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Notícias / Entrevista da Semana

20/03/2022 às 08:22

Conheça o movimento social que leva amor através de frases em ‘lambe-lambe’ nas ruas

Grupo ajuda na prevenção ao suicídio e desenvolve ações em Cuiabá e Várzea Grande

Denise Soares

Conheça o movimento social que leva amor através de frases em ‘lambe-lambe’ nas ruas

Foto: Leiagora

Uma forma de levar uma palavra de conforto e carinho para quem precisa e tenta mudar um pouco o mundo. Essa é uma das definições do movimento Clichês na Rua.

O grupo desenvolve ações sociais por meio de cartazes lambe-lambe que são colados nas ruas de Cuiabá e Várzea Grande.
 
Você já deve ter visto algum cartaz com mensagens positivas foi fixado em poste ou muro na região metropolitana.
 
Para falar sobre o movimento, o Leiagora conversou com a cofundadora do projeto, Talissa Briante.
 
Leia a entrevista na íntegra:
 
Leiagora - O que é o Clichês na Rua?
 
Talissa Briante - Em uma geração cada vez mais triste e imediatista, nós viemos para transmitir uma nova perspectiva de vida. Transformar o mundo de uma pessoa por dia, essa é a nossa missão.
 
Convidamos as pessoas a serem melhores para si e para o próximo. Queremos ser lembrados como um sábio amigo, que estende a mão para sociedade e nunca se esquece de dar um bom conselho.
 
Leiagora - Fale sobre o movimento. Como surgiu e de que forma ele foi desenvolvido?
 
Talissa Briante - Queremos levar amor através de poemas e frases. O Clichês surgiu quando vimos que em Cuiabá quase não tinha arte nas ruas e nós queríamos fazer algo que impactasse as pessoas, aí começamos a usar os lambe-lambe.
 
Começamos a desenvolver da seguinte maneira: eu, meu esposo (que na época era meu amigo), e uma amiga nossa. Nós compramos papel reciclado, fizemos a arte e começamos a colar pelas ruas em lugares movimentados. O primeiro lugar que colamos foi na Praça Alencastro. E desde a primeira ação vimos que estávamos impactando a vida das pessoas, começaram a abordar a gente na rua perguntando o que era aquilo.
 
Leiagora - Qual a principal ideia/mensagem do grupo?
 
Talissa Briante - Queremos marcar as pessoas com o lado bom da vida e lembrá-las dos valores que fazem o mundo melhor. Pessoas transformadas e renovadas, pessoas impactadas com uma melhor perspectiva de vida. Através das nossas artes, geramos um diálogo e uma reflexão interna: como estou? Quem sou? Para onde estou indo?  O que estou buscando? Como estou agindo? 
 
Leiagora - Quantos são os voluntários? Como eles chegaram até você?
 
Talissa Briante –
Nós temos aproximadamente 100 voluntários em Cuiabá e em alguns fora da capital. Eles chegam até nós, muitas vezes, quando são impactados por alguma frase na rua. Mandam mensagens para a gente, passam por um processo seletivo e entram no voluntariado.


 
Leiagora - De que forma vocês trabalham?
 
Talissa Briante – Nós trabalhamos fazendo ações sociais pelas ruas e ações periodicamente. Temos a frente de ações em comunidades carentes e em escolas estaduais para fazer palestras. Durante a pandemia nós fizemos, mas foi bem menos por questão do contato. Fazemos desde 2016 em datas comemorativas, como Páscoa e Natal. Já a frente da arte de rua são as colagens de lambe-lambe e o stencil nas pontes como prevenção ao suicídio. Também temos a marca social com produtos e camisetas para sustentar o movimento.
 
Leiagora - Como o grupo atinge a vida das pessoas?
 
Talissa Briante –
O movimento atinge a vida das pessoas através das nossas ações e artes de rua. A pessoa numa ação social recebe uma palavra, um abraço, uma doação e ela é atingida por aquilo. Às vezes ela não está bem e precisava. Ou através de palestras e doações. A gente fala que muitas vezes a pessoa está precisando ler uma frase na rua que ela não ouviria outra pessoa falar. Às vezes essa pessoa que está sofrendo lê essa frase na rua e recebe aquilo como uma resposta divina ou palavra de força. Muitas vezes a nossa arte de rua faz o papel daquela motivação e transformação da mente que aquela pessoa precisa.
 
Leiagora - Durante os anos do movimento, qual história mais te impactou?
 
Talissa Briante – Houveram duas situações que mais me impactaram. O primeiro, bem no começo do movimento, em novembro de 2015. Uma mulher que estava passando pela Alencastro leu a frase ‘Calma, ainda há tempo’. Ela contou que estava muito mal, com muita pressa e ansiosa. Quando ela leu aquela frase, ela conseguiu se recompor e viveu um dia melhor e entender que ainda dava tempo. Em outra situação, no ano passado, ocorreu depois que fizemos uma ação na ponte Sérgio Motta. Uma pessoa desistiu do suicídio. Foi um grande impacto, pois foi uma vida que salvamos do suicídio. E tiveram outras situações de pessoas que queriam e suicidar e por causa do Clichês foram salvas.


 

Leiagora - Na sua opinião, porque as mensagens tocam tanto as pessoas? Há falta de carinho e atenção na sociedade?
 
Talissa Briante – Nossa mensagem, muitas vezes, é uma mensagem de carinho e atenção. Mas, muitas vezes, é uma mensagem de confronto onde ela desafia a pessoa a tomar novas atitudes, seja em um relacionamento amoroso ou no trabalho, numa decisão. Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em reconhecer ou receber que o próximo pode ajudar. Podemos pensar que o outro está nos julgando ou não entende a gente. Por causa dessa barreira, deixamos de crescer. O Clichês na Rua é um amigo.
 
Leiagora - Qual foi a experiência do grupo durante a pandemia? O projeto foi afetado? Receberam mais demandas?
 
Talissa Briante – Na pandemia, percebemos o quanto os voluntários precisaram de mais força e de mais ajuda. A gente não pode ir para fora, para ajudar, mas dentro do grupo houveram situações e pessoas que tivemos que estar ali ajudando. Na pandemia a gente teve que diminuir as ações e olhar mais para dentro.
 
Leiagora - Como ajudar o Clichês na Rua?
 
Talissa Briante – Tem duas formas: se tornar voluntário entrando no site e preenchendo o formulário e aí a pessoa faz parte das nossas ações ou comprando nossos produtos. Fica na Rua Barão de Melgaço, número 70. As vendas são revertidas para o movimento e suas ações.
 
Leiagora - Quais os planos para 2022?
 
Talissa Briante – Queremos ainda mais fortalecer o Clichês com os voluntários. Estamos treinando para que os voluntários sejam a transformação aonde eles forem. Fazer a diferença nas ruas e na sociedade onde cada um está inserido. Que seja uma transformação social ambulante para ajudar quem esteja com depressão e prevenção ao suicídio.

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