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Notícias / Entrevista da Semana

04/12/2022 às 08:00

Eliene Liberato faz retrospectiva da gestão 2022, eleições e participação na COP-27

O Leiagora entrevistou a primeira mulher eleita como prefeita de Cáceres que aproveitou para fazer uma análise das metas atingidas neste ano e quais serão os objetivos que devem ser alcançados em 2023

Paulo Henrique Fanaia

Eliene Liberato faz retrospectiva da gestão 2022, eleições e participação na COP-27

Foto: Leiagora

Primeira mulher eleita a exercer o cargo de prefeita na cidade de Cáceres, Eliene Liberato (PSB) foi vice do ex-prefeito Francis Maris (PSDB) e atualmente conquistou o lugar de destaque na política de Mato Grosso, estado que não tem uma tradição muito forte de eleger mulheres para cargos políticos no Executivo.
 
Eliene assumiu a prefeitura em 2021, ano conturbado não só para o munícipio, como também para o mundo inteiro que enfrentava o segundo ano da pandemia da covid-19.
 
O Leiagora entrevistou a prefeita que fez uma análise da gestão municipal 2022, as obras concluídas, a forma com que conseguiu enxugar a máquina pública reduzindo o número de funcionários na folha de pagamento sem prejudicar os trabalhadores. A prefeita afirma que nem todas as metas estabelecidas para este ano foram cumpridas, porém, mais da metade foram atingidas, o que dá um gás a mais para começar o ano de 2023.
 
Sendo uma das representantes do Brasil na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, que aconteceu em novembro deste ano em Sharm El Sheik, no Egito, Eliene contou como foi participar do evento e como os olhos do mundo podem voltar para Cáceres, trazendo investimentos e melhorias nas questões climáticas.
 
Confira a entrevista na íntegra.
 
LeiagoraPrefeita, vamos falar primeiro em formas gerais sobre esse ano de 2022 e o balanço que a senhora faz dessa gestão. Quais foram as metas que a prefeitura de Cáceres tinha e o que a prefeitura conseguiu alcançar?
 
Eliene Liberato – O ano de 2022 foi um ano de muitos desafios. A gente estava saindo daquele processo pós-pandemia de 2021, onde os municípios tinham aquele decreto 173 que não podia fazer nada, ele vedava os prefeito de promover qualquer benefício, ação, principalmente no que se restringe à administração pública dentro da função de funcionário, das categorias. Ficamos o ano passado sem poder avançar. Quando eu assumi em 2021, foi um ano que a gente começou a concretizar o que estava na nossa plataforma de governo. Quase 80%, a gente conseguiu dentro do ano. Eu tinha um desafio que era melhorar a tabela dos funcionários efetivos que ganhavam menos de um salário mínimo e daí eu consegui, mandei um projeto de lei pra Câmara, a gente anulou essa tabela e todos os funcionários, eram trezentos e pouco funcionários, conseguimos equilibrar essa tabela.

Lançamos um programa voluntário de demissão e de aposentadoria que foi bom porque teve muitos que aposentaram, aqueles que tinham ainda uma certa instabilidade porque nem eram efetivos, estava naquela transição da lei, e eles tinham o direito porque eles recolhiam e graças a Deus assim fizeram. Isso deu uma enxugada, pediram demissão e aposentadoria, enxugamos inclusive algumas secretarias no início do ano pra que a gente pudesse pagar o piso.
 
Teve também a greve dos professores que queriam 33,23%, e não era possível porque nós estávamos com o índice comprometido e fizemos o que tinha que fazer Regulamentamos a lei da função das ADI que é a Assistente de Desenvolvimento Infantil, primeira regulamentada, regulamentamos a função dos guardas que não era regulamentada, melhoramos o salário dos contadores que, inclusive, no último concurso, todos pediram demissão porque o salário não era atrativo, a gente conseguiu fazer isso. Isso estou falando administrativamente.

Nas ações das políticas lá na ponta, reestruturamos algumas ações que eram necessárias. Entregamos quatro escolas reformadas, uma da zona rural outra da zona urbana climatizada que não eram climatizadas, reforma hidráulica, elétrica, troca de piso, entregamos 9 mil uniformes completos com kit pra nossas crianças, contendo duas peças duas camiseta e um short e uma saia, meia, tênis. Kits escolares com lápis, caneta, borracha, compasso e uma garrafinha de água.

Entregamos para os nossos professores efetivos e contratados um computador pra cada um que não tinha um notebook de última geração. Licitamos e entregamos duas escolas da zona rural e já mais quatro urbanas. Fizemos a nossa obra que foi uma foi um compromisso que foi a avenida que liga vários bairro ao centro da cidade que é Avenida Bandeirantes. No residencial universitário um e dois, que são mais de mil famílias que moram ali e outros bairros ali no DNR, Santos Dumont, São José, bairros ali que ligam nessa avenida. Nós entregamos o cemitério, reformamos o cemitério que estava todo comprometido. Começamos implantar nossa mobilidade e nosso plano de trânsito na cidade onde a gente começou pela avenida Sete de Setembro, rotatória, mão única. Começamos esse processo que ainda está em andamento. Iniciamos e lançamos o maior programa de recuperação asfáltica do município e investimos aí mais de R$ 3 milhões de recursos próprio, o governo do estado aportou R$ 500 mil, aí já fizemos o bairro Cohab Nova, o bairro Jardim Padre Paulo, Monte Verde, estamos fazendo as principais avenidas. Estamos trocando as lâmpadas de sódio por lâmpada de LED. Isso nós temos com recurso nosso e com convênio do governo estadual. Já fizemos na Sadia. Então assim, são várias ações na parte de infraestrutura e vários convênios que assinamos com o governo do estado, convênios importantes que estamos licitando agora.
 
Da parte de saúde voltamos para o consórcio que não estava e agora já estamos aí diminuindo, as demandas reprimidas das cirurgias que são ginecológicas, as pequenas cirurgias nós estamos atendendo já aqui em Cáceres. Esse mês de outubro por exemplo nós zeramos a fila de exame de mama e de mamografia. A volta pro consórcio foi muito boa. Conseguimos ambulância hoje para a zona rural do Distrito do Caramujo. A vila Aparecida tem ambulância. Reformamos a unidade básica de saúde da nova Sadia lá que não funcionava, no Caramujo tem médico, enfermeiro e dentista que não tinha. Adquirimos dois ônibus, um para o esporte e outro para a assistência social só pra atender demanda da parte do esporte e assistência social, tudo com recurso próprio e compramos mais cinco ônibus com recurso próprio também pro município.
  
Leiagora - A senhora falou que cerca de 80% das metas estabelecidas foram alcançadas, mas e quanto aos 20% que faltaram? O que que foi que faltou? Por que ficou essa pendência?
 
Eliene Liberato - Faltou recursos pra gente investir. Temos que melhorar nossas infraestruturas da área da saúde, que são nossas UBS. Nós elaboramos dentro da proposta de governo os quatro anos e nesse ano a gente conseguiu graças a Deus 80%. Nós temos ainda os dois anos a serem cumpridos. Ficou faltando aí a questão das reformas da nossas unidades de saúde, ampliação, construção, mas a gente já vai iniciar e licitar porque a cobertura ainda é muito baixa. Já estamos construindo uma UBS de tipo quatro. Já estamos construindo uma escola de 16 salas que a gente já deu ordem de serviço esse ano.

A gente já queria que esse ano tivesse entregando essas obras, mas nós já estamos no processo de ordem de serviço e de licitação. Já vamos licitar também na educação a reforma de mais escolas porque nossas escolas estão todas sucateadas precisando de tudo, principalmente climatizar. Em pleno 2022, num calor desse, essa questão ambiental, ninguém consegue concentrar e ainda não são todas climatizadas. Meu desafio vai ser chegar em 2024 e entregar a gestão com 100% climatizada, vamos ver se é possível.
 
Leiagora - Vamos falar agora de 2023. Quais as metas pra esse ano que começa, o que a prefeitura tem como prioridade e quer atingir?
 
Eliene Liberato - Queremos avançar no sentido de desenvolvimento. A gente precisa atrair empresas pra gerar renda e emprego pra nossa população. A gente tem esperança, e não quero falar muito, mas é uma realidade. Nós temos várias ações já que a gente vai dar início no ano de 2023, a exemplo, nós estamos com duas obras importantes que isso vai ampliar a geração de emprego e renda que é o asfalto que liga a cidade ao Frigorífico 3M, que é um frigorífico que gera 180 empregos e eles têm a capacidade de ampliar esse número, mas infelizmente não tem asfalto. Agora a gente já está licitando. Isso é um convênio com o governo do estado, fazendo esse asfalto isso vai ser muito bom, temos aí a perspectiva da reforma do aeroporto também que já foi licitado duas vezes, que é outra infraestrutura logística para o nosso município. Isso visa o desenvolvimento porque o nosso aeroporto é um aeroporto que tem condições de ter linhas aéreas funcionando.
 
Em 2023, se Deus quiser, já está na programação a gente vai sentar com o secretário de educação porque no próximo ano eu quero iniciar a implantação da escola integral que a gente não tem no município de Cáceres uma escola integral de referência. Entregar as creches que nós estamos terminando e já estamos abrindo matrícula, inaugurar quatro creches novas.
 
A pavimentação também que a gente quer fazer aí o maior programa de pavimentação e está também na proposta do nosso governador a nossa orla tão sonhada. Foi impossível ele fazer nesse primeiro mandato, mas tenho certeza que ele vai fazer agora e o nosso anel viário que este projeto a gente precisa para desafogar o trânsito da cidade. Então, na perspectiva de estrutura e de desenvolvimento, a gente tem aí uma forte parceria do governo do estado. Tem as casas que a gente conseguiu - 50 moradias com o governo do estado -  dinheiro que já está na conta.
  
LeiagoraO recurso para esses serviços e obras sempre contam com recursos do governo do estado e recursos próprios da prefeitura, é isso?
 
Eliene Liberato - Com recurso, com convênio do governo do estado, o governo federal, através de convênio ou emendas parlamentares e com recurso próprio. A gente fez muita coisa com recurso próprio, fizemos uma gestão e conseguimos fazer com recurso próprio.
  
Leiagora - Este ano Cáceres esteve nas manchetes do estado inteiro quanto ao aumento das mortes violentas. Como que a prefeitura agiu quanto a isso?
 
Eliene Liberato - Nós já tivemos reuniões com o nosso GGIM, que é o Gabinete de Gestão Integrada do Município, que a gente tem implantado e que funciona. Tem um presidente e toda a rede de segurança pública se reúne uma vez por mês e aí a gente já tinha colocado em pauta isso. Tivemos reuniões com o secretário de segurança, há uma preocupação muito grande, mas graças a Deus isso vem minimizando. O coronel Otono e o coronel Marcelo, que são da Polícia Militar aqui, são parceiros, mas a violência é atribuída à questão das facções e isso é complexo.

Mas existe um trabalho bem coeso por parte da segurança, tanto na fronteira quanto aqui em Cáceres. Agora, não tem como a gente sanar 100%, mas a violência, no sentido de número de mortes, é com a questão de, salvo algumas morte, a maioria é envolvido, segundo a própria polícia em um levantamento, é envolvimento com facção.
 
Leiagora - Sobre a covid-19. Ela está voltando e como que o município de Cáceres está se preparando para esse possível retorno dos contágios? Como anda a vacinação?
 
Eliene Liberato - Eu já sentei com minha secretária de saúde, já pedi pra ela reunir a equipe. A gente não ativou o comitê porque os índices ainda não estão, como se diz, lógico que a gente não tem que esperar o índice aumentar, sou contra isso. Eu acho que a prevenção ela tem que acontecer e a maior prevenção é a vacina, é mobilizar. Vamos fazer uma campanha sim de vacinação na cidade, sempre com o objetivo de conscientizar que a vacina é o melhor caminho.

O uso da máscara nós não colocamos ainda como obrigatório, mas vamos recomendar. Na segunda eu vou fazer um decreto recomendando o uso em ambiente fechado porque nós temos estabelcimentos de saúde que, por mais que sabemos que as pessoas tem resistência em usar, eu tive uns dados ontem que dizem que graças a Deus está controlado, mas vamos vacinar e não tem pra onde correr.
  
LeiagoraEste ano a senhora foi representar Cáceres na COP-27. Como foi na COP e o que isso pode trazer para o município de Cáceres?
 
Eliene Liberato - Eu fui na COP convidada pelo Instituto Sociedade e Clima e pelo Instituto Azira, que são duas ONGs da sociedade civil. O Instituto Alzira ele potencializa um trabalho da mulher no espaço político ,seja executivo, legislativo, e o Instituto de Sociedade Clima também. Eles orientam e dão suporte pra os municípios signatários do pacto global de prefeitas pelo clima e pela energia. Quando me convidaram, o objetivo de convidar é poque Cáceres está inserido nos três biomas: Amazonas, Pantanal e Cerrado. O objetivo da minha ida não foi técnico e sim como gestora mulher do município de porte de Cáceres onde tem os três biomas e mostrar quais ações que a gente tinha, quais as experiências focadas tanto na questão ambiental quanto de transição energética, o que o município vinha fazendo.
 
Temos aí várias ações já implementadas. Como eu trabalho e tenho um grupo dessas mulheres elas gostaram da proposta lá de “Cáceres Lixo Zero” desafio que ajuda a minimizar os impactos e mitiga também a questão da emissão de gases.
 
Leiagora E isso mostra Cáceres para o mundo inteiro?
 
Eliene Liberato – É onde eu quero falar. Fizemos um vídeo maravilhoso, todo mundo queria. Nós levamos mais de 40 pendrives e distribuímos e isso chamou a atenção, porque a gente mostrou que nós temos de belo, de bonito, mas também falei dos desafio que além da fauna, da flora, do bioma rico, de tudo que a gente tinha da nossa cultura de belo em Cáceres que era umas cidades que ainda estava no G100 e que precisava de investimentos e a gente precisava sim de um olhar pra o nosso município que, apesar de ser rico, tem um desafio de implementar ações. Nós vivemos ainda da pecuária que é uma atividade que a gente sabe também que, por mais que vivemos disso, traz alguns impactos e nós temos também o turismo, temos a nossa cultura e temos a fauna riquíssima. Tem também a questão do nosso saneamento, que ficou bom pra nós. Colocamos o que nós temos de bom, desafios que nós temos que enfrentar. Como falar de transição energética, se você não tem saneamento? E o que sai de lá? Participamos de duas mesas como para colocar esse desafio, eu e a prefeita de Abaetuba, a prefeita de Palmas, a governadora do Rio Grande do Norte e uma deputada federal do Acre. Eu vou fazer o diagnóstico da emissão de gases nossa e vamos colocar as ações não só de recuperação de nascente, recuperação de áreas degradada, ilhas. Nós temos também a nossa coleta seletiva, o nosso saneamento, a necessidade de esgotamento sanitário é urgente. Então tudo isso foram elementos pra gente pleitear recursos. Estava lá o Banco Mundial, muitas fontes de recursos internacionais e eles também se comprometeram em ajudar os países e os município pobres. Temos o exemplo da maior usina fotovoltaica pública onde a economia, tanto da questão de emissão de qualquer energia renovável e também trazendo economia para os cofres públicos e nossas tarifas energéticas que hoje atende as escolas, Unidades Básicas de Saúde, as praças, toda a estrutura pública nossa hoje.
 
Essa questão climática, todos os prefeitos daqui pra frente, o Brasil tem que se conscientizar e cuidar, porque daqui a pouco os outros países não vão querer nem comprar nem vender, vão boicotar os países que não tem o comprometimento com os objetivos de mitigar isso aí. Então eu acho que foi fundamental e é o início, a sementinha plantada para que Cáceres possa ir e sair na frente.
 
Leiagora - Mais uma vez a região de Cáceres ficou sem nenhum representante, tanto na esfera estadual quanto na federal. Qual é o seu balanço dessas eleições? E por que a região ficou sem representante?
 
Eliene Liberato - Pois é, eu fiquei triste porque, apesar da gente ter nomes bons, que fizeram história em Cáceres, que trabalharam, tivemos aí um número reduzido de candidatos em relação ao pleito passado, que eram 13, agora foram seis candidatos. Candidatos como o ex-prefeito que tinha duas gestões consecutivas, a Valdeniria que é do nosso partido, que também pleiteou a vaga para estadual, ela está no sexto mandato de vereadora. E pra federal três candidatos como o próprio Dr. Leonardo que fez um trabalho excelente, também era candidato Túlio Fontes, ex-prefeito, que era suplente. Quer dizer, infelizmente a gente não logrou êxito nessas eleições. Nome e trabalho a gente tinha. A gente tinha compromisso também com outros candidatos da região, a exemplo do Valmir Moretto que foi eleito, o partido dele está na nossa coligação, é o partido do vice-prefeito, mas infelizmente não foi possível.
 
Aí a pessoa pergunta por quê? A gente tinha número suficiente de eleitores pra eleger? Tinha. Mas foi uma eleição difícil porque teve candidatos que foram bem votados, mas não conseguiram legenda. E aí Cáceres mais uma vez sem deputados estaduais e sem deputado federal.
 
LeiagoraMas ao menos o governador Mauro Mendes que a senhora apoiou se elegeu né?
 
Eliene Liberato - Exatamente. Apoiei o Mauro Mendes por aqui, por tudo que ele fez e pela gestão dele. É uma pessoa que eu admiro. É exemplo tanto de gestão fiscal como de gestão pública e apoiamos ele e graças a Deus foi bem votado aqui e também a gente conta com os deputados que foram eleitos, o próprio Moretto aqui da região, Max que é do partido. Todos esses deputados que tiveram voto em Cáceres, que possam nos ajudar.
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