Com o crescimento de pesquisas sobre os métodos de educação, na mesma proporção que a tecnologia ganha mais espaço no mundo – pais também se preocupam com os impactos no desenvolvimento do raciocínio. Desde bebês a crianças que a cada dia mais estão expostas aos dispositivos eletrônicos em excesso e sem a monitoração adequada, os danos podem ser irreversíveis. A aposta, na contramão da rapidez das máquinas, é em uma educação mais atenciosa, “à moda antiga” e com doses de afeto.
A preocupação é global e, inclusive, alcançou Steve Jobs, fundador da Apple, Mark Zuckerberg, do Facebook, Bill Gates, da Microsoft e outros – populares pelo mundo, como “pais do Vale do Silício”. Todos os empresários mencionados, do ramo da tecnologia, restringem o acesso e tempo de uso das plataformas aos seus filhos – o que deixa um sinal árduo a essa reflexão.
É o que afirmam os sócios do Berçário e Educação Infantil Tia Coruja, que completou uma década este ano - o psicólogo Giancarlo Piazzeta, o diretor, e a pedagoga Eliane Maia, a coordenadora da instituição. Para Giancarlo, um dos maiores diferenciais do trabalho que oferecem é o acolhimento, além de estimular cada criança à sua própria maneira. “Desde o germinar do local, a intenção sempre foi proporcionar toda atenção aos alunos, acompanhar cada desenvolvimento e, de forma muito particular, valorizar cada característica da criança. Isso faz toda diferença para a formação do indivíduo nas próximas fases da vida”, comenta o psicólogo.
Com sede em Cuiabá, a escola que atende do berçário a educação infantil, tem aparência domiciliar e cautela na hora de receber os alunos. Além disso, outro fator que chama atenção é que - nos últimos anos, o principal público tem sido pais mais jovens.
Eliane é pedagoga há quase trinta anos e confessa que prezar por este acompanhamento das atividades faz com que tudo que sempre acreditou no decorrer da carreira – se consolide. “Presenciei o crescimento de diferentes gerações e, quando comecei nesta área, a tecnologia era um mundo distante dos estudantes. Hoje percebo que apesar de oferecer vários benefícios, na infância, a tecnologia precisa ser bem direcionada. Em relação aos pais jovens, sinto que há uma preocupação maior neste aspecto, justamente por já compreenderem alguns impactos de um mundo acelerado”, acrescenta a pedagoga.
É um fato que este assunto é extenso e aponta variantes positivas e negativas – ainda que os “nascidos digitais” demonstrem habilidades avançadas para atividades virtuais. Porém, os especialistas alertam que é necessário conhecer os limites que, na mesma proporção que não deixem estas crianças deslocadas no mundo em que vivem – elas sejam autossuficientes, sem maiores impactos no raciocínio.
A empresária Thais Setúbal é mãe do pequeno José Bento. O menino tem 5 anos e está matriculado na escola desde o primeiro ano de vida. Thais lembra que quando ele entrou na escolinha, apenas engatinhava, e começou a andar logo na primeira semana.
“Meu filho é uma criança tímida e lá fez muitos amiguinhos, mas do jeitinho dele. Eles conseguiram perceber suas peculiaridades e o trataram de forma bem individual. José amadureceu muito e, hoje, se socializa melhor. Foi justamente por ser uma escola menor, com esse olhar atento das professoras, e com brincadeiras antigas, foi o que me fez matricular na Tia Coruja, e além dele, minha filha mais nova, ainda com cinco meses e meio de vida foi para lá”, descreve.
A mãe ainda relata que a cada seis meses recebe um relatório da escola e diz que é como se ela mesmo tivesse descrito cada observação. “Gosto disso, de criança com o pé no chão, parquinho de areia, parque aquático, brinquedos que lembram minha infância – como amarelinha, pular corda e carrinho de rolimã. Devo muito à escola, ela tem uma participação muito grande na vida dos meus filhos”, pontua.
Giancarlo reitera que não há como indivíduos crescerem sem contato com as multimídias, porém, o ambiente escolar é um dos locais onde ainda é possível impulsionar a socialização e aprendizado de forma consciente. “Ainda que tenham diversas interferências cotidianas para corresponder os estímulos físicos e mentais – ter atenção bem direcionada à fase em que se vive e supri-la dentro deste contexto, garante sim uma infância saudável e com melhor desempenho”, considera.
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