Divididos entre a experiência de ouvirem e assistirem aos ícones do rock mundial na cidade onde vivem, mesmo que pelo telão ou bem à distância, e a vontade de estarem dentro da Arena Eurobike na noite de sexta-feira (16), moradores de Ribeirão Preto (SP) improvisaram um camarote gratuito no canteiro e nas calçadas da Avenida Costábile Romano, zona Leste, para o show inédito do Guns N’ Roses no município.
A turma da pipoca, ou do ‘gramarote’, como a área foi batizada, levou binóculos, cadeira de praia, toalhas para forrar o chão, caixas com bebidas e alguns até subiram em caminhonetes para a visão ficar melhor.
Entre os figurinos, camisas do Guns e bandanas faziam sucesso. A agitação não é a mesma de quem viu os músicos do lado de dentro, mas os hits receberam coro do pessoal de fora. Hora ou outra a empolgação era maior, principalmente se fossem músicas mais conhecidas, como “Welcome to the Jungle”, mas em resumo todos curtiram bem.
Os solos de guitarra de Slash, como era de se esperar, arrancavam suspiro e admiração de quem curtia o show colado na grade, não do palco, mas sim do alambrado.
O biólogo Luís Arthur Chaves foi com a esposa e acompanhou o show com um binóculo. Ele queria estar junto ao público que lotou a Arena, mas não conseguiu comprar os ingressos. Mesmo assim, gostou de curtir os ídolos do lado de fora.
“Dá para ver bastante coisa. O telão ajuda porque tem definição boa e agora com o binóculo dá para ver de pertinho. Os caras estão suando a camisa lá, dando o sangue. Está agradável. Queria estar lá dentro. O clima, a galera, a energia acaba sendo outra. O som mais alto também fica mais legal. Aqui o vento está levando o som embora, mas está sendo a maior curtição, maior alegria”, disse.
‘Oportunidade única’
A estudante Vanessa Júlia da Silva foi com o namorado acompanhar o show. Colados na grade, o casal, que já havia feito essa aventura quando o Kiss se apresentou na cidade, gostou do que viu, mesmo querendo estar mais perto do palco.
“Não é a mesma coisa, queria estar lá, mas aqui já vale. Eu consigo ver melhor o telão. Acho que se estivesse lá seria mais legal, mas já é uma coisa.
Namorado de Vanessa, o estudante Arthur Leite concorda, mas reforça que é uma oportunidade ímpar poder estar diante de uma banda como Guns N’ Roses.
“Melhor do que ficar em casa. Oportunidade única de poder ver aqui na nossa cidade um grupo como Guns, é raro. Para ver isso de novo só no Rock in Rio. Tem que aproveitar que eles estão aqui”, afirmou.
Espaço consolidado
A alternativa não é exclusividade para a turma de Axl Rose, Slash, Duff MCKagan e companhia. Quando o Kiss e Iron Maiden se apresentaram na cidade, em maio e agosto deste ano respectivamente, o espaço chegou a ser utilizado.
O ponto de encontro já se consolidou entre os moradores. O corretor de imóveis Deywison Silva foi ao Iron acompanhado por amigos, assim como nesta sexta.
“A galera do Iron foi um pouco menor que essa daqui, mas é diversão demais, demais da conta. Lá [dentro] é melhor, mas aqui é tão bom quanto, você interage com as pessoas, dá para trocar uma ideia legal. Vale pela diversão e pelo entretenimento, e é de graça, só [paguei] a cerveja".
O montador de móveis planejados Celso Silva Prado assistiu ao Kiss de dentro da Arena Eurobike, mas Iron e Guns foram acompanhados pelo “gramarote”. Com um auxílio de um monóculo, o morador da Ribeirânia, bairro onde os shows foram realizados, curtiu como se tivesse comprado o ingresso.
“É melhor [aqui fora]. É uma acomodação até legal. Ainda peguei o monóculo e curte legal. Dá para ver legal, vendo todo mundo. Quando eu assisti ao Kiss eu vi mais longe do que eu vi aqui. Valeu a pena e o investimento foi zero.
Acompanhada pelo esposo, filha, sobrinho e cunhada, a protética Vilma Aparecida Alves Bonfarini contou que descobriu o espaço no show do Iron Maiden.
“Meu marido e minha filha foram lá dentro no show do Kiss. Aí, do Iron, minha cunhada disse que daqui dava para ver. A gente veio, amou e estamos aqui. Vale muito a pena. Você não vai ter a emoção de estar lá, mas você vai ouvir, vai sentir o que é um show de rock mesmo. Rockeiro é meu marido, ele entende muito, mas eu que sou leiga estou apaixonada pelo som”.
.png)
