Para o promotor de Justiça Alexandre Guedes, titular da 7ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde Coletiva de Cuiabá, multas e outros tipos de punições para quem descumpre as medidas de enfrentamento à pandemia já não coíbem mais a população de aglomerar.
“A multa funciona quando tem uma ou duas pessoas que estão descumprindo, mas quando você vê muito mais pessoas descumprindo, a repressão acaba perdendo um pouco da sua força mesmo”, analisa em entrevista ao Playagora.
O representante ministerial comenta que o ideal seria que não existissem punições, mas compreende isso só seria possível num cenário onde a população cumprisse, por conta própria, a norma vigente.
Neste contexto, Guedes procura desmistificar a ideia de que aglomeração é sinônimo de apenas bar lotado e churrasco aos finais de semana. “Onde a pessoa aglomera? Bar, igreja, nesses lugares. Lembrando que, o vírus não tem moralidade, nem religiosidade. É aglomeração? O vírus vai estar presente e as pessoas vão se contaminar. [...] Tem alguns discursos moralistas, como se o único problema fosse a pessoa aglomerar num churrasco, mas esquecendo de que toda e qualquer aglomeração, como eu falei, não tem moralidade o vírus. Não importa se a pessoa está rezando ou não”.
O promotor alerta que a vacina só alcançará todo seu potencial quando grande parte da população estiver imunizada, razão pela qual, ainda, a única saída é diminuir as aglomerações.
Alexandre Guedes avalia que esse cenário de descumprimento generalizado é reflexo da falta de liderança e alinhamento entre os gestores públicos de Cuiabá e do Governo do Estado. “Realmente o que nós temos é o seguinte: liderança é para apontar um caminho. Quando nós temos uma liderança disfuncional, aí realmente a população acaba se perdendo nessa situação”.