As manifestações que começaram logo após o resultado do segundo turno das eleições em 30 de outubro pautaram os debates entre os deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Mato Grosso na manhã desta quarta-feira (23). Entre acusações de terrorismo e a defesa dos atos, as discussões ficaram acaloradas, porém sem ataques diretos entre os parlamentares.
Quem puxou o assunto foi o deputado Lúdio Cabral (PT) que chamou atenção dos ataques sofridos pela jornalista Deisy Boroviec, funcionária da Casa de Leis Estadual, nas redes sociais. Lúdio leu as ameaças de morte endereçadas à jornalista e classificou as manifestações como atos de terrorismo.
“Acredito que a maioria dos eleitores que votaram no Bolsonaro não concordam com os atos de terrorismo que estão sendo praticados nas rodovias de Mato Grosso. Gostaria de ouvir o pronunciamento de deputados aqui da Assembleia Legislativa que apoiaram o Bolsonaro aqui nessa Tribuna contra esses atos de terrorismo que estão provocando danos à vida de pessoas. Ontem (22) um pai com um filho doente implorando para atravessar os bloqueios, é um absurdo e o Governo Estadual precisa sair dessa posição de conivência”, afirmou o petista.
Logo depois o deputado Xuxu Dal Molin (PL) pediu a palavra e defendeu as menifestações da direita afirmando que os atos são sim democráticos e que alguns deputados estão tentando fazer política com o tema. O deputado ainda classificou como injusto culpar os manifestantes pelos atos de violência que vem acontecendo e ainda atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) chamando-os de covardes.
“Vejo colegas exaltados fazendo política. Nós temos que pegar as pessoas que estão à frente das coisas pra não fazer condenações injustas. Eu mesmo apareci no site UOL como um dos líderes do movimento democrático e eu nem no Brasil estava. Só para você ver a barbárie que é essa imprensa. Vejo gente querendo botar culpa em pessoas decentes, pais, mães, trabalhadores, caminhoneiros, agricultores, as pessoas que são os patrões dos ministros covardes do STF que estão fazendo um desserviço e querem colocar a culpa em pessoas que estão lá [nas manifestações] exigindo eleições transparentes”, disse Xuxu.
O deputado ainda classificou como desserviço as ações da Justiça Eleitoral e lembrou que foi um dos apoiadores do voto imprenso à época em que exerceu o cargo de deputado federal em Brasília. De acordo com o parlamentar, a população deve aceitar quem ganha e quem perde, o que a população não deve é aceitar mentiras, narrativas e falta de transparência.
“Se tiver que fazer outra eleição, tem que fazer, se não tiver, tem que aceitar de forma legítima”, finalizou Xuxu Dal Molim.
Também defendendo as manifestações, o deputado Gilberto Cattani (PL) disse que “Quem atira em ambulância, quem taca fogo em praça de pedágio, não passa de terrorista, assim como quando o MST invade, taca fogo, mata”, dizendo que as pessoas são todas da mesma laia.
Repetindo o que disse Xuxu Dal Molim, Cattani afirmou que é covardia ligar os atos de violência aos manifestantes que estão, de forma pacífica, defendendo eleições limpas.
“Atos criminosos devem que ser reprimidos e o governo de Mato Grosso está fazendo isso muito bem. Fechar rodovia é inconstitucional, mas é direito de manifestar é direito dos brasileiros que se manifestam de forma ordeira e pacífica e que não conseguem suportar que uma pessoa que foi supostamente eleito faça um discurso”, disse Cattani.
