Aos 74 anos, prestes a se aposentar, a juíza Graciema Ribeiro de Caravellas foi empossada desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pelo critério de antiguidade. Ela ficará no cargo por pouco mais de 2 meses, uma vez que completará 75 anos em 11 de janeiro, quando terá que deixar o Poder Judiciário compulsoriamente pela idade.
A chegada dela ao Pleno do TJ representa reviravolta em sua trajetória. Isto porque, Graciema teve seu nome envolvido no esquema que ficou conhecido como “escândalo da maçonaria”, e foi aposentada de forma compulsória pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no ano de 2010. Os magistrados foram acusados de ter desviado, entre 2003 e 2005, aproximadamente R$ 1,4 milhão dos cofres da Justiça de Mato Grosso para uma loja maçônica. Porém, a sentença acabou reformada no ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que permitiu que Graciema pudesse voltar.
Agora, quase um ano depois, tornou-se desembargadora e poderá, então, incorporar o salário à nova aposentadoria, agora pela idade, que ocorrerá em janeiro.
A cerimonia de posse ocorreu na manhã desta sexta-feira (27) na sede do Judiciário de Mato Grosso. Em seu discurso a magistrada fez questão de lembrar sobre o processo que enfrentou, o que a deixou mais de 10 anos afastada da magistratura.
Ela retornou no final do ano passado graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “A justa justiça se fez”, disse frisando que seu retorno e sua posse como desembargadora a permitem resgatar a dignidade e reconhecer a sua inocência.
Graciena comentou também sobre o fato de ocupar a cadeira por apenas alguns meses. “Estarei nesse tribunal por pouco tempo, mas o suficiente para concluir a minha carreira com a cabeça erguida, com minha honra e dignidade resgatada”, concluiu.
A presidente do Tribunal, desembargadora Clarice Claudino da Silva, afirma que a posse de Graciema representa uma correção histórica.
Biografia
Nascida em 11 de janeiro de 1949, em Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais. Viúva, Graciema Ribeiro de Caravellas tomou posse como juíza substituta em 04 de dezembro de 1986, na Comarca de Pontes e Lacerda, sendo nomeada ao cargo de Juíza de Direito em 16 de janeiro de 1994. Atualmente integra a Câmara Temporária de Direito Público e Coletivo, tendo atuado também nas Comarcas de Rondonópolis, Pedra Preta, Diamantino e Cuiabá. Na Capital, desempenhou a função de juíza titular da Vara Especializada da Infância e Juventude, titular da Primeira Vara Cível de Cuiabá, e da Segunda, Terceira, Quinta, Sexta, Sétima e Oitava Varas Criminais.
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