A Defensoria Pública de Mato Grosso, por meio do Núcleo da Infância e Juventude, participou de um projeto inédito da Câmara Municipal de Várzea Grande, que tem como objetivo inserir estudantes do ensino médio e fundamental na vida política da cidade. O “Vereador Por um Dia” teve sua primeira sessão solene de posse debatendo o tema “Escravo nem Pensar”, conduzida por alunos da Escola Estadual Professor Honório Rodrigues Amorim.
A defensora pública que atua na defesa da criança e do adolescente no Município, Cleide Regina Nascimento, avalia que projetos como o apresentado pelos alunos apontam a direção que a educação deve seguir para atingir sua finalidade: a do desenvolvimento pleno e do preparo para o exercício da cidadania.
“No caso específico deles, foi testado o conhecimento sobre as questões que envolvem os direitos trabalhistas e a direção da Escola, os professores e os alunos debateram sobre o tema do trabalho escravo, conscientizando sobre um assunto extremamente importante. Acredito que esse seja um tema que deve ser amplamente divulgado, só assim, conseguiremos a sonhada erradicação do trabalho escravo contemporâneo”, pontuou.
A defensora acrescenta que ficou muito entusiasmada com o trabalho feito e com a proposta do projeto, de autoria do vereador Ícaro Reveles, pois os estudantes teriam conduzido a sessão solene simulada, em sua opinião, de forma impecável, inclusive, demonstrando habilidades em língua inglesa, um dos diferenciais da Escola, que é bilíngue.
“Eles são de uma escola de período integral, que desde 2020 é vocacionada a ensinar tanto o inglês quanto o espanhol, aos seus 170 alunos, matriculados a partir do 7º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. Foi muito emocionante vê-los fazendo parte da sessão em inglês”, disse Cleide.
Oportunizar a existência dos vereadores-estudantes, para o autor do projeto, é garantir a proximidade do Poder Legislativo Municipal dos jovens, dos profissionais da educação e da população. “A iniciativa também tem, como objetivo, levar o cidadão comum a conhecer o processo legislativo, o trabalho dos vereadores e assim, despertarem o interesse pela atividade, por fazer críticas e pela participação, como cidadãos, nas decisões políticas”, disse o vereador.
Durante a solenidade, os professores e autoridades falaram sobre a importância da escola em tempo integral, das propostas pedagógicas e atividades desenvolvidas e explicaram que uma forma de ver a efetividade do aprendizado das línguas estrangeiras foi a apresentação, em inglês, feita na sessão. Além do tema principal, foram discutidos assuntos diversos e também os casos de imigração.
“Outro aspecto importante demonstrado pelos estudantes foi que, quando se fala de trabalho escravo, não se fala apenas e exatamente desse tipo de atividade aplicada contra pessoas negras, mas de qualquer imposição ilegal imposta a todas as raças, e em especial, em nossa cidade. A situação dos imigrantes que são colocados em situação indignas e vexatórias, por não conhecerem a língua, por exemplo, foi uma das citadas por eles”, concluiu a defensora.
Reveles parabenizou o diretor da Escola, Jalme Júnior, os professores e pontuou que sua formação foi feita em escola pública. “Eu sou fruto da escola pública e posso garantir que por meio da educação podemos chegar onde quisermos”.
A atividade apresentada pelos alunos é resultado do trabalho de profissionais da educação da escola, no projeto “Escravo Nem Pensar”, subsidiado pela Coordenadoria de Formação da Diretoria Regional de Educação de Várzea Grande (DRE-VG) e pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc).
Assessoria
