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Notícias / Geral

14/03/2021 às 20:03

Após lutar contra covid e meningite, jovem denuncia hospital São Benedito e pede ajuda para tratamento

Mãe de dois filhos e solteira, Juliane pediu doações financeiras para custear o hospital e fraldas de tamanho adulto

Camilla Zeni

Após lutar contra covid e meningite, jovem denuncia hospital São Benedito e pede ajuda para tratamento

Foto: Luiz Alves/Montagem

Juliane Fernanda Reis Leite, de 26 anos, pede ajuda para tratamento de sequelas deixadas pela covid-19 e por outra doença que a jovem contraiu ao mesmo tempo: a meningite. 

A mulher esteve internada no Hospital Municipal São Benedito, em Cuiabá, por cerca de um mês, onde tratou dos dois quadros clínicos. Ela recebeu alta da unidade municipal de saúde no dia 9 de março, mas as sequelas das doenças eram insuportáveis. Neste domingo (13), então, Juliane precisou voltar a um hospital.

A jovem conseguiu ser internada em uma unidade médica particular, com o suporte financeiro dos moradores do prédio onde a jovem atua como porteira. 
No entanto, seu quadro clínico ainda é avaliado. Segundo ela, foram diversas as infecções resultantes do período em que esteve internada. As dores, só desaparecem com auxílio de remédios. Fisicamente, ela se vê acabada. 

Dias de dor

Juliane viu a vida virar do avesso no último mês, depois que, no dia 8 de fevereiro, deu entrada no Hospital Municipal São Benedito com covid-19. E se a batalha contra o vírus pandêmico, por si só, já é difícil, imagine enfrentar outro combate ao mesmo tempo.

Foi o que aconteceu com a jovem, que trabalhava na portaria de um prédio residencial em Cuiabá. Enquanto estava internada com covid, Juliane se descobriu com meningite e vivenciou aquilo que classificou como o pior momento de sua vida. Aliás, a descoberta da segunda doença foi outra dolorosa luta pela qual a mulher passou no serviço público de saúde. 

O relato da jovem porteira à reportagem do Leiagora foi carregado de dor, angústia e revolta. "Eu estava doida de dor. Ninguém queria me atender", lembrou a mulher. 

Segundo Juliane, no Hospital Municipal São Benedito ela ficou totalmente isolada, em razão do quadro clínico da covid-19. Nem mesmo o celular para se comunicar com a mãe ou os dois filhos (com quem ainda não teve contato desde fevereiro) foi permitido. Nesse tempo, a jovem dependia exclusivamente dos serviços do hospital. Mas, segundo ela, com exceção de alguns poucos servidores, os quais ela faz questão de identificar, a jovem afirma que nunca tinha sido tão maltratada. 

"Com exceção das equipes de enfermagem do Cleber e da Gabriela, e do doutor Rodolfo, e o Matheus, supervisor do hospital, que me tratavam bem, sofri o pão que o diabo amassou", contou.

"Me deixaram lá isolada, sozinha, passando fome e sede, passando frio. Me deixaram toda cagada e urinada, e eu tô cheia de infecções por causa disso e machucada por causa da sonda. Tô com herpes por todo meu corpo, tô toda inflamada. Me dói muito. Eles vinham fazer a higiene tudo porcamente. Não me limpavam direito", relatou sobre seus dias no hospital municipal. 


Na visão de Juliane, o hospital demorou para descobrir a meningite. Segundo ela, um médico desconfiou dos sintomas, que envolveram dores na cabeça, nuca e nas costas. Então, iniciou-se um tratamento para a infecção, ainda que não houvesse comprovação da doença. 

"O tratamento da meningite durava 14 dias e eles fizeram o exame faltando 4 dias para terminar. Deram a desculpa que a máquina estava estragada, sendo que não é feito em máquina. É um líquor que eles tiram", lembrou. A dor, segundo ela, era insuportável. "Você não aguenta parar em pé. A dor na cabeça é muito forte, parece que vai explodir". No entanto, passado os quatro dias, Juliane recebeu alta. Estaria curada da covid-19 e, agora, da meningite. 


Antes e depois de Juliane

Infecções foram sequelas

Neste domingo (13), Juliane deu entrada em um hospital particular de Cuiabá, depois que os moradores do prédio onde ela trabalha se mobilizaram para conseguir ajuda financeira. O retorno a um hospital foi necessário porque, apesar da liberação na unidade de saúde pública, as dores permaneceram.

No hospital privado, a jovem já passou pela análise de um ginecologista. "O médico ficou horrorizado. Acho que nunca viu nada parecido", disse, revoltada, sobre a proporção que a herpes tomou. Segundo ela, a infecção também está na boca e em outras partes do corpo. Há, ainda, suspeita de que o vírus possa ter subido "para a cabeça".

"Ele [ginecologista] já falou que é provável que subiu para a cabeça e vão investigar. E vão fazer também um exame nas costas para colher o líquor, pra saber se eu tenho meningite ainda ou não. Vão colher agora", comentou à reportagem. 

Além da infecção, Juliane também teve queda muito volumosa de cabelo e queda de dentes. "A obturação já caiu tudo e minha boca está toda inchada. O cabelo, prefiro já usar peruca", disse. Ainda, tem enrijecimento nas articulações. Ela acredita que as quedas possam ser consequências dos remédios que recebeu no hospital São Benedito.

Revoltada

Enquanto explicava a situação, Juliane carregava revolta em suas palavras. "Me liberaram. Falaram que eu estava curada e me deixaram arregaçada lá, sem nenhum remédio. Me deram só 10 dias de atestado, como se resolvesse".

"Eles não ligam para você. Tratam você igual um lixo. Viram você pra lá e pra cá. Eu com dor, não tinha posição para ficar na cama. Dependia totalmente deles. Mas não é o corpo deles, por isso eles não ligam. Fiquei traumatizada", acrescentou.

Juliane também relatou que, sem acesso a seu telefone, a família apenas recebia informações por meio de médicos, que atestavam que a jovem estava bem, conversando e alegre. Nada era verdade, segundo ela. “Era tudo mentira. Eu sofrendo lá dentro, sem ninguém pra me ajudar. Eu dependendo deles totalmente. Foi um horror”.

No meio do processo, Juliane também perdeu o avô, Hugo Rodrigues da Silva, considerado um pai, por ter sido com quem foi criada. Ele também foi vítima da covid-19.

Pedido de ajuda

Para continuar o tratamento no hospital privado, Juliane precisa de ajuda para arcar com os custos médicos. "Estou no particular pela misericórdia de Deus e das pessoas que estão me ajudando, os moradores do Edifício Wish e a dona Cleuzete Bernardes. Não sei se vou conseguir manter o custo aqui. Dependo das pessoas me ajudarem, me assistirem mesmo", disse, agradecida, e, ao mesmo tempo, preocupada.

Ela pede ajuda financeira para pagamento do hospital e compra de remédios, além da doação de itens de higiene, como fraldas descartáveis. Para receber os valores, Juliane cadastrou uma conta de PIX, que é também seu número de celular. Para quem puder fazer a doação ou quiser entrar em contato com ela, o contato é o 65 98169-3846.

Outro lado 


O Leiagora procurou a Prefeitura de Cuiabá para uma manifestação sobre as denúncias trazidas por Juliane. Em nota, a administração municipal informou que "se há suspeita de meningite, o indicado é iniciar o tratamento imediatamente".

No caso específico, a paciente já deu entrada com suspeita de meningite e foi acompanhada pelas equipes dos setores de Infectologia, Neurologia e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, que indicaram o tratamento com base nos sintomas apresentados e quadro clínico geral. Em nenhum momento ela relatou queixa relativa à higiene feita pela equipe de enfermagem.

Ao receber alta, inclusive, a mesma agradeceu pelo atendimento recebido. A alta médica foi concedida mediante critérios técnicos e a paciente foi orientada a procurar serviço médico caso apresentasse outro sintoma e também para fazer o acompanhamento clinico.

A Empresa Cuiabana de Saúde Pública informa ainda que não mede esforços para oferecer o melhor atendimento possível aos pacientes e lamenta que a paciente não tenha saído com a satisfação desejada. A ECSP se coloca a disposição, através do telefone 3313-0701, para acolher a reclamação de maneira formal.
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1 comentário

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  • PAMELA ORTOLAN 14/03/2021 às 00:00

    Esse desrespeito não acontece so nesse hospital, também tem as upas e posto de saúde. Eu já cheguei até falar uma vez para a recepcionista do postonho do cpa 3 se ela estava ai obriga pois a falta de educação e a má vontade e muita . Mas se chega um conhecido da pessoa (recepcionista) o tratamento e outro ate passar a outra pessoa na frente . E um grande absurdo e uma tristeza .

 
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