governador tripudia contra a Assembleia e ninguém fala nada. No mínimo era de se cobrar dele que se retratasse publicamente pelo desrespeito que ele fez com esses 24 deputados, mas parece que nada aconteceu, que ele não fez nada, não falou nada. Parece que ele é o chefe supremo", desabafou Barranco.
Apesar da tensão deixada com alguns deputados, Botelho negou que a fala do governador tenha gerado ressentimento entre os deputados e avaliou que faz parte do trabalho.