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Notícias / Entrevista da Semana

18/09/2022 às 08:00

Jorge Yanai que levar saúde pública para centro da discussão no Senado

Candidato à senatória do DC tem meio século de experiência na medicina e quer aproveitar expertise na vida pública

Jardel P. Arruda e Eloany Nascimento

Jorge Yanai que levar saúde pública para centro da discussão no Senado

Foto: Eduarda Fernandes

O primeiro senador do Brasil de origem japonesa, o médico Jorge Yanai (DC), quer voltar ao Senado após 12 anos para, desta vez, exercer um mandato completo e focado na saúde pública. 

Com 50 anos de experiência na medicina, ele aponta a necessidade de uma mudança completa na mentalidade da administração deste setor e acredita ser possível alcançar resultados muito melhores com menos gastos.

Paranaense, radicado em Mato Grosso há 47 anos, Yanai foi deputado estadual entre 1991 e 1995, tendo retornado ao cenário político como segundo suplente da chapa do senador Jonas Pinheiro, já falecido, em 2002. Assumiu como senador entre maio e setembro de 2010, quando Gilberto Goellner saiu de licença médica.

Considerado nome de expressão em Sinop, onde sempre residiu no estado, em 2014 voltou a ser suplente de senador, desta vez na chapa de Wellington Fagundes (PL), contra quem disputa a vaga ao Senado. Contudo, não assumiu nenhum dia sequer e atualmente se coloca contrário ao carreirismo na política, em uma nítida crítica ao senador adversário que está há 32 anos em mandato eletivo.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:


Leiagora  O que te motiva a continuar no meio político, o que te faz ser candidato agora ao Senado?

Jorge Yanai – Eu tenho 50 anos de medicina, sempre falo para as pessoas que sou contra carreirismo na política e tenho saído candidato, tenho sido deputado, senador, o carreirismo é viver da profissão de político, eu não sou, eu sou médico há 50 anos e 43 anos prestando serviço no estado de Mato Grosso em Sinop.

Ao longo desses meus 43 anos eu ganhei experiência, muito conhecimento. Muitos problemas que afligem o estado de Mato Grosso, eu participei das coisas boas, mas também tenho consciência das necessidades que o estado de Mato Grosso tem, então eu vejo que um dos setores que as pessoas mais reclamam pelo estado, em qualquer lugar que eu vá, é a infraestrutura das suas estradas intransitáveis, a necessidade da duplicação da BR-163 e saúde.

A saúde eu vejo uma situação precária não só no estado de Mato Grosso, vejo que existe uma precariedade na saúde pública e eu posso contribuir com a participação minha dentro do Senado Federal, muito próximo ao Ministério da Saúde para modificar essa situação.

Eu entendo a diversidade dos estados, os estados são diferentes em relação à saúde, para não poder comparar ao estado de Mato Grosso ao estado de São Paulo, mas dentro do estado de Mato Grosso já não pode comparar Cuiabá com uma cidade de menor porte no interior do estado, as condições são diferentes, forma de você tratar a saúde são diferentes.

Leiagora – Então infraestrutura e saúde seriam suas principais bandeiras?

Jorge Yanai – E a educação, eu considero um tripé, mas a saúde é o setor que eu posso contribuir mais, porque eu sou médico, sou o único senador, candidato médico e não só médico, mas eu tenho experiência gigantesca, eu faço trabalho sociais há todos esses 43 anos, faço trabalho sociais importantes na área da saúde, sou um dos voluntários líderes do Hospital do Câncer de Barretos, Hospital do Amor lá de Sinop e estamos há quatro anos lá batalhando. Já estão com 75% da nossa estrutura pronta e já tem duas unidades móveis percorrendo 32 municípios, mais de 30 municípios no norte do estado fazendo a prevenção do câncer e serviços gratuitos e de boa qualidade. Então, não é só isso, nos fazemos o programa de prevenção para as crianças, nós atendemos os índios do Xingu também com parceria da universidade, com parceria do Rotary Clube.

Leiagora – Hoje nós temos candidatos do Senado falando principalmente sobre infraestrutura, mas fora isso a maioria deles falam sobre agronegócio e você chegou falando agora de saúde. Você acha que esse é um diferencial seu para outros candidatos?

Jorge Yanai – Sem dúvida alguma, porque quando nós enfrentamos a covid, uma doença mortal, uma doença gravíssima de totalmente desconhecida e que pegou o planeta inteiro e que não foi diferente aqui no estado de Mato Grosso. Apesar da minha idade, nas vezes que eu tive na linha de frente também do atendimento da covid, eu tive a oportunidade também de ajudar a salvar muitas vidas, vi também o sofrimento e o despreparo do estado de Mato Grosso diante de uma doença grave, uma doença desconhecida, que mostra a fragilidade da saúde pública diante de um mal tão grande como foi a covid-19.

Então esse tipo de experiência eu cheguei a ter no corredor do hospital, porque eu sou dono de hospital, nos corredores dos hospitais tinham familiares ajoelhando, chorando, pedindo uma vaga e morrendo lá e a gente por não ter vaga na UTI.

Nunca vi ser enviado tanto dinheiro para saúde pelo governo federal, nunca teve na história, não teve época que o dinheiro emergencial... e não vi tanto desperdício de dinheiro também, em uma época dessa, porque lamentavelmente muito desse dinheiro foi desviado e um dos exemplos é que cidades de 11 mil habitantes tiveram verbas gigantescas para tratamento de saúde, de média e grande complexidade que não tinha porte para ele sair, então significa que esse dinheiro foi porque era pra ser a corrupção mesmo.

Leiagora – Quer dizer que essas cidades não tinham justificativa para receber essa quantia?

Jorge Yanai – Exatamente. Sumiu, o dinheiro desapareceu. Então essa época da covid foi a época que também desapareceu muito dinheiro, mas a saúde tem sido surrupiada ao longo dos anos, então muitas vezes quando o cidadão reclama da saúde pública, é o setor onde o político corrupto mais se apodera do dinheiro público. Umas das coisas que eu tenho falado bastante é corrupção e que a gente vê com muita frequência e com tanta frequência principalmente nessa pandemia.

A gente não tem que falar para as pessoas, por exemplo eleitores, que hoje nesse mundo moderno é muito fácil escolher o seu candidato, apertar o botão. Vai lá no google, faz uma pesquisa e vê o passado, alguém que tem 20 e 30 processos na justiça não é gente boa, não é gente digna para ocupar um cargo político. Então a população brasileira tem que ter ciência, nós temos que mudar e não é só falar, as vezes a população critica porque não gosta de política com corrupção, porém vota em corrupto.

Leiagora – Falta talvez educação política para a população?

Jorge Yanai – A responsabilidade da nossa parte também é de levar para o lado certo, por isso que nós estamos pela mudança, a mudança não é necessariamente alguém que não tenha tido, mas também eu falo carreirismo da pessoa que vive só de política, vive de política, vive de vender política, fica um jogo o tempo todo no poder, mas o poder serve para fazer que ele tenha maior capacidade em ajudar a própria população naquele setor específico, ou seja, na infraestrutura, na saúde e na educação.

Leiagora
– Se o senhor for eleito, se tivesse só uma coisa que o senhor pudesse fazer e falasse 'isso aqui vai se transformar agora', o que você mudaria em Mato Grosso?

Jorge Yanai – Seria a estrutura, porque o setor além da saúde, saúde é uma coisa muito generalizada, a saúde não é um mecanismo de uma coisa só, é um mecanismo de várias peças, que passa pela modernização, passa pela administração da saúde, porque o administrador da saúde não pode ter mentalidade de um administrador da medicina privada, porque quem faz medicina privada quer dar melhor assistência, melhor qualidade de atendimento e fazer com que o resultado econômico seja bom, não deixa quebrar o hospital, os hospitais públicos vivem quebrados, vivem sem condições de medicamentos e infraestrutura.

Então seria a mudança da mentalidade, a mudança da mentalidade da administração dos hospitais públicos, mudar o sentido da administração, a modernização da máquina pública no setor da saúde mais porque muitas regiões fazem grandes hospitais, eles não têm vídeo cirurgia, não têm tomografia, não têm ressonância magnética, a estrutura é gigantesca mas o que acontece lá dentro é primário, então a modernização dessa máquina seria um dos objetivos que eu tenho para fazer com que Mato Grosso tenha uma capacidade melhor no atendimento da saúde.

Então seria a modernização da saúde, a mudança da atitude da administração hospitalar, dos hospitais e fazer com que a gente aproveite essa era digital para fazer uma conexão do estado de Mato Grosso do interior com cidades que tenham capacidade de atendimento nas grandes complexidades.

Então facilitar o trabalho da saúde para que ele seja mais eficiente. Eu tive em Gaúcha do Norte e lá se alguém entrar em trabalho de parto e precisar fazer cesariana leva uma hora e pouco se não tiver chovendo até que ela alcance a cidade onde ela possa passar pela cirurgia e quando chegar lá a criança estará morta, provavelmente a mãe também correrá grande risco de perder a vida. São essas coisas que eu quero trabalhar para melhor no estado e a gente muitas vezes não organiza só aqui no estado, tem que organizar no Ministério da Saúde fazer com que o Ministério de Saúde entenda a diversidades dos estados.

Você não pode pegar o estado de São Paulo e comparar com o estado de Mato Grosso, a realidade nossa é diferente e o estado de Mato Grosso ele tem que entender diversidade do estado, não pode comparar Cuiabá com Gaúcha do Norte, porque as realidades são diferentes, então eu acho assim que a saúde tem que ter muito a ser identificado, são coisas básicas, procurar o que acontece de melhor nos outros estados para que a gente possa fazer a sua aplicação prática no estado.

A maioria dos políticos não entende muito de saúde, essa CPI da covid mostrou isso aí, CPI da covid foi uma palhaçada, aquilo foi um circo, porque o que se falava lá, todos os médicos de todos os países viram, porque tanta bobagem foi falada na CPI da Covid mostra quanto despreparo existe na política brasileira em relação a nossa saúde, a nossa saúde pode melhorar bastante se nós nos atermos a levar a sério a política. Por incrível que pareça, o setor de saúde ainda é um setor que tem político envolvido na corrupção. Político que se envolve na corrupção já é raro, quando ele se mete em corrupção na parte do setor de saúde aí sim ele está roubando vidas, roubando oportunidade de trazer benefícios, no meu pensamento.  

Leiagora – Dr. Yanai, o senhor hoje está em um partido pequeno por assim dizer, tem pouco tempo de TV, não dispõe do mesmo recurso público que os vários outros partidos grandes dispõem. Como fazer uma campanha que consiga chegar aos eleitores e fazer frente nessas campanhas multimilionárias?

Jorge Yanai – Precisa de gente como você, que possa me ajudar a chegar no meu objetivo. Hoje na minha ótica, eu entendo que não deveria existir tantos partidos políticos, mas se já existe tantos partidos políticos por menor que seja, deveria ter tempo mínimo de exposição no horário eleitoral, tempo de televisão, e rádio, um tempo mínimo e que aqueles que são partidos maiores tivessem mais tempo, mais ali já em uma campanha eleitoral.

Sem dar tempo de televisão, sem dar tempo de rádio eu acho que é uma forma covarde de se fazer uma avaliação dos candidatos. Estou com bastante dificuldade, temos dificuldades de locomoção porque o fundo eleitoral é quase zero, não temos tempo de rádio, nem tempo de televisão, o que nós contamos é com os meios de comunicação, diversos sites, jornais, rádio e televisão aberta que dão para nós possibilidade para chegar até o eleitor.

Leiagora 
Candidato, o senhor é lá de Sinop e lá começou essa discussão sobre essa retirada de Mato Grosso da Amazônia Legal. O senhor é a favor ou contra isso?

Jorge Yanai – Eu sou contra. Já cheguei a ser favorável em uma época que nós não tínhamos estradas, não tínhamos energia elétrica, apesar de trabalhar bastante e produzir nós não tínhamos, mas agora não, agora nós temos estradas e energia e a retirada não seria melhor porque o fato de pertencermos à Amazônia Legal, embora nós tenhamos menos a área para cultivo, mas o que temos é suficiente e temos as áreas degradadas ainda para serem trabalhadas e há bastante terra para serem cultivadas.

Nós temos que respeitar o meio ambiente e não custa nada respeitar o meio ambiente e porque nós continuamos ainda os maiores produtores de grãos. Na minha opinião, nós devemos continuar na Amazônia Legal, porque isso nos faz ser respeitados dentro do mundo e faz certo para o meio ambiente, de bem com meio ambiente, o meio ambiente tem que ser protegido, é isso, sou a favor de pertencer, nada de retirar.

Leiagora 
Fala-se muito sobre reforma tributária no Brasil, inclusive foi bandeira na eleição presidencial passada e agora novamente é uma bandeira nessa eleição, todo mundo fala nisso, mas na hora de executar sempre fica uma dificuldade que acabou não saindo. Como conseguir conciliar os interesses para reduzir impostos e não quebrar o estado? 

Jorge Yanai – Uma reforma tributária tem ao longo dos anos tentado dar uma solução, mas os interesses políticos são os interesses estaduais muitas vezes com impactos de frente que dificultam, então quanto menos compromissado seja o político com a política e ele mais interessado no estado, eu acho que o resultado será melhor, porque a reforma tributaria ela realmente é necessária.

É necessária a redução desses tamanhos desses impostos, a redução aí de cinco, seis impostos, muito impostos que tá sendo previsto, e ele faz com que haja uma economia melhor e faz uma transparência maior, então traz benefícios ao consumidor e também ao produtor, porque o produtor também paga e evita a bitributação.

A tributação que existe ao longo do caminho, o consumidor nem sabe quando ele vai comer um alimento e ele tá pagando muito imposto. A reforma tributária é uma coisa necessária no país, eu acho que ela é muito demorada para ser feita e é uma discussão muito difícil porque entra aí muitos interesses nos estados por causa da tributação diferente que existe entre eles. No meu ponto de vista, eu serei favorável na reforma urgente da tributação.

Leiagora – Qual sua posição sobre o porte de armas? Ampliar, manter como está ou deixar mais restrito?

Jorge Yanai – Nós somos um país democrático, então eu acho que isso aí deve dar essa liberdade ao cidadão de manter ou não uma arma propriedade para proteger sua propriedade, deixar que ele escolha, desde que ele esteja devidamente habilitado para isso. Eu sou favorável para a liberdade de se ter uma arma dentro da residência, porém eu não tenho.
 
Leiagora – E sobre o trânsito com armas?

Jorge Yanai – Eu acho que o trânsito com armas só para casos essenciais, que são casos específicos, a liberdade de carregar armas só pra quem tem ficha limpa, sem isso aí pode aumentar a violência.

Leiagora – Aborto, o senhor acha que a legislação brasileira sobre o aborto hoje é suficiente, precisa se tornar flexibilizada ou tornar mais difícil ainda?
 

Jorge Yanai – Eu sou contra o aborto, mas favorável dentro dos preceitos do Conselho Federal de Medicina, que é estupro de vulnerável, anencefalia, risco de vida, nesses casos, sim. Eu sou contra a instituição do aborto, mas eu acho que ela é necessária e deveria ser permitida e continuar sendo permitida nesses casos específicos que o Conselho Federal de Medicina já provou e isso é feito um estudo dentro do conselho e é um estudo muito bem feito e muito bem elaborado.

Leiagora – Para finalizar eu queria que o senhor deixasse uma mensagem para o eleitor

Jorge Yanai – A mensagem que eu gostaria de transmitir é que o eleitor votasse em ficha limpa, no mundo que nós estamos e as pessoas votarem em quem tem problema na justiça eu acho que isso aí é prejudicar o país. Tem tantos candidatos bons, então é procurar o passado de cada um, vai na internet e procura o passado. Tem processo na justiça? Elimine esse candidato e dá oportunidade de gente ficha limpa. O que eu aconselho o cidadão brasileiro do nosso país vote em quem é correto, quem é honesto e tem ficha limpa, essa seria a mensagem que eu diria.

E para o Senado Federal eu sou o único médico, único candidato médico e a saúde é a prioridade no estado de Mato Grosso, saúde é a prioridade, não existe nada mais sagrado do que a saúde. Não tem plantação, não tem comércio, não tem turismo, não tem passeio, não tem nada, não tem a infraestrutura, não tem petróleo, não tem absolutamente nada, do que a importância do que se ter o tratamento de saúde digno. Quando uma mãe vai com uma criança com diarreia, com febre, vômito, morrendo no pronto atendimento e ser mal tratado, não tem vaga de tratamento, não tem vaga de internamento, não tem vaga na UTI, isso sim é uma covardia contra a vida. Não existe uma coisa  com mais prioridade para nossa vida e no nosso estado que é a saúde, e a saúde é o que eu mais quero me dedicar e pedir o voto de todo mato-grossenses no 270.
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