Os deputados estaduais eleitos pela primeira vez se comportam com o acanhamento dos calouros e, como tal, estão sendo recebidos pelos veteranos sobreviventes de uma legislatura que foi reprovada em sessenta por cento de sua composição. O único que ousou um voo solo, o deputado Silvio Fávero, foi abatido antes de decolar na candidatura à presidência da Assembleia Legislativa.

O eleitor que esperava uma renovação na legislatura, a partir do dia primeiro de fevereiro, já pode ir tirando o cavalo da chuva. Os mesmos que mandavam antes, continuarão mandando e os veteranos do baixo clero continuarão na obscuridade de sempre. Aos novos deputados estaduais está reservado o papel de coadjuvantes na direção do Parlamento, onde está localizado o poder político e financeiro da Casa e fonte das decisões mais importantes. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Nesta equação inversa, em que 10 valem mais que 14, a frustração do eleitorado pode ser o resultado. Os novos deputados marcham para eleição da mesa sem questionamento e análise mais profunda da administração do Poder que passarão a compor como representantes populares. Ao manter a mesma estrutura de gestão, sem ao menos pesquisar os gastos e a aplicação do dinheiro público, assumem o papel incondicional de avalistas de administrações anteriores.

O comportamento se assemelha ao irmão mais novo que, ao completar dezoito anos abre conta bancária, assina um talão de cheque em branco e entrega para o irmão mais velho, que já está com restrição de crédito. Todos sabem como acaba essa história. Na política, o SERASA e o SPC são substituídos pelo julgamento popular e quem sabe nas próximas eleições, os novos de hoje serão os veteranos reprovados por comodismo, falta de visão e articulação política, entre outros fatores que podem ser ou não republicanos. Quem viver, verá!

Por Paulo Pedra