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Notícias / Entrevista da Semana

13/03/2022 às 08:00

Turismo em MT não é caro, é falta de planejamento

Secretário-adjunto de Turismo diz que mato-grossense planeja viajar fora do Estado, mas não faz isso para conhecer o próprio Estado

Débora Siqueira

Turismo em MT não é caro, é falta de planejamento

Foto: Reprodução

Fazer turismo em Mato Grosso não é caro. Falta planejamento e a mudança de pensamento de que porque está próximo é possível viajar no fim de semana seguinte. Turismo mesmo dentro de Mato Grosso requer programação e de última hora qualquer viagem fica cara. Pelo menos esta é a percepção do secretário adjunto de Turismo, Jefferson Preza Moreno.
 
Em 2019, a Secretaria Adjunta havia planejado um programa para incentivar o turismo interno em Mato Grosso para ser lançado em 2020, mas com o advento da pandemia, os planos tiveram que ser adiados.
 
Nesta entrevista para o Leiagora, ele explica sobre a retomada do setor, os investimentos e os planos para incentivar o Turismo no Estado. Confira:
 
 
Leiagora – Como está sendo esse turismo pós-pandemia aqui em Mato Grosso? O turismo interno cresceu como no restante do país?
 
Jefferson –
Vamos voltar um pouco antes da sua pergunta. Eu sou cuiabano, sou apaixonado pelo nosso estado e tive oportunidade de fazer faculdade em São Paulo. Eu falo que ali começou minha vida com o turismo. Eu trouxe muitos amigos, colegas de faculdade, de cursinho para conhecer o Pantanal e Chapada dos Guimarães. Muitos voltaram já depois de casados e com filhos. Meu maior desafio quando eu entrei aqui no governo era fazer uma campanha para que nós mato-grossenses, pudéssemos conhecer nosso estado. A gente consegue se programar para ir ao Rio de Janeiro, Nordeste e para Europa, mas não consegue programar para ir para Chapada dos Guimarães e Pantanal. E porque não consegue fazer isso no nosso estado? É cultural, a pessoa fica livre no fim de semana e quer ir ao Pantanal, aí chega lá e está com 80% de ocupação e qual o poder de barganha que você vai ter? É negócio né, se eu estou com uma taxa de desocupação alta, dou um desconto. Eu conversei com os empresários sobre os motivos que os mato-grossenses não viajam no estado e eu estava montando uma campanha, uma estratégia fomentar o turismo regional, isso em 2019. Eu fiz várias reuniões e era ano de atualização do Mapa do Turismo, aí nós começamos a construir um esboço de um projeto para o mato-grossense viajar dentro do estado com tarifas diferenciadas.
 
Leiagora – Mas é quase uma máxima dos mato-grossenses acharem mais caro pegar um avião com passagem aérea promocional e ir ao Rio de Janeiro do que ao Pantanal. Por que o preço para conhecer o Pantanal é tão alto?
 
Jefferson –
Eu discordo que é caro. É uma coisa muito mais cultural nossa, que a gente começou aqui falando. A hora que eu falo que eu vou fazer uma viagem em me programo para julho, as férias de fim de ano, mas nós não conseguimos o hábito de programar uma viagem aqui dentro. Então a hora que eu falo assim: Eu vou, eu quero ir para o Pantanal, eu quero ir para a Amazônia, quero ir para o Araguaia, eu quero esse final de semana, eu quero ir no próximo feriado. Muitas vezes os hotéis já estão aí com 70%, 80% 90% da taxa de lotação e eles não conseguem dar desconto. Agora nós vamos programar para o mês de julho para o Pantanal, então eu tenho aí quatro, cinco meses para eu procurar, para eu negociar com os hotéis. Eu não tenho só os hotéis de ponta no Pantanal, eu tenho várias pousadas dentro do Pantanal com custo-benefício bom, o problema que elas não estão em locais muito visíveis. Quero trazer as agências de Sinop, do Araguaia, para conversar mais para falar um pouco do produto que eles têm lá, mas também fazia negócio.

Leiagora – Mas e aí como ficou esses planos com a pandemia? O projeto iria começar em 2020.
 
Jefferson –
Em 2020 estourou a pandemia, né? O programa ia pegar as temporadas de pesca de fevereiro a outubro. De outubro a fevereiro é o período da piracema e geralmente começa reduzir o fluxo dos turistas nesses locais. Então a gente vai começar a construir umas tarifas diferenciadas fora do período de pesca. A gente estava desenhando já isso aqui com os empresários, tem que soltar uma grande campanha sobre o turismo interno, mas estourou a pandemia e não foi para frente e aí a gente teve que começar a se reprogramar tudo e a secretaria não parou.
 
Leiagora – Já que teve esse grande projeto, ele parou por causa da pandemia. As pessoas não estavam viajando, como é que o senhor trabalhou o turismo no período da pandemia?
 
Jefferson -
Eu tive uma muita conversa com o setor de bares e restaurantes, associação dos hotéis, os guias de turismo e as agências de viagem e mais de 80%, quase 90% do que as agências comercializavam era de de fora do estado. Eles não tinham aí um ambiente de negócio dentro do estado, então a partir daí, eu comecei a desenhar rodadas, eu coloquei esses empresários pra conversarem, pra dar negócio pra eles. Fiz uma parceria com o Sebrae e fomos pioneiros no Brasil em usar essa plataforma para colocar os empresários para conversarem e fazerem negócio. Os operadores de agências de viagens conversaram com os empresários e a gente fez oito rodadas de negócio. Quando começou a se abrir o turismo de novo, começou a diminuir os decretos municipais, esse pessoal de grande centro iria querer vir para cá também em turismo mais restrito. Nós não temos um turismo de massa em Mato Grosso. Eu tenho 2 mil leitos no Pantanal, 800 leitos em Chapada, uma praia do Nordeste tem 15 mil leitos.
 
Leiagora – E com o relaxamento dos decretos como está este projeto de turismo regional?
 
Jefferson –
Retomo ele agora, eu certo no período da pandemia e todo mundo viu que precisa de turismo regional muito forte. Estou finalizando o Mapa do Turismo e vou voltar a viajar de quatro cantos do estado conversando de novo com os empresários para gente não perder isso que aconteceu. Acho que a pandemia trouxe a todos os estados a importância do turismo regional.
 
Leiagora – A gente vê muito vender Mato Grosso para fora e agora é hora de vender Mato Grosso para dentro?
 
Jefferson –
A gente tem público aqui. Nós temos as pousadas, hotéis, barco hoteis para todos os gostos, todos os públicos, todos os bolsos. Nós fizemos uma parceria com Minas Gerais, uma plataforma que chama plataforma integrada do turismo descubramatogrosso.com.br e dou link para cada município, para eles colocarem tudo que tem na cidade, um mini inventário do turismo. Infelizmente algumas prefeituras não avançaram nisso, mas hoje eu já tenho 30 cidades que fizeram serviço de casa estão bem avançadas dentro da plataforma. Sei que o Sebrae está precisando de um trabalho com 17 de uma interação de turismo também que eu vou ter a ele aqui uns dias quase 50 dentro do Descubra Mato Grosso.
 
Leiagora – Como estão as feiras de turismo para que se possa vender Mato Grosso?
 
Jefferson –
As feiras nacionais e as internacionais quase todas foram canceladas e esse ano voltou agora em março. A primeira vai ser em Portugal no final do mês de março e agora a gente então volta um novo um novo formato desses eventos. Neste ano vai ser maiores, todas com rodadas de negócio. Eu quis botar os empresários também na nessa linha de diálogo com o público, eu trabalhar paralelo a isso no fortalecimento do turismo regional. Conto com as agências de viagem para conversar com os donos atrativos, donos de hotéis aqui dentro do estado nos quatro polos: Araguaia, Pantanal, Cerrado e Amazônia.
 
Leiagora – Secretário, por que aqui em Mato Grosso não tem há preços diferenciados ao morador da cidade. Por exemplo, no Rio de Janeiro, que é morador da cidade paga mais barato para ir no bondinho, no Cristo Redentor, do que um turista que não é dali. Por que não se investe em valores diferenciados para o turista local?
 
Jefferson –
Onde sei que existe isso é em Nobres. Morador de Nobres tem uma tarifa diferenciada dos atrativos turísticos. Então é uma ali entrou na lei do turismo do sistema do turismo municipal eles conseguiram implantar isso e o trade foi muito participativo. Eles têm uma cota por semana e outro no fim de semana. Essa comparação do Rio de Janeiro eu falo também muito sobre isso aí porque tem muitos amigos cariocas também e eu sei que essa prática é lá. Uma água para o turista custa R$ 9 e uma água para o morador custa R$ 3 no quiosque. É uma prática que a estruturação é dos municípios, que fortalece política do turismo municipal.
 
Leiagora – Qual o maior gargalo do turismo de Mato Grosso?
 
Jefferson –
Temos um bom diálogo com a Secretaria de Infraestrutura, a gente fala bastante sobre a infraestrutura de alguns pontos turísticos. Eu não posso entrar com investimentos numa área privada. O governador Mauro Mendes ele tem uma visão do turismo muito clara que eu não posso ter só o atrativo ali, precisa do algo a mais. Há vários fatores para que a gente possa melhorar cada vez mais o turismo e atrair novos investidores. Vou dar um exemplo. Em Barão de Melgaço, nós começamos a soltar na mídia algumas matérias falando das obras na orla de Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger, São Felix do Araguaia. Já recebi alguns empresários que querem abrir negócio nessas regiões, pousadas de pesca esportiva ou pousadas para observação de pássaro. A gente já começou a receber porque agora nós vamos ter mais infraestrutura e aí a gente começa a ver os empresários se movimentando também em busca de negócio.
 
Leiagora – Em 2013, durante o governo do Silval em 2013, começou a pavimentação da estrada verde ligando Cuiabá a Rondonópolis passando pelo Pantanal com recursos do Prodestur. Como está este projeto?
 
Jefferson –
Na época foi captado recurso via Prodestur e eles mudaram muito o que iria fazer com o recurso, a estrada saiu pela Sinfra e falta 6 km a 12 km para finalizar a rodovia. Vai ser uma Rodovia Verde, passando pelo Pantanal e desviando da serra de São Vicente, uma região bonita já passei de carro algumas vezes nela. Vai ser proibido as carretas trafegarem, terá outro acesso para ligar a Serra de São Vicente a Porto de Fora, em Barão de Melgaço.
 
Leiagora – A rodovia pode fomentar outros produtos turísticos?
 
Jefferson –
Além das orlas de Santo Antonio de Leverger e Barão de Melgaço será criado um píer no rio Mutum para ordenar o turismo ali, a gente vê que ali parece a Salgadeira antes da reforma, depredando o meio ambiente e nós estamos fazendo um projeto muito especial ali para aquela região de Mimoso também. A gente vê ali um turismo muito forte, final de semana vai muita gente tomar banho. A gente quer montar ali uma infraestrutura mesmo para receber os turistas.
 
Leiagora – O principal produto turístico de Mato Grosso é o Pantanal?
 
Jefferson –
Nós temos uma diversidade aqui no Estado. O Pantanal continua sendo um dos carros chefes, mas temos a Chapada dos Guimarães, recebe muito pedido de informação. Temos o etnoturismo muito forte ali na região de Campo Novo do Parecis, região do Xingu, no Araguaia. São produtos consolidados, com empresas que vendem produtos na região do Araguaia e fora do Estado. A gente tem um evento que fazem lá que é mundialmente conhecido que é o Kuarup, no Parque Indígena do Xingu. Durante o ano, tem as visitas nas aldeias indígenas. Temos os festivais de pesca esportiva, que aí eu posso falar de várias cidades no Pantanal, Araguaia, forte com a preservação do pirarara. Temos um turismo muito plural em Mato Grosso.
 
Leiagora – Que nós temos que descobrir ainda né?
 
Jefferson –
A gente está vendo um movimento muito grande de empresas, agências de viagens levando muitos jovens para algumas cidades fazendo visitas em pontos turísticos, em Campo Novo do Parecis, Barra do Garças, Tesouro, Nova Xavantina, descobriram muitas cachoeiras dessas regiões e estão explorando isso comercialmente dentro do estado. Há um movimento de gente dentro do estado indo passar final de semana aí com essas agências que estão ficando muito específica nessas trilhas.
 
Leiagora – O ideal é quando eu quiser fazer turismo no estado, primeiro devo planejar e depois procurar uma agência que possa me vender um pacote específico dentro do Estado?
 
Jefferson –
Exatamente, a gente tem aí algumas agências como a Aventura MT, Explore Mato Grosso, Viaje Comigo que tão fazendo um trabalho brilhante, focado dentro do Estado para levar grupos para viajar dentro do estado. Eu sempre falo, procure uma agência séria com guias cadastrados sérios para que não aconteça o mesmo que ocorreu em outro dia em Vila Bela. O pessoal foi para lá sem nenhuma instrução de guias, sem um condutor local e aí veio uma tromba d'água, e o pessoal ficou isolado. Quem ajudou também na operação de resgate foram condutores de Vila Bela. Então na hora que você for fazer uma viagem, em qualquer lugar no Brasil, procure sempre uma agência séria, e faça um passeio direcionado com um profissional da área. Ele vai te levar em segurança, você vai viver o que a natureza tem de melhor e só curtir.
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2 comentários

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  • Kaka cuiabano 13/03/2022 às 00:00

    Esse secretario numca fez turismo MT. Fala dele está fora da realidade. E bom ele irir na passagem da Conceição VG. Ver quanto custa puco assado, uma galingada com arroz. Por menos 300 reais. Vc nem senta na mesa. E bom o sr fazer tur em mt. A pesar que secretario deve ganhar muitas coisa.

  • Eder Beckmann 13/03/2022 às 00:00

    Quem vai viajar no próprio estado se a infraestrutura é péssima.... E os lugares acessíveis uma diária é absurdo...... Um final de semana na águas quentes.... Você gasta o valor de 7 dias na praia em santa Catarina..... Aí você vai pra praia ou p águas quentes????? É melhor economizar p pagar a passagem e ir pra praia

 
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