Em discurso na tribuna da Câmara de Cuiabá, diante de protestos, o vereador tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos) utilizou seu tempo de fala para familiares e amigos do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, morto a tiros pelo parlamentar na noite de sexta-feira (1º), e aproveitou para criticar os julgamentos chamando a sociedade de hipócrita e demagoga. E ele ainda fez questão de explicar a tática utilizada para matar o agente, como os três segundos em que levou para virar a esquina e atirar.
Apesar de já ter dado entrevista e emitido nota sobre o fato, esta foi a primeira vez que Paccola falou na tribuna de maneira mais aberta e pública. Vale destacar que a galeria da Câmara estava lotada com amigos e familiares de Alexandre que foram pedir providências do Legislativo em relação ao vereador.
Mesmo convicto de que agiu de maneira correta, Paccola disse estar enlutado devido à morte do agente, mas reforçou que só agiu pelo fato de Alexandre ter sacado a arma de maneira indevida.
“Quero destinar a minha fala aos familiares e amigos de um colega de profissão que, infelizmente, decidiu fazer uso de maneira errônea desse instrumento, que nós protegemos o direito de todo cidadão usar, para que possa agir sim em legítima defesa”, afirmou.
O vereador admitiu estar em uma situação desconfortável e disse que irá carregar esse sentimento de “dor” para o resto da sua vida. “Não é confortável pra mim e externo a minha dor e sentimento de pesar aos irmãos, amigos e familiares do Alexandre. E quero dizer aos agentes socioeducativos que eu fui o primeiro a pedir que a Câmara acompanhasse as investigações. Eu não quero aqui que não seja feita a justiça, muito pelo contrário, eu quero que seja feita a justiça e ela é feita pelos órgãos investigativos”, completou.
Paccola segue o discurso enfatizando o trabalho dos policiais militares, e pediu para que eles não se “abalem ou esmoreçam” diante de todo o julgamento. “Infelizmente nessa situação as pessoas dizem que não sou policial e sim vereador, mas eu sou vereador, eu sou policial e vou morrer policial, e serei policial todos os dias, sou policial 24h sempre no cumprimento do meu juramento de proteger e defender a sociedade mesmo com risco à própria vida. Mesmo sabendo que a mesma sociedade hipócrita e demagoga, que cobra você de agir e quando você agir, quando você age é a primeira que vai te julgar”, enfatizou.
O vereador afirma que está sendo julgado por atuar em defesa da sociedade. “Nós temos uma regra de três, três, três. São três segundos para em três metros você executar três disparos em uma situação que você pode sair vivo ou morto. Aí você vai ser julgado por peritos de whatsapp, juiz de facebook, promotor de instagram, pessoas que quando veem uma barata e pular para cima de uma cadeira”, finalizou.