O pré-candidato ao Senado do PP, deputado federal Neri Geller, admitiu que ficou decepcionado com a decisão do governador Mauro Mendes (União) em preteri-lo em favor de uma aliança com o pré-candidato à reeleição Wellington Fagundes (PL). Para o progressista, Mauro foi extremamente injusto e agora está aliado com quem sempre “torceu contra”.
“Eu sempre fiz política com muito trabalho, muita perseverança e muito com muita palavra, né?! Então, dizer que não me decepcionou, claro que me decepcionou. [...] Falei isso inclusive para o governador, que ele foi extremamente injusto comigo. Mas política é isso, democracia é isso, bola pra frente. Agora vamos pro debate político, vamos ver quem que vai ganhar”, disse Neri Geller.
Apesar de não terem concorrido na mesma coligação nas eleições de 2018, o grupo de Neri se juntou ao grupo de Carlos Fávaro (PSD), à época candidato na chapa de Mauro, para pedir voto em favor do “goianinho” - apelido dado, na informalidade, pelo progressista ao governador.
Desde 2019, Neri caminhou ao lado da gestão estadual e chegou a se indispor com alguns pares na bancada federal de Mato Grosso para garantir os interesses de Mauro Mendes em relação às emendas parlamentares. Já Wellington, apesar de nunca fazer uma oposição sistemática ao governador, também nunca caminhou junto.
“Ninguém mais do que vocês da imprensa acompanharam o nosso trabalho, o quanto que nós trabalhamos pra ajudar o Estado, o quanto fiel nós fomos em ajudar o governador. Não tinha hora que ele me ligasse, não tinha projeto que ele determinasse que não ia atrás, que não resolvia, quanta coisa nós fizemos. E aí você vê pessoas que torceram contra durante três anos e tão lá agora querendo ser os bambambãs. Então, deixou decepcionado? Claro que deixou”, completou.
Fator Bolsonaro
A aproximação de Mauro Mendes com Wellington Fagundes começou após o presidente Jair Bolsonaro se filiar ao Partido Liberal, que regionalmente é comandado por Wellington Fagundes há duas décadas (tendo um período no qual ele dividiu o comando da sigla com Blairo Maggi (PP), entre 2006 e 2016).
Fagundes já era anunciadamente pré-candidato à reeleição desde 2020. Àquela época, Mauro não tinha proximidade com o dirigente do PL, e deu aval para Neri Geller viabilizar pré-candidatura tendo garantido preferência pessoal na escolha, muito embora nunca tenha prometido apoio.
Entretanto, com a chegada de Bolsonaro no Partido Liberal, candidato a presidente com maior apoio em Mato Grosso, o qual liderava com folga os levantamentos informais de popularidade no estado, o governador começou a costurar uma aliança com o PL através do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto.
O governador tem uma boa relação com Valdemar justamente porque também foi filiado à sigla entre 2006 e 2009, quando a agremiação ainda era chamada de Partido Republicano. A primeira disputa a prefeito de Cuiabá, Mauro estava filiado ao PR e tinha como candidata à vice a Professora Verinha (PT).
Acertado o apoio de Bolsonaro, Mauro Mendes acabou condicionado a ter Wellington Fagundes como candidato ao Senado. O governador pode até anunciar um palanque aberto, não fechando exclusividade com Neri, contudo, o Progressista sempre deixou claro em entrevistas que, caso o governador confirme coligação com o PL, não teria como manter aliança.