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Notícias / Política

27/11/2023 às 16:10

COLINAS DOURADAS

Moradores de VG denunciam irregularidades em sorteio de casas no município

Ao Leiagora, secretário Ricardo Araújo explicou que não houve falha no sorteio e que o programa ainda está em andamento

Da Redação - Karine Arruda / Da Reportagem Local - Paulo Henrique Fanaia

Moradores de VG denunciam irregularidades em sorteio de casas no município

Foto: Paulo Henrique Fanaia/Leiagora

Moradores de Várzea Grande demonstraram descontentamento e chateação após o sorteio de casas do residencial Colinas Douradas I e II, localizado nas proximidades da rodovia Mário Andreazza. Por conta disso, muitos deles se direcionaram à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Econômico e Turismo do município, na manhã desta segunda-feira (27), para denunciar uma suposta fraude.

Segundo eles, o chamamento público não teria levado em consideração o grupo prioritário, sem contar que muitos nomes dos que pertenciam ao grupo apareceram na lista de pré-aprovados, porém, não foram sorteados. Além disso, a população também alega que entre os sorteados estavam nomes repetidos, nomes sem sobrenome e nomes de trabalhadores e familiares de integrantes da gestão municipal.

A representante comunitária do bairro Costa Verde, Kelly Dayane, 29 anos, conta que está há 12 anos morando de favor e na fila de espera do sorteio. Ela reclama que das 505 pessoas pré-aprovadas, que preencheram os pré-requisitos, apenas 12 foram contempladas.

“O sorteio foi feito no sábado, às 18h, mas a lista foi divulgada no domingo às 10h. Antes da lista oficial, saiu uma outra lista que não era oficial, depois retiraram do sistema. Quando essa lista saiu, o nome de todos os pré-aprovados da prioridade sumiu do sistema. Nós só tivemos como provar porque a gente tinha o link e os prints”, comentou em entrevista dada ao Leiagora.

Kelly contou que fez a denúncia de irregularidade ao secretário de Desenvolvimento Urbano e Regularização Fundiária de Várzea Grande, Ricardo Araújo, e que vai encaminhar o ocorrido ao Ministério Público.

“Fizemos uma reunião com o secretário de habitação e ele confirmou pra gente e mandou uma nota para imprensa de que realmente houve falha. Ele assumiu, mas está dizendo que a falha não é na habitação, é na Caixa Econômica Federal”, disse.

Para Vilma Dias dos Santos, 62 anos, que luta pela casa própria desde 2014, a suposta fraude nesse sorteio só serviu para tirar ainda mais as esperanças de que pudesse sair um dia do aluguel: “Uma velha de 60 anos vai ter esperança do que mais?”.

Vilma é aposentada por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ela recebe R$ 1.320,00 de benefício, porém, desse valor, pelo menos metade é para garantir os gastos de casa, já que o aluguel está na faixa dos R$ 600,00.

Outra moradora de Várzea Grande, Sérgia Dias Barbosa, 71 anos, contou que vive sozinha debaixo de um linhão no bairro Ouro Verde e que sonha com a ideia de que um dia poderá ter uma vida digna.

“Faz tempo que eu vivo lutando para ganhar uma casa, que eu não consigo ganhar. Eu quero ter a minha casa, eu não aguento ficar pagando aluguel. Agora que eu não tô pagando aluguel porque eu moro no linhão”.

O caso de Tayna Bispo Rodrigues, 27 anos, também não é muito diferente. Ela mora em um grilo no bairro Jacarandá, em um barraco de compensado, sem rede de esgoto e em condições extremamente precárias.

“Eu tenho mais de seis anos lutando por essa casa e me encaixo em todos os requisitos e não ganhei. [...] A gente tá muito revoltado porque saiu muito nome duplicado na lista, nome sem sobrenome, pessoas que não estavam na lista, nem o código do sorteio tinha e foram contemplados com a casinha”, contou revoltada.

Ela alega que as pessoas que de fato precisavam das casas não foram sorteadas, ou seja, pessoas que se enquadram nos requisitos estabelecidos pelo sorteio, mas que não foram premiadas. Enquanto isso, nomes incompletos ou pessoas desconhecidas acabaram sendo contempladas por bem menos.

Outra moradora que também demonstrou insatisfação com o resultado do sorteio foi Ketillyn Aparecida, 33 anos, que já morou no Ginásio Valdir Pereira, em Várzea Grande, por cerca de 4 meses. Depois disso e até o momento, ela mora de favor.

“Já chegou de sair contemplado e quando eu trouxe os documentos aqui, meu nome já não estava mais na lista. A gente fica numa situação que a gente não sabe onde correr atrás [...] Eles não conseguem resolver nada pra nós”, comentou.

Ketillyn também debateu ter visto pessoas vendendo as casas sorteadas enquanto as que realmente precisam tem passado necessidade e se humilhado para conseguir pelo menos uma resposta.

“Tão vendendo casa antes de pegar a chave, vendendo casas por R$ 5 mil, sendo que tem gente que realmente precisa, necessita de uma casa e não pegou”, completou.

Em resposta

Indagado pelo Leiagora sobre as denúncias e reclamações por parte da população, o secretário Ricardo Araújo explicou que não houve falha no sorteio e que o programa ainda está em andamento. Ele também explicou que o primeiro passo é fazer o sorteio e depois verificar se os sorteados cumprem com todos os requisitos.

“O programa ainda não acabou, foram sorteados, mas agora eles estão no processo de recolhimento de documentos para encaminhar essa nova documentação, onde eles vão comprovar todos os critérios. Nós vamos mandar para a Caixa Econômica, que é quem define, se ele já foi beneficiado com outro programa habitacional, se sim, eles vão ser excluídos”, declarou.

Sob a suspeita de que das 505 pessoas, já contempladas nos pré-requisitos e que participaram do sorteio na aba de prioridades, somente 12 foram selecionadas, o secretário esclarece: “Eles podem ter sido pré-selecionados, mas no sorteio eles não foram. [...] Essas 12 pessoas ainda vão passar pelo novo critério de documentação e vão ver se realmente eles atendem todas as regras”.

No caso do encaminhamento das denúncias ao Ministério Público e a possibilidade de que o sorteio seja refeito, Ricardo afirmou que o programa não é da prefeitura do município e, sim, do Governo Federal, representado pela Caixa Econômica, por esse motivo não estão previstas mudanças nas contemplações.

“Eu não tenho autonomia para fazer isso porque esse programa não é do município, é do Governo Federal. O critério é do Governo Federal. Quem vai decidir se vai ter um novo ou não, não somos nós, se tiver, vai ser o Governo Federal. Eu acredito que como foi seguido todos os critérios desta portaria 412/2015 não vai ser cancelado. Se for ter algum cancelamento ou alguma coisa, não vai ser por parte do município”, disse.

O secretário também reiterou que marcou uma reunião com a Caixa Econômica Federal para alinhar e solucionar as reivindicações dos moradores.

 
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