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Notícias / Cinema

19/11/2021 às 10:45

Filmes que exaltam a cultura negra e a luta contra o racismo na Semana da Consciência Negra

No final tem uma super dica bônus de leitura para curtir com a criançada

Paulo Henrique Fanaia

Filmes que exaltam a cultura negra e a luta contra o racismo na Semana da Consciência Negra

Foto: Reprodução Internet

No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695), líder do Quilombo dos Palmares, que morreu defendendo os direitos de liberdade do povo negro.

A data foi instituída oficialmente por meio da Lei 12.519 de 2011 e tem como objetivo, além de celebrar a cultura e história do povo preto no país, convidar para o combate ao racismo.

As artes sempre foram um meio de luta contra a opressão e o cinema é uma delas.

Por muitos anos atrás, o negro foi representado nas telas de cinema de maneira esteriotipada, sendo colocado sempre em posição de inferioridade. Um dos exemplos clássicos é a representação racista em “...E O Vento Levou”, de 1940, e na animação “A Canção do Sul”, de 1946, filme que a própria Disney quer esquecer.

Felizmente, esse quadro está mudando. As pessoas negras têm ganhado cada vez mais destaque no cinema, em papéis que retratam toda a diversidade profissional e de vivências.

E, claro, a luta do povo preto contra o racismo e contra opressão é pano de fundo de diversas histórias maravilhosas, convidando a todos para refletir e mudar esta sociedade ainda tão desigual.

Foi pensando em tudo isso que o Entrete! separou 10 produções para assistir no Dia da Consciência Negra (e todos os outros dias) e convidar para a luta contra o racismo.


Há incontáveis obras de excelente qualidade, mas aqui há filmes que possivelmente vocês não viram. Dá para emendar a maratona e rever (ou ver) ostop of mindsobre a temática, como "12 Anos de Escravidão", "Pantera Negra", "Histórias Cruzadas", "Estrelas Além do Tempo" e "Infiltrado na Klan".

Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil (2016 – 79 min - Dirigido por Belisario França)

Em 1998, durante uma aula sobre o nazismo, o historiador Sydney Aguilar Filho foi surpreendido por uma estudante afirmando que, na fazenda da família, havia o desenho dasuásticanos tijolos da casa. Aguiar resolve investigar e descobre que, durante a década de 1930 nazistas brasileiros retiraram 50 meninos negros de umorfanatono Rio de Janeiro para seremescravizados em uma fazenda da família Rocha Miranda no município de Campina do Monte Alegre. Contendo depoimentos de dois sobreviventes, este documentário retrata a história de Aloízio Silva (o “menino 23”) e Argemiro Santos.

Trata-se de um dos documentários mais tristes e necessários para todos os brasileiros. Um retrato desumano de um passado não muito distante de um Brasil que já flertou com o fascismo. Quais as consequências disso na sociedade?

Disponível na Globo Play e completo no Youtube.



A 13ª Emenda (13th - 2016 – 100 min - Dirigido por Ava DuVernay)

Documentário que discute a 13ª emenda à Constituição dos Estados Unidos - "Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado" - e o terrível impacto na vida dos afro-americanos.

Vencedor do Bafta de melhor documentário, “A 13ª Emenda” traz à tona o problema carcerário dos Estados Unidos, desde a época da escravidão até os dias atuais. É impressionante como, mesmo um filme de outro país, é possível perceber que, no Brasil, o racismo e a desigualdade social são expressos da mesma forma.

Disponível na Netflix.



Nós (Us - 2019 – 116 min - Dirigido por Jordan Peele)

Adelaide e Gabe levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.

Quando o comediante Jordan Peele lançou o aclamado “Corra!” em 2017, todos achavam que era sorte de principiante, afinal, aquele foi o primeiro trabalho dele na direção. Mas “Nós” mostrou que o diretor sabe, sim, fazer um filme de terror com toques sutis de crítica social. Neste longa, Peele cria uma atmosfera densa, que obriga a refletir do início ao fim!

Disponível na Netflix.



O Que Ficou Para Trás (His House – 2020 – 93 min – Dirigido por Remi Weeks)

Um casal de refugiados faz uma fuga angustiante do Sudão do Sul, devastado pela guerra, lutando para se ajustar à nova vida em uma cidade inglesa. O que eles não contavamé que a cidade possui um terrível mal escondido sob a superfície, esperando apenas o momento certo para ascender.

Terror com pitadas de drama que mostra que o pavor está nas coisas reais. Filme que retrata de maneira sutil e clara toda a luta dos refugiados para se adequarem a uma nova vida em um país totalmente diferente.

Disponível na Netflix.



Besouro (2009 – 94 min - Dirigido por João Daniel Tikhomiroff)

Bahia, década de 1920. No interior, os negros continuavam sendo tratados como escravos, apesar de a abolição da escravatura ter ocorrido décadas antes. Entre eles, está Manoel que, quando criança, foi apresentado à capoeira pelo Mestre Alípio. O tutor tentou ensiná-lo não apenas os golpes da capoeira, mas as virtudes da concentração e da justiça. A escolha pelo nome Besouro foi devido à identificação que Manuel teve com o inseto que, pelas características, não deveria voar. Ao crescer, Besouro recebe a função de defender o próprio povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes.

Sim, o Brasil tem o seu Pantera Negra. "Besouro” é muito mais do que um filme de ação e fantasia. É um retrato da luta do povo negro na Bahia e de todo o preconceito sofrido pelos praticantes de Capoeira, jogo que foi considerado proibido por muitos anos no país.

Disponível completo no Youtube.



Madame Satã (2002 – 105 min – Dirigido por Karim Ainouz)

O filme retrata a vida da referência na cultura marginal urbana do século XX, o célebre transformistaJoão Francisco dos Santos - malandro, artista, presidiário, pai adotivo de sete filhos, negro, pobre, homossexual - conhecido como "Madame Satã" e frequentador do bairro boêmio daLapa, noRio de Janeiro. Mostra o círculo de amigos dele, antes de se transformar no mito.

Dizer que Lázaro Ramos é um dos maiores artistas da atualidade é quase redundância. E, em “Madame Satã”, é quando se revela. Lázaro brilha no papel que lhe rendeu elogios mundo agora e mostrou ao Brasil um dos maiores nomes da contracultura popular.

Disponível na Netnow e completo no Youtube.



Hotel Ruanda (Hotel Rwanda - 2004 – 121 min – Dirigido por Terry George)

Durante os conflitos políticos entre hutus e tutsis que mataram quase um milhão de ruandenses em 1994, Paul Rusesabagina, gerente do Hotel des Milles Collines, na capital do país, toma a decisão corajosa de abrigar sozinho mais de 1.200 refugiados.

Trata-se da história real do homem que salvou milhares de vidas durante uma guerra civil que dizimou Ruanda. O filme mostra de maneira cruel como foi o resgate dos civis brancos e o abandono da população negra, para morrer no conflito.

Disponível na Amazom Prime.



Meu Nome é Dolemite (Dolemite Is My Name - 2019 – 118 min – Dirigido por Craig Brewer)

Vendedor de discos em uma loja pequena e comediante de pouco sucesso, Rudy Ray Moore vê a vida mudar quando começa a ouvir as histórias das ruas para renovar seu repertório, inserindo piadas sujas e repletas de palavrões. Não demora muito para que ele faça imenso sucesso, migrando das casas noturnas para discos extremamente populares entre a população negra norte-americana. Decidido a ampliar os horizontes, Rudy decide rodar por conta própria um filme estrelado por seu alter-ego Dolemite, um cafetão bom de briga que sabe lutar Kung Fu. O que ele não imaginava era que fazer cinema fosse algo tão complicado quanto conseguir que seu filme fosse exibido em circuito comercial.

Depois de muito tempo sem emplacar um filme de sucesso, Eddie Murphy arrasa nessa produção que conta a história real do artista negro Rudy Ray Moore que, com muita garra, conseguiu fazer diversos filmes de ação voltados ao público negro, gerando a febre dos filmes de baixo orçamento que fizeram sucesso nos cinemas estadunidenses.

Disponível na Netflix.



Bem-Vindo à Marly-Gomont (Bienvenue à Marly-Gomont - 2016 – 96 min – Dirigido por Julien Rambaldi)

Seyolo Zantoko é um médico que acabou de se formar em Kinshasa, capital do Congo. De lá, ele decide partir para uma pequena aldeia francesa, um vilarejo que lhe deu uma imperdível oportunidade de trabalho. Com a família, Zantoko embarca na maior jornada de sua vida, onde precisará vencer o preconceito e as barreiras culturais para vencer.

Um filme muito gostoso de assistir!“Bem-Vindo à Marly-Gamont”tem
roteiro leve e cheio de viradas dramáticas, além de retratar muito bem o impacto do racismo nas famílias.

Disponível na Netflix e completo no Youtube.



Olhos que Condenam (When They See Us - 2019 – Minissérie em 4 capítulos – Dirigido por Ava DuVernay)

A série retrata ofamoso caso dos "Cinco do Central Park" – cinco adolescentes negros do Harlem condenados por um estupro que não cometeram. A minissérie em quatro partes reconstitui a trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise, dos primeiros interrogatórios em 1989 à absolvição em 2002 e o posterior acordo de indenização com a prefeitura deNova Iorqueem2014.

Depois de dar um soco no estômago com “A 13ª Emenda”, Ava DuVernay conta essa triste e cruel história real. “Olhos que Condenam”, não é só um enredo dramático, mas um retrato do racismo estrutural que assola o mundo.

Disponível na Netflix.



Super Bônus de Leitura!

Jeremias: Pele (Quadrinho escrito por Rafael Calça e desenhado por Jefferson Costa)

Publicado em 2018 pelaPanini Comics, como parte do seloGraphic MSP, em que diversos autores de histórias em quadrinhos fazem releituras dos personagens clássicos criados por Mauricio de Sousa, a história gira em torno deJeremias, primeiro personagemnegroda Turma da Mônica, que vê a vida mudar ao encarar, pela primeira vez, opreconceito racial.

A história é densa, mas necessária, contada de uma forma carinhosa e cheia de ternura, como somente os personagens de Mauricio de Sousa sabem fazer.

O quadrinho foi o primeiro a abordar o racismo e é desenvolvido por dois autores negros.

“Jeremias – Pele”foi a primeira Graphic MSP a figurar na Lista NielsenPublishNewsde autores nacionais mais vendidos em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento no Brasil, ocupando o terceiro lugar entre os livros de ficção, em junho de 2018. Aproveite!
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