O vice-prefeito José Roberto Stopa (PV) evitou polemizar sobre a possibilidade de o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) ser afastado do cargo novamente, mas garante que está preparado para assumir o comando do Palácio Alencastro caso isso ocorra.
Ele ainda revela que o chefe do Executivo Municipal está analisando a possibilidade de vir a encarar a disputa ao governo do Estado no pleito de outubro deste ano.
Já com relação a sua situação política no Partido Verde (PV), ele afirma que ainda não está definida. Ele reforça que é contra federação, não descarta deixar a agremiação, e afirma que já recebeu diversos convites de outras legendas.
Leiagora - Prefeito, o senhor acumula a Secretária de Obras, então pode começar falando das obras que já foram executadas, as que estão pra ser feitas, os projetos futuros.
Stopa - Projetos futuros são dois viadutos, que é o do Centro de Eventos Pantanal, que a gente deve, mais tardar em março, lançar o processo licitatório, e o viaduto da Lava Pés. Também estamos trabalhando muito forte no sentido de termos uma parceria com o Banco do Brasil para levantar mais essa trincheira na Miguel Sutil no Círculo Militar.
Essas três obras juntas de mobilidade urbana, vão basicamente fazer com que a Miguel Sutil seja uma das avenidas mais rápidas de Cuiabá, mais fáceis de trafegar. Então, na verdade neste ano nós devemos, pelo menos, ter dois viadutos já lançados em obra.
Também temos aí essa parceria com o BNDES no qual 20 novos bairros serão 100% asfaltados. Enfim, que representará aí mais 90 Km de asfalto novo em dois anos.
Leiagora - Na semana passada, o prefeito Emanuel Pinheiro determinou a suspensão de todos os lançamentos de qualquer obra até terminar as que já estão sendo executadas. O que que isso significará na prática? O que que vai implicar?
Stopa - Na prática é pedir aos secretários, com toda razão, mais calma. As vezes, na ânsia de atender muita gente, você fica lançando obras novas sem observar as que já foram lançadas. Então, na verdade, você tem que primeiro entregar aquilo que você começou pra depois você lançar nova. Eu acho que a atitude dele foi corretíssima.
Emanuel teve uma atitude 100% acertada e não 99%, foi 100% correta, porque as vezes, você vai lançando obras, vai lançando obras e não dá sequência naquelas que estão para terminar. Então, ele está corretíssimo.
Leiagora - A Secretaria tem uma estimativa de quantas obras estão em execução e quantas estão paralisadas?
Stopa - Citaram 86 obras. Dessas 86, a Secretarias de Obras só tem duas que serão retomadas em breve que é o Cais do Porto e a segunda eu não estou lembrado, mas não temos obras paradas na Secretaria de Obras. As demais obras estão em pleno andamento. Então, na verdade, o prefeito está corretíssimo a ação do prefeito, tem que pegar as obras que estão parada, tem que correr atrás, tem que resolver, tem que ser essa a meta de governo, até porque fica muito ruim você terminar um governo com um universo de obras paralisadas.
Então, muito correto, eu o parabenizei por isso e defendo essa tese. A obra tem que ter início, meio e fim e é isso que nós vamos fazer, tanto é que daqui a uns 10, 15 dias nós vamos entregar 100% do Vitória, que foi uma obra que nós pegamos no início do ano passado, faltando uma parte de asfalto por uma questão contratual, que o contrato não dava, corrigimos o contrato e vamos entregar.
Nós estamos entregando 100% das obras que recebemos, inclusive, as que estavam paradas.
Leiagora - Com relação a Águas Cuiabá, o senhor quando estava como prefeito foi um grande crítico das Águas Cuiabá, principalmente no que tange ao processo de finalização. Na semana passada, o prefeito também disse que vai encaminhar um projeto para Câmara de Cuiabá para endurecer as regras. Como que vai ser isso?
Stopa - Fui um grande crítico enquanto prefeito e continuo sendo como secretário e o prefeito Emanuel nos autorizou, conjuntamente com a Arsec, obviamente ele vai aprovar, quem dá a palavra final é o prefeito, mas nós estamos pedindo avaliação dele aí na próxima semana desse projeto de lei. Vai estar sendo concebido pela Arsec, em parceria com a Secretaria de Obras. A Águas Cuiabá está indo muito bem na universalização da água e na universalização do esgoto, mas a hora que chega no quesito tapa-buraco é uma merda, não estão fazendo bem feito.
Estive com o presidente da concessionária na semana passada, e eles estão começando com uma nova metodologia desse serviço de tapa-buraco, com novos produtos, com uma tecnologia moderna. Nós vamos testar esses novos produtos, mas mesmo assim estamos trabalhando uma legislação que permita uma maior fiscalização, um maior controle.
A Águas Cuiabá é uma concessão e ela não pode retalhar Cuiabá e deixar Cuiabá como se fosse um queijo suíço. Então, nós estamos trabalhando pra que isso deixe de acontecer. Reconhecemos a importância do tratamento de esgoto e mais ainda da água.
Leiagora - O projeto vem no sentido então de penalização?
Stopa - Sim, vem no sentido de penalização. Vem no sentido de endurecer as regras obrigando a empresa ter maior compromisso com o tapa-buraco, sem perseguição. É fazer bem feito, prefeitura vai bater palma, a população vai bater palma, Cuiabá vai ganhar. E nós precisamos que Cuiabá ganhe e não perca. Então. na verdade o que nós queremos é só isso. A Águas Cuiabá, eu sempre parabenizo pela universalização da água, sempre parabenizo pelo esgoto, mas nós vamos ter que ter essa conversa franca, aliás nós já tivemos essa conversa franca. Nós não fazemos nada pelas costas, o prefeito tem deixado isso muito claro, e é isso que nós vamos fazer.
Leiagora - Prefeito, desde o primeiro mandato, a gestão tem sido alvo de muitas polêmicas e também de operações. Como integrante da administração, como o senhor analisa isso?
Stopa - Veja bem, eu não gosto de entrar muito nessa questão judicial, porque é um problema na justiça. Então, para te falar a verdade, eu analiso a coisa de forma prática, e mesmo com todas as operações, que eu não quero questionar aqui a justiça e nem tenho esse direito, ordem judicial é para ser cumprida, a gestão tem sido de avanços.
O prefeito Emanuel Pinheiro, na minha visão, sai como um dos prefeitos que mais entregou obras e vai entregar muito mais ainda. Já são dois viadutos entregues, serão mais dois a serem entregues, serão trincheiras, é asfalto, enfim, o prefeito com mais entregas na história de Cuiabá.
Essas operações a gente tem que ver o resultado final delas.
Leiagora - Mas o senhor não acredita que essas operações geram desgastes para a administração municipal?
Stopa - Toda ação gera desgaste, sem dúvida nenhuma. Toda ação judicial gera desgaste. Ninguém é bobo nisso daí, mas a gente tem que ver o resultado final dela. Porque se chegar à conclusão que não houveram o que disseram que houve. Então, a gente tem que esperar com muita calma, com muita tranquilidade.
Leiagora - Na semana passada a Procuradoria Geral da República emitiu um parecer no sentido de derrubar a liminar que garantiu o retorno do prefeito ao caro. O senhor está preparado para assumir o Palácio Alencastro casso ele seja afastado novamente?
Stopa - Não conversei com ele sobre isso, porque não acredito que isso vá acontecer. Não acredito mesmo. Respeito o parecer da Procuradoria, mas não acredito. Então, nem conversei com ele sobre esse assunto, mas, pode ter certeza, que eu converso muito com o prefeito Emanuel Pinheiro, conversamos muito sobre a gestão e eu estou preparado pra tudo. Por exemplo, se Emanuel for candidato a governador estou preparado, se ele não for, estou preparado pra continuar sendo secretário. Eu sempre disse, fui eleito vice e estou preparado pra ser vice, estou preparado pra ser secretário e estou preparado pra ser prefeito, pode ter certeza.
Leiagora - Nesse período que o senhor ficou como prefeito o senhor fez a ponte do Executivo com o Governo do Estado. Como que está essa relação?
Stopa - A relação Prefeitura e do governo do Estado nunca foi boa. Na verdade, existe aí uma questão de ambos que não cabe a mim analisar. Eu procuro sempre fazer essa ponte para o bem de Cuiabá, e o prefeito Emanuel Pinheiro já me disse que eu tenho essa liberdade de sempre tentar pacificar essa situação e fazer a ponte.
Emanuel já disse que não há problema nenhum, que eu devo tentar, porque se for bom para Cuiabá ele vai estar do meu lado.
Leiagora - Quando o senhor estava como prefeito foi prometido parceria em alguns projetos. Como está essa questão?
Stopa - Entregamos os projetos, que é o asfaltamento de vários bairros. O processo está sendo analisado, um calhamaço de documento, tudo é muito burocrático, pois um processo de asfaltamento de um bairro passa por drenagem, meio-fio, calçada, passa por sondagem de solo, enfim. Então o processo é demorado, mas encaminhamos e a Sinfra, através do secretário Marcelo Padeiro, já nos devolveu pedindo algumas correções, e estamos fazendo as correções e vamos entregar, no máximo, na próxima semana.
A partir daí, cabe ao Governo definir se vai contribuir conosco ou não, mas assim, isso com muita transparência. O governador Pivetta e o governador Mauro colocou a possibilidade, mas a análise é deles, não minha. Nossa parte fizemos, que foi encaminhar os documentos.
Leiagora - Vamos entrar na questão eleitoral. Quantos secretários deverão deixar a administração municipal para participar do pleito de outubro deste ano?
Stopa - Até agora o secretário Vanderlúcio se afastou, já está preparado para a disputa, diz que está queimando gasolina azul para ser candidato, e o secretário Air Praeiro também já havia se afastado. Obviamente todos têm esse direito.
O ser humano é um ser político, todos aqueles que manifestam ser candidato tem esse direito. Eu, por exemplo, na gestão passada me afastei e acabei sendo vice. Eu não tinha compromisso de vice, não tinha compromisso de nada e acabei sendo vice. Quer dizer, nós somos seres políticos.
O secretário Vanderlúcio tem todo direito, como secretário Air Praeiro, de brigar, e eles têm todas as possibilidades do mundo de ganhar a eleição.
Leiagora - Já aproveitando esse gancho de eleição o senhor sempre deixou claro que é contra a federação com o PT. Como que está essa discussão que já teve alguma audiência?
Stopa - Não sou contra a federação com o PT, eu sou contra a federação. Eu acho que tira a autonomia do partido, engessa e não respeita aqueles que fizeram o partido crescer nos seus estados.
Realmente se for definido lá em cima você é obrigado a seguir aqui embaixo. É como se fosse um casamento que você não pode separar por duas eleições. Eu sou radicalmente contra, tenho me posicionado sobre isso com muita clareza, dentro do partido, inclusive, mas ainda estamos discutindo.
Leiagora - Se for confirmada a federação o senhor vai deixar o partido?
Stopa - Eu não sei se vou deixar, porque eu sou um apaixonado pelo Partido Verde, minha vida foi toda no Partido Verde, tudo que eu conquistei foi no Partido Verde, sou um defensor da natureza, sou um defensor da preservação dos rios, sou um defensor da preservação da natureza, sou um defensor do desenvolvimento sustentável, mas isso me chateia muito, e aí eu vou realmente reavaliar.
Leiagora - O senhor já recebeu algum convite de algum outro partido?
Stopa - Vários, mas não vou dizer quais porque assim, como eu não analisei ainda, fica parecendo que você tá jogando. Mas na hora certa eu vou conversar com esses partidos, são partidos importantes, partidos decisivos aqui em Mato Grosso, que me deixaram extremamente feliz, recebi convites sim, e estou analisando.
Leiagora - Apesar da discussão de federação, o partido está trabalhando nas formações das chapas proporcionais? O senhor está acompanhando?
Stopa - Até agora não. Porque assim, eu acho que política você faz quando você tem amor, quando você tem vontade, quando você tem desejo. E te confesso, eu acho que essas mudanças na legislação são mudanças oportunistas, descabidas, isso tira a vontade de fazer política.
No momento não, mas posso te garantir que daqui uma semana eu estou refletindo, eu estou estudando estou analisando, eu estou vendo o que realmente será essa federação, estou conversando com muita gente, daqui uma semana eu vou me posicionar e aí vou começar a fazer política nesse mês de março que é fundamental pra se formar a chapa onde eu estiver, se eu estiver saindo ou não do PV.
