Contra privatização dos Correios, sindicato pede reunião com bancada federal de MT
Sintect alerta sobre os danos que a venda da empresa causará, dentre eles a demissão em massa, queda na qualidade dos serviços e aumento dos custos na prestação dos serviços para a população
O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas dos Correios em Mato Grosso (Sintect-MT) quer debater com a bancada de deputados federais de Mato Grosso os Projetos de Lei Nº 7.488/17, que trata da extinção do monopólio de serviços postais, e o Nº 591/21, que fala da privatização dos Correios. “Precisamos debater a necessidade da permanência da ECT enquanto empresa pública, a serviço da população brasileira”, defende o presidente do sindicato, Edmar Leite.
A solicitação da reunião virtual foi encaminhada através de ofício, na semana passada, pelo presidente do Sintect ao coordenador da bancada, Dr. Leonardo (Solidariedade). O requerimento também foi encaminhado para os deputados Carlos Bezerra (MDB), Emanuel Pinheiro Neto (PTB). Juarez Costa (MDB), Neri Geller (PP), Professora Rosa Neide (PT), José Medeiros (Podemos) e Nelson Barbudo (PSL).
No ofício enviado, o sindicato alerta sobre os danos que a venda da empresa causará para a sociedade brasileira, dentre eles a demissão em massa, queda na qualidade dos serviços e aumento dos custos na prestação dos serviços para a população.
De acordo com Edmar Leite, esse debate é urgente. Ele aponta a necessidade mostrar que a ECT é uma empresa lucrativa, mas também cumpre um papel social muito importante. “Quem vai perder com a privatização da empresa é principalmente a população das pequenas e médias cidades, bem como os moradores nas periferias das grandes cidades e estes ficarão sem atendimento em caso de privatização, visto que as empresas privadas estarão presentes somente onde dá lucro” ratificou.
“A privatização também seria um golpe para a economia, atingindo principalmente milhares de pequenas e microempresas que usam a logística dos Correios para seus negócios no Brasil ou no exterior. Mais de 15 mil empresas brasileiras utilizam o serviço ‘Exporta Fácil’ para expandir seus negócios para outros países. Com a privatização e o consequente aumento das tarifas muitos desses negócios seriam inviabilizados e as empresas fechariam as portas!”, diz trecho da carta anexada ao ofício encaminhado aos parlamentares.
Trajetória
A ECT completou 358 anos, presente em mais de 5,5 mil municípios brasileiros, empregando mais de 92 mil trabalhadores em todo o país. Destes, aproximadamente 1,2 mil são de Mato Grosso.
Desde 2017, a empresa vem registrando resultados positivos nos balanços anuais: em 2017 o lucro foi de R$ 667 milhões; encerrou 2018 com um lucro líquido de R$ 161 milhões; em 2019 balanço financeiro registrou saldo lucrativo de R$ 102 milhões e em 2020 em plena pandemia registrou um lucro liquido de mais de R$ 1,5 bilhão.
Não à venda
Pesquisa do PoderData realizada em março aponta que 52% da população brasileira é contra a venda, enquanto 29% dizem ser a favor e 19% não souberam ou não responderam à pergunta.
Para os sindicalistas, os eventuais compradores dos Correios não estão interessados na distribuição das cartas, mas no mercado bilionário de entrega de encomendas. A ECT alega não exercer monopólio nesse setor. No entanto, oferece esses serviços a preços mais baixos que as empresas privadas de frete. Portanto, o verdadeiro intuito do processo de privatização seria eliminar a concorrência, analisa o sindicato.
Eles observam que além do lucro financeiro, os Correios prestam relevante serviço social à sociedade, pois também entregam vacinas, medicamentos, leite materno, livros didáticos, urnas e materiais para as eleições, provas do ENEM, entre outros.
Na Câmara
No dia 20 de abril deste ano, os deputados aprovaram, por 280 votos a favor e 165 contrários, uma abstenção e cinco obstruções, a urgência do PL 591/2021, que permite a privatização dos Correios. No dia 28, foi realizada audiência conjunta na Câmara dos Deputados para debater os projetos de lei 7.488/17 que trata da extinção do monopólio de serviços postais, e o 591/21 que trata da privatização dos Correios.
Da Assessoria do Sintect
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