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Notícias / Entrevista da Semana

31/03/2024 às 08:35

ENTREVISTA DA SEMANA

A busca do TRE para conscientizar os jovens sobre a importância da participação nas Eleições

O Leiagora conversou com o juiz da Primeira Zona Eleitoral de Cuiabá, Jamilson Haddad, que falou sobre a importância de inserir os jovens na participação política

Paulo Henrique Fanaia

A pouco mais de um mês para o fim do recebimento das solicitações de alistamento, transferência e revisão eleitoral no Brasil, a Justiça Eleitoral trabalha para convencer o jovem eleitor sobre a importância do seu papel enquanto cidadão.

De acordo com os dados do Censo de 2022, Mato Grosso tem 54.182 adolescentes com 16 anos de idade, porém apenas 9,98% deles tiraram o título de eleitor. Ainda, segundo os dados da Justiça Eleitoral, o total de jovens com 17 anos no Estado é de 55.600, sendo que só 27% possuem o título.
 
Pensando na conscientização desse público, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) lançaram a campanha “Semana do Jovem Eleitor 2024”. O objetivo é alistar os adolescentes entre 15 e 17 anos, mesmo sem a obrigatoriedade, para votarem nas eleições municipais de outubro. Em 2022, foram realizados 100 mil registros durante os cinco dias de campanha.
 
Leiagora foi até o Instituto Federal de Mato Grosso, em Cuiabá, acompanhar uma palestra do juiz da Primeira Zona Eleitoral de Cuiabá, Jamilson Haddad. O magistrado conversou com os alunos do IFMT e falou com a equipe de reportagem sobre a importância de aproximar os jovens da política.
 
Confira a entrevista na íntegra:
 
Leiagora - Sobre a “Semana do Jovem Eleitor” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que também o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) está fazendo. Quando começou e até quando vai a campanha? Qual é o objetivo da “Semana do Jovem Eleitor”?
 
Jamilson Haddad - O Tribunal Super Eleitoral tem buscado informações de como está a participação do jovem eleitor no que traz a Constituição Federal, da faculdade dos jovens de 16 e 17 anos de exercitarem o sufrágio do voto, eles não podem ser votados, mas podem votar, fomentando campanhas através dos Tribunais Regionais Eleitorais de todos os estados. A campanha terminou semana passada e trouxe algumas estatísticas. Por exemplo, nós temos apenas 13% dos eleitores aptos com 16 anos aptos ao exercício dessa faculdade do direito ao voto, já com título de eleitor. Apenas 39% em relação àqueles que possuem 17 anos de idade. Então, através disso, nós temos o “Voto Consciente”, também fomentado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o “Jovem Eleitor” fomentado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, a nossa presidente, a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, a nossa Corregedora e vice-presidente, a desembargadora Serly Marcondes, estão fomentando e por isso eu estou aqui hoje para instigar, concitar e trazer a informação da Constituição, da importância que esse jovem eleitor tem para a democracia, onde eles, através dessa consciência cidadã, podem participar de maneira mais ativa e efetiva do seu destino na vida em sociedade, exercendo essa representatividade indireta através dos seus representantes, escolhendo quais são, na sua acepção, os melhores candidatos, a vereador, prefeito, futuramente a governador e a presidente da República, senadores, deputados estaduais e federais. Nós temos uma força extraordinária nesse jovem eleitor e o Tribunal Super Eleitoral e o Tribunal Regional Eleitoral estão fomentando através de mutirões.
 
Nós fizemos vários mutirões, inclusive eu estive no ano passado fazendo mutirão em Acorizal, no interior de Mato Grosso, que também pertence à primeira zona eleitoral, trazendo a importância do cidadão, a importância do voto, a importância da democracia e nós estamos fazendo hoje aqui um mutirão no Instituto Federal de Mato Grosso trazendo esses debates que você muito bem presenciou, instigando os alunos a tomarem consciência da sua importância para o processo eleitoral.
 
Leiagora - O prazo para o alistamento eleitoral termina no dia 8 de maio. Quais são as expectativas do TRE-MT? Quantos jovens irão se alistar eleitoralmente?
 
Jamilson Haddad - Nós não temos uma previsão estatística numérica em relação à tomada de consciência desse jovem eleitor, mas nós estamos fomentando, a tomada de consciência desse jovem eleitor nesse projeto de mutirões, de palestras, como vocês estão muito bem fazendo através da mídia, instigando, concitando para que esses jovens de 16 a 17 anos tenham a real dimensão da força que possuem quanto eles podem participar em seus bairros, em sala de aula, elencando quais dificuldades que a sua família passa, quais dificuldades em seu bairro, quais dificuldades para ele vir para a escola, quais dificuldades no meio de transporte, o que poderia melhorar na vida deles, inclusive no voto eles podem melhorar a vida dos pais porque tudo passa pela política. Quando o jovem toma essa consciência ele ganha uma real dimensão da sua importância na sociedade e isso melhora inclusive a autoestima dos nossos jovens. Vocês da mídia estão de parabéns de trazer esse assunto tão importante onde nós devemos, pais, mães. parentes, cidadãos, fomentar os nossos adolescentes, o nosso jovem leitor de 16 e 17 anos a tirar o título de leitor e exercitar o direito do voto que é algo de maior importância para a vida deles, para a vida da sociedade e para todas as pessoas como um todo.
 
Leiagora - O senhor acredita que o jovem de 2024 está mais atuante nas eleições, se for comparar às eleições de 2022? Dá para fazer esse parâmetro?
 
Jamilson Haddad -
Dentro dessa estatística que somente 13% com 16 anos e 39% com 17 anos possuem título de eleitor [dados parciais de 2024], nós estamos vendo que ainda é um coeficiente pequeno, mas significativo. Eu fiz aqui uma enquete, quase todos estão nessa faixa de 16 e 17 anos, mas pouquíssimos ainda possuem o título de eleitor, mas muitos já procuraram. Eu acredito que essas campanhas que estão sendo desenvolvidas pelo Tribunal Regional Eleitoral sobre o jovem eleitor, sobre a consciência de tomada de decisão de participação social através do exercício ao voto, tendem a crescer. E quanto mais levar essa informação aos nossos jovens, mais jovens estarão participando desse processo eleitoral, dessa vida em sociedade de forma efetivamente participativa.
 
Leiagora -
 Sempre buscando falar essa linguagem dos jovens nas redes sociais, no Instagram, Facebook, TikTok e chamando também celebridades para falar com eles? Isso também entra nessa ideia do TSE?

Jamilson Haddad -
Nós temos várias dimensões de chamar a atenção do público alvo e evidentemente nós temos o público alvo que é a juventude, adolescentes, 16, 17 anos, ou seja, o jovem eleitor. Nós temos que trazer exatamente essa dimensão da linguagem desse público e tem determinados meios de comunicação que permitem uma maior participação e permanência do jovem eleitor, buscando informações. Evidentemente que personalidades, atores, pessoas que tenham relevância de participação social, muitos seguidores também podem exercer esse papel tão importante de instigar o jovem eleitor ao exercício desse direito ao voto.
 
Leiagora - O público jovem é um público que está imerso nas redes sociais, que é um meio onde circula muita fakenews. Como atuar com esses jovens, fazendo esse letramento digital, para eles perceberem o que é fakenews ou não?
 
Jamilson Haddad -
A mídia tem trazido muito a necessidade de combate as fakenews e nós temos a Justiça Eleitoral cada vez mais preocupada. A presidência do Tribunal Superior Eleitoral criou uma verdadeira equipe de gestão em relação a busca de fakenews, a identificação das fakenews e a repressão em relação a essas informações inverídicas que causam um abalo à democracia e à vida em sociedade. No próprio site do TSE tem um link que identifica quando uma informação é verídica ou uma fakenews. A imprensa inclusive tem alguns dispositivos que trazem essa possibilidade de verificação.
 
Leiagora - Qual é o papel da família para que o jovem seja incentivado a tirar o título de eleitor e ser mais atuante nas eleições?
 
Jamilson Haddad -
Eu lembro quando eu estudava em colégio público, eu estudei no Colégio Barão de Melgaço, no Colégio Liceu Cuiabano, eu me lembro de uma foto que eu tirei na quinta série, tinha uma mesa, uma bandeira de Mato Grosso e uma agenda. Essa foto eu fiz um quadrinho que está lá em casa até hoje. Naquele momento eu já sonhava com o meu futuro, em ocupar um espaço na sociedade, eu lembro como se fosse hoje, e a vida passa de maneira muito rápida. Nós precisamos sim trazer para os nossos lares, pais, mães, irmãos, adultos, junto aos nossos filhos, aos agregados, aquela família, o debate político. A maneira de sonhar uma vida melhor, a maneira de incentivar os nossos filhos, os adolescentes e jovens eleitores, a tomada de consciência, como está a própria vida, quais as dificuldades que possuem em relação ao transporte, ao sistema educacional, à alimentação, à questão asfáltica do seu bairro, às praças, aos parques. Como que nós podemos melhorar a nossa vida. Os pais precisam discutir isso com os filhos, e seria bacana, por exemplo, uma reunião uma vez por mês onde os pais chamam todos ali da família e vamos debater como está a nossa vida: “Filho, o que você pode melhorar? O que você pode ser melhor que o seu pai? Qual o seu sonho? O que nós podemos fazer para trazer a realidade a esse sonho? Para tornar a realidade do seu sonho hoje, no amanhã?”. Inclusive, fomentando que o direito ao voto, essa faculdade do Jovem eleitor de exercer o direito ao voto, escolher os destinos da sua comunidade através dos seus representantes, ou ser um deles amanhã, participando da vida em sociedade desde hoje junto aos seus bairros, se tornando uma grande liderança comunitária e política. Nós podemos fazer revoluções positivas, construtivas e de grande impacto positivo para a vida em sociedade através da instigação e da fomentação do jovem eleitor para que exerça o seu direito a essa faculdade ao voto.
 
Leiagora – Hoje vivemos momentos de extremismos na política e, muitas vezes, a família pode estar nesses extremos. Tem uma possibilidade de fazer uma política saudável com esses jovens mesmo pensando nesses extremismos que existem hoje em dia?
 
Jamilson Haddad -
Nós passamos por várias revoluções. Olhando a história, em 508 antes de Cristo nós tínhamos na Grécia antiga, na cidade de Atenas onde somente os homens, os maiores de idade, os que tinham liberdade e os ricos poderiam exercer o voto. Depois nós tivemos uma verdadeira revolução com a participação feminina, com a ampliação do direito ao voto de maneira mais consciente, participativa e informativa para a sociedade. A Constituição Federal de 1988 trouxe a faculdade dos jovens eleitores de 16 e 17 anos de participar desse grande momento social, que é o direito ao voto. Com essa campanha que estamos fazendo hoje aqui, fomentando a tomada de consciência da importância do exercício do voto e da participação social desde o período da adolescência, nós podemos ter uma exata dimensão do que nós podemos fazer para melhorar a partir de hoje em relação a nossa vida em sociedade.
 
Leiagora - Vocês fazem a campanha para os jovens votar, mas tem alguma campanha para os jovens entrarem na vida política?
 
Jamilson Haddad -
Hoje neste mutirão que nós estamos fazendo, nessa palestra, nós temos esse bate-papo com o jovem eleitor aqui na IFMT, eu fomentei exatamente isso que você está dizendo. Toda essa campanha de levar as escolas a debater com os jovens, onde eu disse: “aqui nós podemos ter um aluno que vai pensar nesta semana o que ele pode fazer de melhoria para o seu bairro, qual a dificuldade que ele está vivenciando em sua família, qual a dificuldade para estar hoje aqui estudando, o que nós podemos melhorar no ensino que está sendo ministrado aqui”. Esse fomento ser sem custo praticamente nenhum, a pé ele pode fazer tudo isso no seu bairro, ser uma grande liderança comunitária, expandindo para a região e amanhã despertando essa vontade cívica nesse princípio do sufrágio universal de votar e ser votado, ou seja, hoje ele participa como jovem eleitor votando, tomando essa consciência e participando no seu bairro, desenvolvendo a aptidão de uma grande liderança e amanhã sendo candidato e podendo ser votado por outros jovens eleitores ou por seus familiares e membros daquela comunidade, sendo um parlamentar.

 
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