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02/02/2022 às 13:12

Artistas de MT se despedem da poeta Marilza Ribeiro

Escritora e psicóloga faleceu em decorrência da covid-19 nessa terça-feira; colegas publicam relatos emocionados

Priscila Mendes

Artistas de MT se despedem da poeta Marilza Ribeiro

Foto: Carlini & Caniato Editorial

A pedagoga, psicóloga, produtora cultural, escritora e poeta cuiabana Marilza Ribeiro partiu na noite dessa terça-feira (1º), dias antes de completar 88 anos, e a quarta-feira amanheceu de saudades. Artistas mato-grossenses não economizaram nas memórias e nas mensagens de reconhecimento da importância da colega e amiga, que marcou a literatura regional.

O cineasta Luiz Marchetti foi incisivo e conciso nos adjetivos, ao se referir à poeta. “Importantíssima, muito afiada e inteligente! Genial!”, comentou em um grupo de whatsapp. A diretora do Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, Daniella Paula Oliveira, ‘poetizou’: “Que seus versos a soprem à poesia do descanso”.

Quem registrou que a poesia mato-grossense está em luto é a escritora Janete Manacá, que publicou um poema em homenagem à Marilza Ribeiro no próprio facebook, na mesma noite da despedida. Em ‘Estelar’, registrou que ‘seu reino não era daqui / estava apenas de passagem / agora, livre, sobrevoa o infinito”.



Em um dos grupos de Whatsapp do Entretê!, aberto a interações, quem começou com as homenagens foi o “espalhador de livros” e Papai Noel Pantaneiro Clóvis Matos: “Agora, [Marilza] vai se juntar à Dunga Rodrigues, Mestre China, entre outras figuras memoráveis de nossa terra e tacar o 'terror', no bom sentido, claro, por onde passarem”.

Marilza Ribeiro Cardoso estava internada em um hospital em São Paulo, em decorrência da covid-19, e não resistiu. Nasceu em Cuiabá, em 27 de março de 1934, e desde cedo se dedicou à literatura.

Thaísa Soares, atriz e psicóloga, registrou as facetas da poeta. “Marilza é uma referência importantíssima na arte e na saúde mental. Siga em paz!”.

O relato mais emocionado em resposta à publicação de Clóvis Matos no grupo de conversa foi da jornalista e artista visual Vitória Basaia. Ela contou como conheceu a poeta logo que chegou a Cuiabá, uma personagem local ovacionada pelos amantes da Cultura. “Linda, despojada, uma postura ousada, cabelos tintos de loiro num tom meio platinado, sorriso largo”.

Trabalhando em um jornal, procurou uma mulher forte para uma pauta e “um mesmo nome foi indicado diversas vezes. Ela era psicóloga, separada, feminista, poeta, lá fui eu em busca de Mariulsa”, como Vitória chamava a homenageada carinhosamente. “Por conta de sua fala segura e inteligente, [Marilza] passeava de um assunto pro outro com rapidez e discernimento. Era direta e, às vezes, até ácida ao expor suas opiniões A partir daquele dia, estávamos sempre nos vendo. Os anos se passaram e o carinho e respeito mútuo foram crescendo".

Basaia também comenta sobre as “bruxinhas da Cultura”, grupo autodeclarado do qual participavam, além das duas amigas, a cantora Vera Capilé e a atriz Lucia Palma. “Nosso caldeirão era fervente de ideias, foco e união. A magia era fazer acontecer. Não tínhamos recursos, só união e amor pelo que fazíamos”, comenta Vera, sobre as “Bruxas de Salem”, chamadas de Bruxas do Salão por Sinjão Capilé, segundo registro de Lucia. “Eram momentos maravilhosos. Inesquecíveis”, registra a atriz.

O corpo de Marilza será cremado na em Cabo Frio (RJ), segundo a Prefeitura de Cuiabá, e a urna será encaminhada a Cuiabá para homenagens de familiares e amigos.

Prefeitura de Cuiabá se solidariza

O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, também lamentou a morte da poeta. “Neste momento, externar minhas condolências aos familiares da grande poeta cuiabana, Marilza Ribeiro. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, traduziu nossas histórias e a cuiabania em poesia. Que Deus conforte e ampare os corações de todos”.

Leia, na íntegra, um poema de Marilza Ribeiro

As palavras errantes das mulheres poetas
Nossas palavras andam... andam...
podem ir a lugares sagrados
ou a lugares profanos...
Podem visitar terrenos férteis
onde arrancam as raízes suculentas da memória e se fartam delas...
Podem ir às suas instâncias sombrias
para conversar com os fantasmas e demônios do tempo...
podem repousar em olhares ou lábios ardentes dos desejos...
Podem ir a lugar nenhum...
podem ficar numa rede armada à sombra de uma árvore para poder sonhar
e confabular com a brisa que lhe traz
segredos de lugares longínquos do mundo...
Até que então, ao caminharem por aí errantes,
alguém as descubra como a poética-seiva dos mistérios
e se alimenta delas...
As palavras errantes das mulheres-poetas andam com o vento...
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