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27/04/2024 às 14:38

NÃO CAIU BEM

Deputados que criticam o socioeducativo vivem em uma bolha, afirma presidente do Sindpss

Após a prisão dos jovens que assassinaram motoristas, Júlio e Botelho afirmaram que Pomeri serve apenas para criar bandidos

Paulo Henrique Fanaia

Deputados que criticam o socioeducativo vivem em uma bolha, afirma presidente do Sindpss

Foto: Reprodução

As duras críticas feitas pelos deputados estaduais Júlio Campos e Eduardo Botelho, ambos do União Brasil, ao sistema socioeducativo, caiu como uma bomba para a categoria de agentes que trabalham no Complexo Pomeri, em Cuiabá.

Para rebater a acusação de que o local serve como “formador de bandido”, o presidente do Sindicato da Carreira dos Profissionais do Sistema Socioeducativo do Estado de Mato Grosso (Sindpss/MT), Paulo César de Souza afirma que os parlamentares vivem uma bolha que não está inserida na vida real.
 
Tudo começou quando os dois adolescentes responsáveis pelo brutal assassinato de três motoristas de aplicativo em Várzea Grande foram internados no Pomeri na última quarta-feira (17). Indignados com a situação, os deputados afirmaram que o socioeducativo não é capaz de punir os jovens e que o local serve apenas para “formar bandidos”.
 
Indignado com as falas, Paulo César concedeu uma entrevista ao programa Entre Elas na Rádio Capital nesta segunda (22) e disse que os trabalhadores do Pomeri ficaram revoltados com as falas dos deputados.
 
Paulo César disse que eles apenas seguem o que está determinado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei esta que foi criada em 1990. Ele ainda afirmou que Júlio Campos já foi senador e deputado federal e quando esteve no cargo nunca atuou para mudar a lei, apenas fica criticando sem entender a real situação do sistema socioeducativo brasileiro.
 
“Eles vivem em uma bolha, ele mora em condomínio fechado, tem segurança, moram em prédios com segurança total. Então é fácil atacar o socioeducativo. Nós seguimos a lei, se eles mudarem a lei, nós vamos seguir a lei que eles mudaram. Quem faz a lei são eles, isso tem que ficar claro pra população. Nós não podemos criar uma lei e executar. Não caiu bem dentro da categoria essa fala. Eles jogaram a peteca pra nós, mas eles que têm que mexer, eles são legisladores”, disse Paulo César.
 
Além de serem obrigados a seguir as normas do ECA, Paulo César ainda relatou o fato de que os agentes do socioeducativo são reféns de outras normas que não estrão escritas nas leis brasileira, as regras internas das facções criminosas que dominam Mato Grosso.
 
Segundo o presidente do sindicato, as regras de conduta das facções criam normas que devem ser seguidas não só pelos internos do Pomeri, mas como pelos próprios trabalhadores do local. Como exemplo ele cita o fato de que os dois adolescentes internados pelos assassinatos dos motoristas estão isolados em um quarto da unidade pois estão sendo ameaçados pelos outros adolescentes.
 
Isso porque, há uma regra das facções que determina que são proibidos crimes contra motoristas de aplicativos. “As facções têm uma determinação interna e algumas situações eles não aceitam que o faccionado realize e algumas coisas eles cobram e aí ficamos lá dentro refém disso. A tutela do adolescente está conosco e nós temos que aguardar a direção da casa, tem a equipe de referência que vai fazer todo um levantamento, é feito um relatório diário em como está a relação deles dentro da ala que eles estão alojados”, disse Paulo.
 
O presidente ainda garante que mudar a situação da violência não parece ser uma questão prioritária para os parlamentares.
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