O que parece improvável aconteceu. Jovens, com idades entre 20 e 30, resolveram alterar a data de nascimento para fraudar o sistema de agendamento para vacina contra covid-19 da Prefeitura de Cuiabá para ‘furar fila’ e tomar a vacina no lugar dos idosos acima de 85 anos que estão autorizados a receber a primeira dose. Porém, os documentos destas pessoas foram retidos e serão encaminhados para o Ministério Público apurar o fato.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Valéria Oliveira, explicou que algumas pessoas colocaram uma data de nascimento para se enquadrar no grupo de 85 anos, mas quando se faz a verificação percebe pelo documento que está errado. E não se tratam apenas de enganos ou desinformação, são atos de má-fé mesmo.
Outro problema relatado por Valéria é a de que alguns filhos de idosos que estão fora da faixa etária também acabam agendando e ao chegar no local não podem ser vacinados, causando transtorno até mesmo para os pais, que acabam saindo de casa e se expondo. Valéria reforça que no momento não tem vacinas para todas faixas etárias, por isso é importante que as pessoas respeitem a ordem.
Ela explicou, inclusive em entrevista na manhã desta sexta-feira (12), que essas pessoas que tentaram furar fila acabam prejudicando toda a campanha de vacinação, que havia previsto pelo menos 4 dias para concluir a vacinação dessa população acima de 85 anos, mas agora deve se estender por pelo menos mais um dia. Outro fator é que está tirando a vez de uma pessoa que realmente poderia ter conseguido o agendamento e ter sido vacinada.
A problemática do chamado ‘fura-fila’ tem sido debatida não apenas em Mato Grosso, mas em vários estados. Diante disso, o Congresso estuda uma punição mais rigorosa a quem fraudar o sistema e atropelar o plano nacional de vacinação. Nessa quinta-feira (11), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 25/21, do deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), que tipifica os crimes de infração de plano de imunização; peculato de vacinas, bens medicinais ou terapêuticos; e corrupção em plano de imunização. O objetivo é coibir a prática de furar a fila de vacinação contra o novo coronavírus e outros desvios. A matéria segue para análise do Senado.
A infração pode resultar em pena de reclusão de um a três anos, e multa. A pena é aumentada de um terço se o agente falsifica atestado, declaração, certidão ou qualquer documento. Além disso, a proposta dobra a pena de expor à vida ou saúde de alguém a perigo no caso de simulação ou aplicação fraudulenta de vacina. Com isso, a pena passa de detenção de três meses a um ano para detenção de seis meses a dois anos.
