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Notícias / Cinema

08/08/2023 às 14:32

PRODUÇÃO LOCAL

Filme produzido por cineasta cuiabana começa a ser gravado em MT

O curta será rodado em Cuiabá, Várzea Grande e Chapada dos Guimarães é apresentado como uma história sobre ancestralidade

Entretê

Filme produzido por cineasta cuiabana começa a ser gravado em MT

Foto: Arquivo Pessoal/ Juliana Segóvia

As filmagens do filme “Mansos”, curta-metragem de ficção da cineasta Juliana Segóvia, tiveram início nessa segunda-feira (7). A produção retrata a história de uma mãe e suas duas filhas, mulheres negras moradoras da região de Água Fria, em Chapada dos Guimarães, que veem a sua vida ser completamente transformada com a construção de uma usina hidrelétrica.

O roteiro, assinado por Segóvia, é inspirado em uma vasta coleção de referências pessoais e profissionais. Conta a história de Teresa, uma agricultora familiar e líder comunitária, que é assassinada na frente das duas filhas quando elas ainda eram crianças. Vinte anos depois, Benedita e Jurema, já adultas, se veem diante daquele que é o responsável pela tragédia que destruiu a sua família.

“A história traça uma perspectiva de uma vingança simbólica. A personagem principal, Benedita, segue esse percurso. E também teve inspiração das mulheres fortes que perpassam a minha vida, minha mãe, minhas tias, que são mulheres que enfrentaram barreiras na vida”, conta Juliana.

O nome “Mansos” é, claro, uma referência ao local onde a história se passa, mas também uma provocação ao espectador mais atento. “A gente não tem nada de manso quando tem a possibilidade de refletir sobre uma sociedade através de um viés político-crítico”, diz.

Conforme a diretora, o curta aborda a questão da memória e do apagamento da história da população negra. O nome da matriarca, Teresa, é inspirado na rainha quilombola Teresa de Benguela, símbolo da resistência e inspiração para novas gerações de mulheres negras. Benedita é uma homenagem à atriz Benedita Silveira, com quem Juliana trabalhou em outro projeto, o filme “A Velhice Ilumina o Vento”, de 2022, produzido com apoio do edital do Itaú Rumos Cultural 2019/2020. Por sua vez, Jurema fala das mulheres caboclas e indígenas do Brasil, além de ser uma referência às religiões de matriz africana.

“Foi uma colagem que eu fiz de referências para pensar uma história que eu queria trazer à tona, que também é interna minha, que é uma necessidade de uma resposta daquilo que me movimenta e me deixa revoltada, indignada em questão de sociedade”, revela.

O projeto

O projeto começou a ser gestado em 2019. À época, Juliana também era facilitadora do Núcleo de Cinema do Sesc Poconé e, por essa razão, ia quinzenalmente para a cidade. “E na estrada tem muita mineração, entre mineradoras que são conhecidas e muitas minerações ilegais. Isso me impactou para pensar essa história, como é a mineração envolvida diretamente com as populações que ali habitam, se as pessoas não estão sendo retiradas por conta disso”, recorda.

Com a ideia desenvolvida, o roteiro foi aceiro pelo laboratório “Negras Narrativas”, uma parceria da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) com o Amazon Prime Video. Além disso, posteriormente, o curta foi contemplado também pelo edital de audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).

O projeto é realizado pelo Instituto Quariterê, que leva o mesmo nome do quilombo liderado por Teresa de Benguela. O foco do instituto é pensar e incluir os profissionais do audiovisual a partir de uma perspectiva racial e de gênero.

“Então a gente traz isso à tona enquanto bastidor, do protagonismo de pessoas negras, de mulheres negras, e outros grupos sociais excluídos nas variadas funções. A gente tenta fazer um outro tipo de elaboração, de execução, que é pensando nas tratativas do respeito, de não ter assédio em set de filmagem, numa vivência de colaboração e coletividade, comunidade, que a gente vê atravessado nas populações negras brasileiras, que vem dessa origem africana”, explica.

Com locações em Cuiabá, Várzea Grande e na região de Água Fria, em Chapada dos Guimarães, a previsão é que o lançamento ocorra em fevereiro de 2024.

Da assessoria
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