Diante das altas temperaturas nos últimas dias, algumas empresas brasileiras flexibilizaram o "dress code" dos trabalhadores, permitindo o uso de bermudas e trajes mais leves, e até mesmo liberaram o home office.
Outras iniciativas, como distribuir picolés aos funcionários durante o expediente, também têm ajudado a amenizar o calorão ☀️🥵.
Pela lei, os empregadores podem estipular um “dress code” ou proibir determinadas vestimentas no ambiente de trabalho. No entanto, também precisam garantir o conforto térmico dos funcionários (leia mais abaixo).
A empresa carioca de óleo e gás PRIO decidiu antecipar as ações que ocorrem geralmente quando começa o verão.
A partir desta semana, os colaboradores do escritório que geralmente usam calça e camisa vão ter a opção de usar bermudas às sextas-feiras. A medida passará a fazer parte da rotina da companhia.
Segundo Élida Gurgel, gerente de pessoas e performance, a iniciativa visa melhorar o bem-estar dos funcionários.
Já na Youse, uma empresa de seguros que tem escritórios em São Paulo e Brasília, as bermudas são permitidas o ano todo em dias quentes.
Além disso, diante da onda de calor dos últimos dias, a companhia resolveu possibilitar para equipe mais dias de trabalho em casa.
“A ideia é justamente minimizar um pouco a exposição ao calor e necessidade de deslocamento. Normalmente, os times se organizam para irem três vezes por semana ao escritório, então flexibilizamos esta necessidade. É claro que estamos com as portas abertas para aqueles que desejarem trabalhar presencialmente, até para aproveitar o ar-condicionado do escritório”, afirma Tiane Araújo, gerente de RH.
A empresa de recuperação de crédito GRB também adotou uma estratégia para amenizar o calor de cerca de 1 mil profissionais que trabalham na empresa em São Paulo (SP). Houve distribuição de picolés!
"Essa é uma iniciativa corriqueira aqui na GRB. Quase todos os anos, o calor em São Paulo vem batendo recordes e, para proporcionar um ambiente agradável aos colaboradores, trazemos algumas ações como esta", afirma Pedro Siebra do Prado, coordenador de marketing.
Recentemente, a empresa também liberou o uso de bermudas na altura do joelho e iniciou um campeonato de futebol entre os funcionários, para estimular a prática esportiva.
Empresa pode exigir terno e gravata nos dias de calorão?
Em algumas corporações, a formalidade nas roupas ainda não pode ser deixada de lado e é algo previsto nas regras e códigos internos.
Assim, mesmo sem citar explicitamente a proibição de bermuda e chinelo na empresa, o que também pode ser aplicado é o chamado princípio da razoabilidade, explica a advogada Raquel Nassif Machado Paneque, do Autuori Burmann Advogados.
“Significa que precisa ser razoável do ponto de vista comum e geral das pessoas. Então, quando você pergunta se é razoável neste calor se podem dispensar o terno e solicitar o uso de uma roupa social mais leve, para algumas pessoas pode não ter problema. O que o empregador não pode é fazer com que a sua exigência do 'dress code' cause um desconforto no empregado, ou até mesmo um constrangimento."
No caso de uniforme, a empresa precisa fornecer vestimentas de trabalho adaptadas ao grau de exposição e à natureza da atividade.
Além disso, a Norma Regulamentadora (NR) 17 define que as companhias devem adotar medidas de controle da temperatura para proporcionar conforto térmico na faixa de 18 a 25°C para ambientes climatizados.
E se o funcionário descumprir o "dress code", a atitude pode ser caracterizada como ato de indisciplina e gerar uma penalidade.