Com insanidade mental atestada por laudo pericial, o sobrinho que matou e arrancou o coração da tia dele, em julho de 2019 em Sorriso, se livrou de ser julgado por um Tribunal do Juri. Lumar Costa da Silva, de 32 anos, matou, a facadas, a tia Maria Zélia da Silva, de 55 anos, dentro da própria casa, no Bairro Vila Bela.
Em decisão proferida no início deste mês, o juiz Anderson Candiotto homolou o segundo laudo pericial que atesta a condição de Lumar, pois ficou convencido da inimputabilidade do acusado quando praticou o crime.
O segundo laudo atestou que Lumar possui transtorno afetivo bipolar tipo I, e não podia, ao tempo da ação, entender o caráter ilícito do que fez.
Como consequência da decisão do juiz, Lumar receberá uma medida de segurança, mas o processo penal em si será extinto sem condenação.
O caso
Em 2019, Lumar se mudou para Mato Grosso alguns dias depois de tentar matar a mãe em Campinas, São Paulo. O delegado, à época, André Ribeiro, classificou rapaz como “repugnante, monstro e perturbado”.
A família dizia que ele é considerado uma pessoa inteligente e fala duas línguas. Ele é usuário de drogas e começou a usar droga na casa dela. Religiosa, a vítima se sentia incomodada com as atitudes do sobrinho. A família arranjou uma quitinete para ele e o rapaz se mudou da casa.
Em depoimento na Polícia Civil, ao sair da delegacia, afirmou à imprensa que ouviu 'vozes' do universo que o orientaram a cometer o crime. Ele confessou o crime e disse não estar arrependido.
As vozes diziam a Lumar que a tia “era uma bruxa que estava vendendo sua alma”. Lumar havia usado maconha horas antes do crime brutal.
Depois de esfaquear a tia, ele disse que pensou em chamar a polícia ou a ambulância, mas que a ‘voz’ o mandou “terminar com tudo isso e arrancasse o coração dela”.
Lumar afirmou ao médico que estava sendo controlado e que ‘assistia’ a outra pessoa que movimentava o corpo dele.
O sobrinho cortou o corpo da tia e retirou o coração dela. Depois de colocar em uma sacola, levou o órgão até a casa da prima, filha de Maria Zélia.
Lumar explicou ao médico que as ‘vozes do universo’ sumiram depois de três meses preso e que faz uso contínuo de medicamentos.
Dias depois de ser preso, ele foi transferido para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira (conhecida como Ferrugem), em Sinop. Durante a transferência, Lumar foi flagrado por um agente tentando enforcar outro preso dentro do camburão onde eles eram transportados.