O ‘canhão político’ do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), delatado por ex-secretários de Saúde ao Ministério Público Estadual pode ter custado mais do que R$ 16 milhões de prejuízo aos cofres públicos com excesso de pessoal contratado para atender interesses políticos, como apontado na investigação no Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) do MPE. As contratações de pessoas sem preparo e apenas para satisfazer acordos políticos podem ter custado vidas.
A ex-secretária municipal de Saúde, Elizeth Araújo, afirmou que a ingerência política na pasta, com a troca de profissionais à revelia do gestor, pode ter levado a uma situação de piora de mortes na pandemia ou para a vacinação.
“Se você tem uma enfermeira ainda não qualificada para sala de vacina, ela pode ter dificuldade de aplicar. Se você tem um médico, ele está recém formado e coloca ele num setor delicado como UTI ele pode não saber reanimar, não saber intubar. Se você tem um recepcionista e ele não é bem preparado para acolher a pessoa, aí ele vê a pessoa lá ligada ao fulano de tal vereador e atende aquele primeiro, a pessoa pode ter um infarto na recepção sem que ela seja atendida no tempo correto”, assegurou a ex-gestora da Secretaria Municipal de Saúde.
As indicações políticas de pessoas sem qualidade técnica e despreparadas geram não só uma situação de ingerência, mas impacta na qualidade do serviço prestado à população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Você tem dificuldade de atender a população com equidade e isonomia. Tinha informações de profissionais de alguns setores que atendiam a demanda do vereador X na frente dos outros, isso pra mim era grave, por isso coloquei a minha intenção de áreas mais sensíveis, mais difíceis e de maior contato com a população fosse por pessoal de carreira”.
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