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18/05/2022 às 09:30

Luta Antimanicomial: ‘ainda há preconceito na sociedade e as pessoas são rotuladas como doidos’

Quem trabalha com saúde mental diz que é preciso ampliar unidades especializadas no interior e capacitar profissionais

Denise Soares

Luta Antimanicomial: ‘ainda há preconceito na sociedade e as pessoas são rotuladas como doidos’

Hospital Adauto Botelho

Foto: Secom-MT

Em 18 de maio é comemorado, em todo o país, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Em Mato Grosso, profissionais que trabalham na área comemoram os avanços, mas lamentam o preconceito que ainda persiste com quem está passando por algum tipo de sofrimento mental.

A data é organizada por diversos movimentos sociais, grupos, coletivos e entidades e marca as mobilizações em torno do fechamento de manicômios e a formalização de novas legislações.

Com o fechamento, houve a implantação da rede de saúde mental e atenção psicossocial e da adoção de novas práticas em um importante movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira, uma referência internacional.

Desde 2020, o governo federal busca revogar cerca de 100 portarias sobre saúde mental, editadas entre os anos de 1991 e 2014. Medidas que incentivaram a construção de um modelo humanizado em saúde mental, modificando o foco da hospitalização como única possibilidade de tratamento.
 
O sistema de saúde mental do país era conhecido pelo número de hospitais psiquiátricos, marcados por baixa qualidade de cuidados e com episódios de violações dos direitos humanos.
 
Em Cuiabá, o hospital mais conhecido é o Centro Integrado de Assistência Psicossocial (CIAPS) Adauto Botelho, criado no final da década de 50, localizado no bairro Coophema.
 
Mesmo já dentro da reforma psiquiátrica, o hospital ainda carrega cicatrizes deixadas pelas histórias antes mesmo da criação da instituição.
 
Entre os fantasmas estão a superlotação, eletrochoque, transmissão de doenças e outras formas severas de ‘tratamentos.’
 
Como funciona hoje
 
O encaminhamento para acolhimento do paciente é feito diretamente por unidades de saúde como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Unidade Básica de Saúde (UBS) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

A maior demanda de pacientes é de Cuiabá e Várzea Grande.
 
“O Adauto não é mais um hospital de porta-aberta. Ele é um hospital especializado e referenciado com 120 leitos e 70 pacientes internados. Eles ficam internados em um tempo que depende da patologia e do que o paciente está passando”, disse o diretor-geral do Ciaps Adauto Botelho, Paulo Henrique Almeida, em entrevista ao Leiagora.
 
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No acompanhamento, as pessoas passam por médicos psiquiatras, nutricionista, fisioterapeutas, clínico geral e enfermeiros.
 
Há ainda outras unidades especializadas em tratamento de droga e dependência de álcool, além de atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes.


 
Muitas vezes a família está tão adoecida quanto a pessoa que está em sofrimento mental. E ainda há preconceito na sociedade. As pessoas são rotuladas como doidos”, declarou o diretor.
 
Para quem lida com a saúde mental, ainda falta fortalecimento na chamada ‘rede’: é preciso ampliar as unidades especializadas (Caps) no interior e também capacitar os profissionais.
 
“Em alguns casos, as pessoas são rotuladas para o resto da vida como o doido, o esquisito, esquizofrênico. Mas não, as pessoas podem ser produtivas, voltar à vida, a trabalhar e ser inserida na sociedade. É um trabalho de conscientização”, completou o diretor.

O que foi a reforma psiquiátrica e a Luta Antimanicomial?
A luta iniciou ainda na década de 1970 e foi inspirada na reforma psiquiátrica na Europa. O psiquiatra italiano Franco Basaglia veio para o Brasil e estimulou as mudanças para garantir a desinstitucionalização, que acaba sendo impulsionada pela Constituição de 1988 e pela criação do SUS (Sistema Único de Saúde), mas é com a aprovação da Lei nº 10.216, conhecida como “Lei da Reforma Psiquiátrica”, promulgada em 6 de abril de 2001, que se estabeleceu novas diretrizes para políticas de saúde mental. É a partir de então que inicia-se a substituição progressiva dos manicômios no país por uma rede complexa de serviços que compreendem o cuidado em liberdade como elemento fundamentalmente terapêutico.

Pela definição do wikipédia o Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial é um movimento social que luta pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e advoga pelo fim da lógica manicomial nos cuidados em saúde. Em resumo, é uma batalha para garantir a liberade do indivíduo com sofrimento psíquico, para que ela possa ser incluída na sociedade e possa manter inserido no convívio familiar.
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