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13/04/2021 às 17:35

“Mulheres do Mato” trata da ancestralidade e ressignificação pessoal da artista

Exposição ainda conta com poemas de Divanize Carbonieri e Marli Walker e curadoria de Aline Figueiredo

Túlio Paniago

“Mulheres do Mato” trata da ancestralidade e ressignificação pessoal da artista

Foto: Divulgação

A abertura da exposição “Mulheres do Mato”, da artista plástica Neide Silva, acontece nesta quarta-feira (14.04), às 16h, no Cine Teatro Cuiabá (Sala Anderson Flores). Também estarão expostos poemas das escritoras Divanize Carbonieri e Marli Walker.A mostra segue até o dia 4 de maio. O projeto foi um dos selecionados pelo edital MT Nascentes, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), por meio de recursos da Lei Aldir Blanc.

A curadoria é da crítica de arte Aline Figueiredo. Os trabalhos selecionados dialogam com as várias facetas de Neide e suas vivências que extrapolam o campo das artes plásticas, afinal as telas também carregam os traços da história e das raízes indígenas da artista. “Eu sou uma bugra”, enfatiza.

Ela tem total consciência da conotação negativa do termo, por isso explica que é neta de Dona Bugra, parteira, benzedeira, raizeira e conselheira afamada na região do Pedregal (onde Neide nasceu e se criou). “Apesar de analfabeta, contava muitas histórias e era uma mulher ativa na comunidade. E nós, suas filhas e netas, éramos as bugrinhas”, relembra.
Dona Bugra era filha de mulher indígena da etnia Umutina. Neide revela que foi levada a reprimir esta herança ancestral durante a infância, porém, com a maturidade, assumiu a identidade legada por suas antepassadas e agora busca ressignificar o termo pelo quala avó era chamada. “É uma palavra pra depreciar, mas agora eu trago ela com um novo significado. Eu sou uma menina de pé descalço e gosto de ser assim. Ser bugre é ser livre”.

Aliás, a exposição reúne uma série intitulada “As Bugras”, que retrata as cinco mulheres da família Silva. Já uma outra tela, intitulada “Pele que habito”, em referência ao filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, faz uma releitura de uma pintura indígena da etnia Umutina.

A artista

Neide Silva tem 48 anos e cresceu na periferia de Cuiabá, no bairro Pedregal. Começou a se interessar pela arte ainda menina, inspirada pelo irmão, o também artista plástico Sebastião Silva. Ela acompanhava de perto as conversas dele com os amigos que frequentavam o Ateliê Livre do Museu de Arte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Ela se dedica há cinco anos às artes plástica, por isso a curadoria e o respaldo de Aline Figueiredo em sua primeira exposição é motivo de orgulho e inspiração para seguir a carreira. “É um marco pra mim. Agora já me sinto como uma artista plástica mesmo. É o começo de uma nova etapa”, celebra.

Se nas artes plásticas ainda está no início de uma promissora trajetória, na literatura trilha um caminho consolidado. Ela já publicou cinco livros infantis: Cigamiguinho, Sabina – A sapinha bailarina, Kaike e Elvis, Lola e Iribi Sabiá, este último selecionado pela prefeitura de São Paulo para ser distribuído em bibliotecas públicas e escolas do município. Atualmente está na fase de edição de seu último livro, intitulado “O Reino que Ruiu”, trabalho que foi selecionada pelo edital da Lei Aldir Blanc da Prefeitura de Cuiabá.

Serviço:
Abertura da Exposição Mulheres do Mato
Quando: Quarta-feira (14.04) às 16h
Onde: Cine Teatro Cuiabá (Sala Anderson Flores)
Período de visitação: De segunda à sexta (10h às 18h) e aos sábados (9h às 12h) até dia 04 de maio

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