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30/07/2023 às 10:02

NOVA IMORTAL

Heloísa Teixeira toma posse na Academia Brasileira de Letras

Escritora ocupará a cadeira 30, vaga desde a morte de Nélida Piñon

Leiagora

Heloísa Teixeira toma posse na Academia Brasileira de Letras

Foto: Toca Seabra / ABL

A escritora HeloísaTeixeirafoi empossada nacadeira 30 daAcademia Brasileira de Letras (ABL), vaga aberta desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro.Recentemente,Heloisa aposentou o sobrenome famoso Buarque de Hollanda - que era do primeiro marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda- e passou a adotar o Teixeira, de origem materna. A solenidade de posse ocorreu na sexta-feira (28).

Foi com o novo sobrenome - que tambémganhou um lugar de destaquena tatuagem desenhada nas costas- que a escritora assumiu seu assento na academia.

O presidente da ABL, Merval Pereira, disse que “a nova acadêmica foi eleita Heloisa Buarque de Hollanda e diplomada Heloisa Teixeira”.

Durante discurso, Heloisa fez questão de citar a disparidade de gênero encontrada dentro da própria ABL."Ainda somos pouquíssimas nessa casa:apenas dez mulheres foram eleitas acadêmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleição de homens e mulheres na ABL”. A academia foiinaugurada em 20 de julho de 1897.

Eleita com34 dos 37 votos, ela disse que entra na academia, aos 84 anos, alinhada com o projeto de renovação.“Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na academia”, destacou Heloísa, que teceu uma série de elogios à instituição.

“O que é discutido aqui é muito sério. São os problemas da língua nacional, o que é certo, errado, bom ou ruim, e não tem nada mais político e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o público em geral. É bacana defender a palavra, a língua, a literatura nacional, a liberdade de expressão. É uma instituição a qual vale a pena pertencer.”

A escritora e crítica culturalpassa a ser a décimamulher eleita para a ABL. A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo ecomo patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet. Já ocuparam o assento comotitulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.

Nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Heloisa se mudoucom a família para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um médico, professor e uma dona de casa, é mãe de três filhos:Lula, André e Pedro, todos cineastas.

Trajetória

Uma das principais vozes do feminismo brasileiro,Heloísa Buarque de Hollanda - agora, Heloísa Teixeira - é formada em letras clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.

Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e culturadigital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco nas produçõesdas periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.

Entre os livros publicados, destaca-se a histórica coletânea26 Poetas Hoje, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais”, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal.Olivrotrazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.

Com o nome de casada, Heloísa Buarque de Hollanda publicou também:Macunaíma, da literatura ao cinema;Cultura e Participação nos anos 60;Pós-Modernismo e Política;O Feminismo como Crítica da Cultura;Guia Poético do Rio de Janeiro;Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; entre outros.

Agência Brasil
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