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Notícias / Polícia

24/09/2021 às 19:37

Conheça a saga da enfermeira de Cuiabá que teve a filha de 8 anos sequestrada pelo pai

Há mais de dois meses menina foi levada para Bauru-SP; avó foi presa nessa quinta por esconder criança

Leiagora

Conheça a saga da enfermeira de Cuiabá que teve a filha de 8 anos sequestrada pelo pai

Foto: Ilustração

Desde 18 de julho, a enfermeira M.P.A, residente de Cuiabá, vive um verdadeiro drama. Sua filha, de 8 anos, foi passar o recesso escolar com o pai, um advogado que mora na cidade de Bauru-SP e, desde então, o genitor se recusa a devolvê-la.

Naquele mês, ele veio até a capital passar cinco dias com a menina e, no dia 18, deveria entregar a filha. Porém, a mãe descobriu que ele havia levado a criança para Bauru, como já fez outras vezes, sem avisá-la. “Ele peticionou na Justiça para ficar com ela até o Dia dos Pais (14 de agosto) e eu estou até hoje sem ter notícia da minha filha”, relata.

M. viajou a Bauru em agosto, para acompanhar o cumprimento de busca e apreensão da filha, mas a criança não foi localizada. Além disso, descobriu que a menina estava com a bisavó paterna em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Esta semana, ela está na cidade paulista em busca da criança, e nessa quinta-feira (23), a avó paterna foi presa em uma rodovia, no município de Ourinhos-SP, após a Polícia Civil buscar pela placa dos veículos nas estradas de São Paulo.

“Eles montaram uma barreira na estrada. Na volta pegou a avó e a bisa e a *** não estava com elas. Só que a *** estava com elas em Ourinhos, porque eles viram uma filmagem de um hotel. Na hora que ela foi presa, avó chutou, rasgou a roupa do policial, e foi algemada para a delegacia. E o policial perguntou da minha filha e ela respondeu que não ia falar, que pode ir 10 mandados que ela não fala”.

Segundo a enfermeira, a avó da menina foi indiciada por subtração de incapaz, desacato e resistência, e o pai, que depois apareceu na delegacia, por descumprimento de mandado judicial.

“Ele [o pai] falou para os policiais que mesmo sabendo disso tudo, que ele corre o risco de ter a OAB cassada, ele falou que não vai entregar e não vai falar aonde ela está. Eu não sei mais o que faço. O meu filho me liga todo dia perguntando: ‘mamãe, achou a ***? Quando você vem? Estou com saudade’”.
 
Histórico de sumiços

M. conta que teve um relacionamento de aproximadamente nove meses com o pai da menina, que acabou quando ela estava com dois meses de gestação. “Ele sempre foi uma pessoa abusiva, bebia demais, sempre dava ‘barraco’. E depois que a gente terminou, ele nunca me procurou para saber como estava a gravidez, se eu estava precisando de algo. Ele nunca me ajudou com nada. Nunca foi ver um ultrassom da minha filha”.

Um dia antes do parto, ele ligou para M. comunicando-a que iria assistir ao nascimento. “Eu falei que não e ele começou a fazer pressão psicológica, me ameaçando, dizendo que ele era o pai, que ia meter o pé na porta do centro cirúrgico e iria entrar de qualquer jeito”.

Ela relata que por medo da família do advogado, e dele próprio, acabou cedendo à pressão e autorizou que ele acompanhasse o parto.

Após o nascimento, M. lembra que a relação só piorou, chegando ao ponto de pedirem que ela retirasse leite do seio para enviar à família do pai da menina, para que ficassem com a bebê sem sua presença. “Com um mês de vida entraram com um processo pedindo para pegar ela, dizendo que eu não deixava. Mas não é certo isso, eu ter que tirar leite do peito para entregar minha filha, sendo que eu me ofereci para ficar num canto quietinha e só amamentá-la quando necessário”.

Já aos dois anos, M. conta que o ex-companheiro ‘sumiu’ com sua filha, após supostamente ela ter contado que foi agredida pelo padrasto. Na ocasião, ele ficou 12 dias com a menina em São Paulo. Após muitos desentendimentos, eles optaram por formalizar a guarda compartilhada. E durante três anos, o ex-casal conseguiu conviver com certa harmonia.

Até que em julho do ano passado, M. enviou a filha para ficar alguns dias com o pai, em São Paulo, mas ele só teria devolvido a menina no mês de outubro. A mãe conta que isso só foi possível após ela entrar na Justiça, o que fez com que o pai se adiantasse e entregasse a filha.

O argumento do pai para permanecer com a criança, segundo M., era que a pequena estava com atraso na aprendizagem, suspeita de dislexia e, por isso, estava fazendo acompanhamento médico.

Apesar disso, a enfermeira acreditou na palavra do pai de sua filha quando ele pediu para ficar metade das férias de janeiro com ele, em São Paulo. Porém, na data combinada para a criança voltar a Cuiabá, mais uma vez o pai teria retido a menina sob argumento de tratamento médico, além de tê-la desmatriculado da escola em Cuiabá e a inserido em outra em São Paulo.

M. chegou a viajar para Bauru-SP, onde ficou por aproximadamente duas semanas em busca da menina. “Nesses 15 dias deve ter saído umas quatro busca e apreensão e eu não conseguia achar ela, ele a escondia. Como ele é advogado, ele sabia e a escondia. Aí eu precisei voltar para Cuiabá, troquei de advogado e consegui outra busca e apreensão”.

Em abril, a enfermeira conseguiu a filha de volta.

Contudo, mesmo com todo o ocorrido, ela alega que o juiz não suspendeu o direito de visita do pai. Ao invés disso, determinou que fosse feito um estudo psicossocial. Com isso, em julho deste ano, o pai veio a Cuiabá para ficar cinco dias com a criança e M. se viu obrigada a entregar a filha mais uma vez.

A reportagem entrou em contato com o advogado, que contratou uma assessoria de imprensa para representá-lo no caso. Contudo, a reportagem não obteve retorno da assessoria. O espaço segue aberto para manifestações.
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