Milho, soja, gado, algodão. Quando se fala em agronegócio, estas talvez sejam as primeiras palavras das quais nos lembramos. Mas sem o calcário, a agricultura e a pecuária no cerrado estariam fadadas ao fracasso.
“Mato Grosso responde por quase 20% da produção brasileira de calcário. Em 2020, foram quase 11 milhões de toneladas. A produção vem aumentando significativamente nos últimos anos, acompanhando o ritmo da demanda e, também, a assimilação de pesquisas científicas sobre os benefícios do uso regular do insumo em doses mais adequadas aos solos ácidos do Cerrado”, diz Kassiano Riedi, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT).
O estado, que em 1990 produziu pouco mais de 620 mil toneladas de calcário, viu sua produção aumentar gradativamente até 2010, quando a produção chegou a 3,5 milhões. Nos últimos 10 anos, a produção de calcário deu um salto gigantesco e chegou a quase 10 milhões de toneladas.
O seu uso em grande escala ajudou Mato Grosso a se tornar o maior produtor de cereais, leguminosas e oleaginosas do país, com destaque para o cultivo de soja, o principal produto de exportação do Brasil, o milho e o algodão.
Colhemos 34 milhões de toneladas de milho. O valor de produção do algodão se aproximou dos R$ 13 bilhões e continuamos como o maior produtor nacional de soja.
Insumo básico na base da produtividade, é também um dos mais acessíveis aos produtores rurais, seja na agricultura ou na pecuária, viu sua popularização aumentar com a democratização da técnica de calagem, que possibilita desenvolver a agropecuária em biomas com o solo ácido, assegurando o aumento do potencial produtivo e lucrativo das lavouras.
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), Euclides Francisco Jutkoski, o consumo de calcário agrícola cresceu quase 15% no comparativo do último ano. “Aproximadamente 52 milhões de toneladas de calcário foram aplicadas no Brasil, no ano passado. A estimativa é que esse número salte para 59 milhões esse ano; contudo, o consumo deveria ser de pelo menos 70 milhões, o que garantiria produtividade em larga escala ao agronegócio brasileiro”.
O aumento da produção agropecuária está intimamente ligado ao uso do calcário agrícola, pois sua adoção para correção da acidez do solo é fundamental em países tropicais, como o Brasil, explica Euclides.
Calcário, o fertilizante sustentável
Apesar de não substituir o fertilizante, o calcário potencializa os resultados da adubação. Sustentável, garante aos solos corrigidos a produção de mais massa vegetal e raízes, elevando a atividade microbiana, proporcionando maior capacidade de infiltração e retenção de água.
Quanto ao preço, o calcário tem se tornado um substituto aos fertilizantes, que com a guerra da Ucrânia registram aumentos quase semanais. “O valor investido em uma tonelada de fertilizantes, entre as fórmulas mais comuns, é bem superior ao custo da tonelada de calcário, e o fertilizante é comprado em dólar, já calcário você paga em real, então tem sido uma opção mais barato, pois com a guerra o preço dos fertilizantes subiu muito”, conta o produtor rural Rodrigo Pozzobon.
José Lazarini também é produtor rural. “O preço dos fertilizantes triplicou esse ano, então o uso do calcário, que já mostrava uma série de benefícios, agora apresenta mais um, o de ser um insumo mais barato e acessível”.