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Notícias / Política

06/10/2023 às 10:01

ANÁLISE POLÍTICA

A um ano da eleição, pré-candidatos antecipam disputa e Cuiabá tem inchaço de postulantes ao cargo de prefeito

Até o momento, ao menos oito nomes já estão colocados no tabuleiro desse xadrez político que já visa até mesmo 2026

Alline Marques

A um ano da eleição, pré-candidatos antecipam disputa e Cuiabá tem inchaço de postulantes ao cargo de prefeito

Foto: Leiagora

Daqui  a exatamente um ano as pessoas voltam às urnas em todo o Brasil, desta vez para escolher prefeitos e vereadores. Nesses 12 meses que nos separam da eleição muita movimentação e articulação partidárias ainda deverão ocorrer. Contudo, é fato que este é um pleito que foi extremamente antecipado em quase dois anos, por assim dizer. Isto porque, logo se concluiu a disputa de 2022, iniciaram-se as conversas e até mesmo alianças visando 2024. 

Um dos que liderou este movimento foi o deputado federal Abílio Brunini (PL). O primeiro a assumir uma pré-candidatura e começar a se movimentar já de fato como um postulante ao cargo de prefeito de Cuiabá. É claro que era esperado que ele voltasse agora para essa disputa, uma vez que teve um bom desempenho quando disputou contra o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) em 2020, chegando ao segundo turno e sendo derrotado por uma diferença de pouco mais de 6 mil votos. 

Abílio tenta ainda surfar no bolsonarismo e se apresenta como um candidato da direita conservadora. Um dos grandes objetivos do parlamentar é também dar sustentação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026. Ele tem aproveitado as CPMI no Congresso para ganhar os holofotes da mídia e inflamar ainda mais o seu público, mas precisa superar a resistência do voto feminino e das minorias. 

O posicionamento antecipado por parte de Abílio fez também possíveis adversários terem que correr atrás e começar a se movimentar, dentre eles, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União), que ainda enfrenta resistência dentro do próprio partido, presidido por Mauro Mendes. O governador não esconde que tem uma preferência pelo deputado federal Fábio Garcia (União), outro que precisou se colocar já como pré-candidato, antecipando a disputa. 

Botelho iniciou uma grande movimentação até mesmo dentro da Assembleia Legislativa entre sua equipe e já vem fazendo contratações estratégicas que visam lhe garantir uma estrutura de campanha, mas está amarrado agora à liberação do governador para poder deixar o União sem enfrentar um processo de cassação. A fidelidade, partidária, custa caro ao projeto do deputado,  uma vez que a vaga pertence à sigla. Ele já deixou claro que pretende resolver a celeuma dentro do União até o início de novembro. E já dá como certo que, deixando a legenda, migrará ao PSD, do ministro da Agricultura Carlos Fávaro, maior líder da oposição a Mendes atualmente. 

Fábio Garcia, por sua vez, conta com o respaldo do chefe do Executivo para garantir sua entrada em Cuiabá, uma vez que não possui tanto traquejo na Capital, tendo ficado um tempo morando em Rondonópolis. O parlamentar chegou a ocupar o cargo de secretário de Governo de Mendes entre 2012 e 2013, mas ao ganhar a eleição para federal acabou por se distanciar, depois ficou fora da política e mudou-se para outro município ficando ainda mais afastado. 

Agora tenta recuperar o tempo perdido e até conseguiu garantir o cargo de secretário-chefe da Casa Civil para poder estar mais presente na capital, já que como federal acaba também por passar grande parte do seu tempo em Brasília. Mendes o nomeou no governo no lugar de Mauro Carvalho (União), que assumiu no Senado, durante licença do senador Wellington Fagundes (PL), um nome que foi efetivamente e por ora afastado das decisões do PL, mirando 2026. Porém, apesar de ser perceptível que Fabio tem buscado andar pelos bairros já em uma pré-campanha, ele é o único que ainda adota o famoso discurso de que a eleição será debatida no ano do pleito. Evita antecipar essa conversa com Botelho, o que pode ser um erro estratégico. 

PT entra em campo

Outro que precisou se antecipar e mudar o discurso foi o deputado Lúdio Cabral (PT), que até então evitava falar do assunto, mas acabou por convocar uma coletiva e admitir que é pré-candidato. Assim como Botelho, o petista também encara uma briga interna na legenda contra a colega Rosa Neide, que atualmente está na diretoria da Conab e aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) para saber se retornar à Câmara Federal.

A ex-deputada federal teve uma votação expressiva na capital e por isso se coloca como apta na disputa. Lúdio também conta com essa boa votação, mas também tem a seu favor o fato de ter se saído bem na briga em 2012, quando concorreu a prefeito contra Mendes, levando a disputa para o segundo turno, mas acabou derrotado, após uma disputa acirrada e até de baixo nível. Lúdio tem ainda ao seu lado os servidores e movimentos sociais, enquanto Rosa possui uma base ampla na Educação. 

Só que além dos petistas, a Federação Brasil da Esperança, que conta com PT, PV e PcdoB, tem ainda como pré-candidato o vice-prefeito José Roberto Stopa (PV), e tanto o Partido Verde, quanto o atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) tem cobrado a fatura pelo fato de a primeira-dama de Cuiabá, Marcia Pinheiro (PV), ter sustentado palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Mato Grosso no ano passado. 

Pesa contra Stopa, contudo, todo o desgaste da gestão Emanuel, alvo de 18 operações. Além disso, o vice é também o secretário de Obras do município e vem sendo cobrado por não conseguir fazer as grandes obras prometidas em campanha e ainda deve entregar uma cidade esburacada. Por outo lado, é preciso levar em conta o peso da máquina da Prefeitura numa disputa e o fato de Stopa ter uma grande influência entre lideres comunitários. 

Lúdio defende um rompimento com a gestão de Emanuel, enquanto Rosa Neide e o atual presidente estadual do partido, deputado Valdir Barranco (PT), possuem fortes laços com o prefeito. O fato é que parece que a decisão vai acabar nas mãos da nacional, podendo, portanto ser uma caixinha de surpresa. 

Interesses partidários

Além desses nomes, que são os mais falados, outros surgiram ao longo dos últimos meses, sendo ambos deputados estaduais: Paulo Araújo (PP) e Carlos Avalone (PSDB). O progressista se colocou à disposição após romper com Emanuel, tornar-se oposição à atual gestão e, principalmente, haver uma pressão para que o partido tenha candidatura para tentar puxar uma chapa mais forte de vereadores. Por outro lado, o que se especula nos bastidores é que seria mais uma forma de o PP garantir espaço em uma formação de chapa majoritária com a indicação de um vice, por exemplo. 

Já Avallone surgiu recentemente se colocando à disposição, destacando sua trajetória política, mas também porque, segundo ele, a sigla tucana recebeu a missão de buscar candidaturas majoritárias em todo o país em 2024, mas de olho em sustentar um palanque para Eduardo Leite em 2026. 

Vale destacar que a eleição de 2024 é estratégica para o pleito de 2026. Sendo assim é possível, inclusive, que a Capital receba tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro, quanto o atual presidente Lula, além de outros possíveis presidenciáveis.

Mais um ponto a se levar em consideração é que, apesar de até o momento ao menos oito nomes terem sido colocados na disputa, é possível que surjam até mais, porque partidos como o Psol e Novo costumam lançar candidaturas próprias. Além desses, o ex-deputado Ulysses Moraes, agora filiado ao Podemos, também pode surgir no pleito de 2024, mas por enquanto, segue apenas nas redes sociais fomentando a rivalidade Lula x Bolsonaro pelas ruas de Cuiabá.

E ainda podem surgir algumas surpresas, mas o fato é que temos ai uma disputa adiantada e as consequências disso também pode ser que esses pré-candidatos acabem queimando largada e nem tenha fôlego para chegar até as convenções que ocorrerão em agosto do próximo ano. 

Prós e contras

Em meio a tudo isso, deve-se ponderar que apesar de os ânimos estarem um pouco menos acirrado em comparação ao ano passado, ainda pesa muito a polarização entre esquerda e direita. Ao ponto de que tanto para Abílio, quanto para Lúdio, esse acirramento é interessante, por empurrar ambos para o segundo turno. Já Rosa, apesar de ser petista, não traz tanto o peso ideológico com ela. Stopa poderia ganhar destaque num confronto direto com o liberal também, já que deverá representar Emanuel nesta disputa e vale destacar que o deputado federal ganhou projeto fazendo oposição a atual gestão municipal.

Fabio Garcia tem a vantagem do peso da máquina do Estado na disputa e será o candidato do Mauro. O governador é bem avaliado, mas ainda é cedo para fazer uma projeção de transferência de votos. O atual secretário tem interesse em polarizar numa briga direta com o candidato de Emanuel, porque seu discurso é pautado nas críticas ao prefeito, mas não dá para prever como se sairia num embate com os outros.

Já os demais que surgiram ao longo desse processo tentam correr como uma terceira e até quarta via neste pleito. É o caso de Botelho, que inclusive tem bom relacionamento com Emanuel, e não pretende entrar numa briga direta com os outros adversários, muito menos nessa polarização de direita e esquerda. Mas tem muito a perder caso não saia vitorioso no pleito. 
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1 comentário

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  • Nair garcia 08/10/2023 às 00:00

    Botelho,o melhor pra Cuiabá,aos preparado em todos os requisitos. Meu voto e de minha família é dele.

 
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