Diante da recomendação expedida pelo Governo do Estado na última semana, os prefeitos das cidades polos do Estado se articulam para decretar novas medidas visando o combate à covid-19 a partir desta segunda-feira (29). No entanto é possível que os gestores contrariem o governador Mauro Mendes (DEM) e não proponhem a quarentena.
Os gestores dos municípios de Cuiabá, Cáceres, Juína, Tangará da Serra, Barra do Garças, Alta Floresta, Várzea Grande e Rondonópolis se reuniram na manhã deste domingo (28) por videoconferência para debater o assunto. O deputado federal Emanuelzinho Pinheiro (PTB) também participou do encontro.
A intenção foi debater sobre ações para o enfrentamento ao contágio pelo novo coronavírus, respeitando a realidade de cada município. Partindo disso, foi elaborado um ofício com as medidas construídas pelos gestores, o qual deverá ser divulgado hoje (29).
Vale ressaltar, porém, que o prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat (MDB), já editou um decreto nesse fim de semana implantando a quarentena e permitindo os serviços essenciais, dentre eles, salão de beleza e academias, que já constam no decreto federal.
Para o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), é fundamental a restruturação da saúde nos municípios, evitando assim a penalização da população e a alta demanda na capital do estado em razão da desassistência aos municípios do interior, gerando um “efeito cascata” mediante a alta demanda em cidades polo.
Para se ter ideia da gravidade da situação, neste domingo, 214 pessoas de todo o estado estão na fila de espera por um leito de UTI para Covid-19. Desse montante, 75% são oriundas do interior do Estado.
Pinheiro reforça que os gestores municipais estão angustiados e indignados com a situação atual, onde o Governo do Estado atribuiu aos municípios toda a responsabilidade, mas não investiu, não socializou os recursos e nem os direitos, apenas os deveres.
“Estão fazendo de cada município uma panela de pressão, no momento que estamos enfrentando a maior crise sanitária da história. Sobram para os municípios as responsabilidades, mas faltam a eles o respeito, dialogo, recursos e condições políticas e administrativas para a tomada de decisões”.
Com dez leitos de UTI exclusivos para covid, o prefeito de Juina, Nicolas Veronese, descreveu que mesmo com a fiscalização intensa para evitar aglomerações, entende que o fechamento completo das atividades não vai refletir no comportamento das famílias. “Percebemos que são realizadas reuniões com 15, 20 familiares, o que incide na contaminação. Sou contra o fechamento”, afirmou.
José Carlos do Pátio (SD), prefeito de Rondonópolis, disse que considera injusta qualquer tentativa de penalização aos gestores municipais frente a todo esforço empenhado no combate ao contágio. “Não é justo. Quando fechei tudo no ano passado, me acusaram, apontaram irresponsabilidade. Mas não arrependo. Fiz o correto pensando na população", analisou.
Pátio aproveitou ainda a presença do deputado federal Emanuelzinho (PTB) para cobrar uma articulação junto ao governo Federal para agilizar o envio das vacinas. Isto porque, atualmente, Mato Grosso é o penúltimo no ranking de recebimento de doses do imunizante contra a covid.
Os gestores das cidades de Sorriso, Sinop e Confresa não conseguiram participar das discussões em razão de problemas técnicos. Em Sinop, o prefeito Roberto Dorner também já editou decreto seguindo as recomendações de quarentena no município.