O governador Mauro Mendes (União) mantém um discurso oficial de que está 90% focado na gestão e outros 10% em fazer política, mas na prática tem feito movimentos estratégicos para impedir a formação de um grupo sólido de oposição eleitoral. E o silêncio sobre a própria decisão de ser ou não candidato à reeleição tem sido arma nessa “guerra fria”.
As vantagens do silêncio
Enquanto posterga o anúncio sobre ser ou não candidato à reeleição, Mauro Mendes ganha argumento para ficar fora da discussão sobre quem será o candidato da situação ao Senado.
Atualmente, o senador Wellington Fagundes (PL), o deputado federal Neri Geller (PP) e o vice-governador Otaviano Pivetta (sem partido) trabalham para viabilizar essa candidatura ao lado do governador.
Este último, no entanto, tem a preferência para repetir a dobradinha com Mauro Mendes como vice, enquanto os outros dois já possuem acordos com diversos partidos e lideranças para a disputa.
Em entrevistas, o chefe do Executivo Estadual repete que as conversas com Wellington e Neri estão em pé de igualdade e costuma falar: “como vou me decidir sobre isso se nem decidi ainda se sou candidato à reeleição?".
Enquanto isso…
Se por um lado utiliza do silêncio para postergar decisões, o governador tem feito reuniões políticas para discutir o cenário eleitoral. No dia 9 de março, ele esteve em Brasília reunido com Neri e Ciro Nogueira (PP), e depois com o chefe de gabinete do senador Wellington Fagundes e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
Após essas reuniões, o nome do secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, passou a ser apontado como possível primeiro suplente de senador, informação confirmada pelo próprio governador. Vale ressaltar que Carvalho ocupa o cargo considerado como mais estratégico e de confiança dentro da administração estadual, sendo amigo pessoal de Mauro Mendes.
Consequências da estratégia
O resultado dessa movimentação é manter os grupos mobilizados em torno de Wellington Fagundes, Neri Geller e Otaviano Pivetta - PL, PP, PSD, MDB e Republicanos -, em órbita do Palácio Paiaguás.
A “jogada” dificulta a movimentação das principais vozes de oposição, como o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), e o deputado federal José Medeiros (PL), que trabalham dentro de seus partidos para construírem projeto eleitoral próprio.
Além disso, enquanto não confirma ser candidato, Mauro ganha mais credibilidade institucional para lançar obras, programas de Governo e fazer reuniões com servidores públicos sem o peso de ser acusado de tomar decisões eleitoreiras.
As desvantagens...
A "estratégia do silêncio" de Mauro Mendes não é nova. Em 2016, ele adotou a mesma postura, porém isso deixou seu grupo político "em maus lençóis" quando decidiu não ser candidato à reeleição como prefeito de Cuiabá e não havia outro nome viabilizado como "plano B" dentre os aliados.
Na ocasião, o grupo apoiou institucionalmente a candidatura do deputado estadual Wilson Santos (PSDB), de quem Mauro era desafeto em decorrência dos ataques pessoais sofridos na campanha eleitoral de 2008, quando disputou a Prefeitura de Cuiabá pela primeira vez.
Com Mauro fora do páreo e a dificuldade do grupo "maurista" em apoiar "de corpo e alma" a Wilson Santos, Emanuel Pinheiro venceu o pleito de 2016 pela prefeitura e hoje é o principal articulador da oposição e tenta viabilzar candidatura própria ao governo do Estado.
