Um dos principais delatores da operação Lava Jato, o doleiro Lúcio Funaro, prestou depoimento à porta fechada na Comissão Parlamentar de Inquérito da Renúncia e Sonegação Fiscal nessa quinta-feira (19), mas conforme o presidente da CPI, deputado estadual Wilson Santos (PSDB), ele não falou nada que comprometesse alguma autoridade em Mato Grosso e sugeriu acesso à delação premiada no Supremo Tribunal Federal (STF).
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“Funaro disse que às delações dele têm agentes públicos do Estado, mas não quis dar nomes. Ele também não apresentou documentos, mas deixou aberto seu sigilo telefônico e bancário. O delator sugeriu que pedíssemos ao STF, Procuradoria Geral da República ou Federal Bureau of Investigation (FBI), informações da sua delação”, contou o tucano.
Santos lamentou que a oitiva tenha ocorrido de forma sigilosa. “Esse depoimento não teve nada demais, eu lamento e os demais colegas também lamentaram depois”, conta.
Quanto as perguntas realizadas pelo tucano, foram sobre o envolvimento e participação do doleiro na JBS em Mato Grosso, envolvimento com agentes públicos, atuação na Caixa Econômica Federal e outros. “Ele disse que não tem nada a ver com o BNDS e evitou falar muito, e pedia sempre orientação dos advogados’, contou.
Quanto ao maior doador de campanha do ex-governador Pedro Taques (PSDB), o empresário e dono de factorings, Fernando Mendonça, o doleiro contou que teve contato com ele, mas nunca o viu na casa do Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS. “Teve contato apenas, mas nunca o viu com Joesley e não viu nenhum governador também. Ele fez uma fala muito genérica sobre o Mendonça”, pontuou Wilson.
Funaro ficou conhecido após ser preso na Operação Lava Jato acusado de ser o operador do ex-deputado Eduardo Cunha (RJ) em esquemas de corrupção e de lavagem de dinheiro. Em depoimento à CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Câmara dos Deputados declarou que Joesley, fraudou pagamentos de ICMS em Mato Grosso. O esquema teria ligações com o pagamento de propina a políticos no estado.
O doleiro afirma que Joesley teria poupado o primo mato-grossense Fernando Mendonça em sua delação.
Oitiva fechada
A decisão de uma sessão fechada foi tomada pela maioria dos membros da comissão. Votaram pela oitiva secreta a deputada Janaína Riva (MDB), acompanhada pelos pares Dilmar Dal Bosco (DEM) e Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD). Santos foi voto vencido.
Os parlamentares resolveram acatar recomendação posta em parecer exarado pela Procuradoria-Geral da Casa, que foi representada na reunião pelo procurador-geral adjunto Ricardo Riva e pelo também procurador Carlos Dornellas.