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13/02/2022 às 17:05

Uso de álcool para cozinhar tem levado pessoas à internação no Centro de Queimados

Cirurgião plástico associa que as altas nos preços do gás fizeram com que as pessoas cozinhassem mais na lenha

Débora Siqueira

Uso de álcool para cozinhar tem levado pessoas à internação no Centro de Queimados

Foto: Luiz Alves/Secom Cuiabá

A falta de dinheiro para comprar gás de cozinha e o uso de álcool líquido para acender fogo tem levado pacientes a ser internados no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).

Com mais de 15 anos de atuação no CTQ, o cirurgião plástico Carlos Maranhão diz que a pandemia aumentou os acidentes com álcool. Ele associa que as altas nos preços do gás fizeram com que as pessoas cozinhassem mais na lenha e, por isso, houve aumento no número de internados. Além disso, o hábito arraigado do uso da versão líquida do produto ao invés do gol potencializa os riscos.

“O álcool líquido é muito mais inflamável que o em gel. A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) tentou proibir o uso do álcool liquido para uso residencial, mas o lobby das empresas reverteu isso”.

Com capacidade de atender 20 internados, até a semana passada havia cerca de 12 pacientes no local. A maioria é adulta e com queimaduras causadas por álcool e a segunda causa são as queimaduras por choque elétrico.

“Esta é uma das formas mais graves, são causadas por alta tensão e as queimaduras são mais profundas, mutilantes, isso quando deixa a pessoa viva”.

No ano passado, 193 pessoas foram internadas no CTQ. Dentre esses pacientes, foram realizadas 158 cirurgias plásticas, além de 80 cirurgias reparadoras em pessoas que sofreram outros tipos de acidentes, na unidade, que é referência no Estado.

O médico explica que o tempo de demora é maior do que os pacientes internados por outros motivos no HMC. O tempo também depende da extensão e da profundidade da queimadura.

As de primeiro grau são mais leves, causadas geralmente pelo sol e não deixam seqüelas. Os de segundo grau dependem se são superficiais ou profundas. Neste caso, são utilizados enxerto de pele.

As queimaduras de terceiro grau são profundas e atinge até mesmo o tecido muscular e além das cicatrizes estéticas pode ter cicatrizes funcionais, impedindo o movimento dos membros.

“Pouco se fala nas queimaduras de quarto grau, que são as que atingem até o tecido ósseo, os tendões. Essas geralmente são causadas pelas queimaduras elétricas”, explicou o cirurgião plástico.

A dor na troca de curativos

No antigo Pronto-Socorro de Cuiabá, era possível saber o momento da troca de curativos no antigo CTQ: os gritos dos pacientes ecoavam. O cirurgião plástico reconhece que este o momento mais doloroso.

“Quando a queimadura é muito extensa, os pacientes são sedados com morfina para aliviar a dor. Algumas trocas de curativos são feitos no centro cirúrgico com anestesia geral, senão a pessoa não suportaria a dor”.

Para evitar chegar ao CTQ, o médico ensina que a prevenção é o melhor caminho especialmente com o álcool que tem sido a maior causa de internação na unidade. Se for acender uma churrasqueira, um fogão a lenha improvisado, é melhor optar pelo álcool em gel por ser menos volátil e os riscos de explosão e queimaduras são menores.

Com o advento da pandemia, o uso do álcool em gel 70% aumentou como forma de prevenção ao coronavírus, mas não é prudente usar o produto em casa, pelos riscos de queimaduras.

Em casa, a higienização deve ser feita com água e sabão. O frasco de álcool, assim como qualquer outro produto inflamável, deve ficar fora do alcance de crianças.

A presença de crianças na cozinha durante o preparo de alimentos é arriscado aos menores. “Criança perto de fogão está sujeita a acidentes, como derramamento de líquido ou produtos aquecidos, provocando queimaduras muitas vezes graves”, alerta o médico.
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