O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) deixou clara sua insatisfação com a proximidade de lideranças do agronegócio de Mato Grosso com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o parlamentar o setor não tem voto, apenas dinheiro e estaria buscando uma aproximação com o petista apenas por conveniência política.
O parlamentar, inclusive, recusou a participar da reunião realizada esta semana por entender que seria um “desconforto” e completou: “não gostaria de estar sentado ao lado desses representantes políticos desse setor. Tenho esse posicionamento claro e não abro mão”.
Para Lúdio, do ponto de vista das forças políticas em Mato Grosso a união desses representantes do agro com o PT é um “desenho confuso”. Isto porque, para ele, a legenda tem a missão de construir um palanque seguro e legítimo para Lula e apresentar um projeto alternativo para o governo do Estado. “Porque o governador (Mauro Mendes) atende interesses desses muito ricos”.
“Não precisamos do apoio político do agronegócio, porque ele detém o poder político e é responsável pelas contradições que o estado tem. Se temos fila do osso se deve a uma política de preço que enriquece os poderosos do agro. Temos 500 mil pessoas passando fome em Mato Grosso, enquanto o estado exporta milhões de toneladas em dólares para enriquecer os poucos”, criticou.
Para ele, este setor do agro possui representantes oportunistas na política que buscam uma aproximação com Lula mesmo estando na base do governo Bolsonaro, o que é uma contradição. Ele também defende que o partido protagonize uma candidatura ao governo, o que acabaria esbarrando também nos interesses dos barões do agronegócio que apoiam Mauro Mendes (DEM).
“E na minha opinião, o PT e o Lula não precisam, não tem necessidade. Haddad teve 35% dos votos aqui em Mato Grosso no momento mais difícil do PT. Acho que é desnecessária essa aproximação com o agronegócio. É um setor que tem dinheiro, mas não tem voto. E usa o dinheiro para ter voto aqui no estado. O que orienta a movimentação política deles é o dinheiro, são os negócios que eles têm para manter os lucros e hoje eles estão com Bolsonaro, ontem já tiveram com Temer e anteontem estavam com a Dilma, agora estar com Lula não faz diferença”, argumentou.
Lúdio alega que o agro ganha dinheiro a custo do aumento da desigualdade social, pauta esta que é uma das principais bandeiras do Lula, que pretende se eleger com o discurso de “corrigir as distorções”.
