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Notícias / Entrevista da Semana

08/04/2022 às 10:32

Xômano leva linguajar cuiabano para o mundo e conta como o humor o ajudou a superar um câncer

O influencer é um dos principais nomes da cultura cuiabana da atualidade e fala da inspiração em Liu Arruda, sobre a política e como lida com as críticas

Kamila Arruda

Xômano leva linguajar cuiabano para o mundo e conta como o humor o ajudou a superar um câncer

Foto: Arte / Leiagora

Conhecido por associar o linguajar cuiabano ao humor, o influencer digital Didier Provenzano, que interpreta o Xômano que Mora Logo Ali, afirma que a sua maior referência é o comediante Liu Arruda. Ele conquistou a internet, foi para a TV e voltou aos palcos de origem, focado nas redes sociais, o artista trabalha para fazer parte da história cultural da Capital.

Atualmente, conta com 132 mil seguidores, mas tem uma alcance de 3 milhões de pessoas, o que o faz levar o linguajar cuiabano para o mundo, já que no mundo da internet não há fronteiras. Mas nem tudo são flores, é preciso também saber lidar com as críticas. Além disso, ele tem a responsabilidade de usar o humor regional sem ofender as pessoas. 

E é claro que com todo esse sucesso, ele chamou atenção de políticos que foram atrás dele para disputar as eleições em 2020. Porém, preocupado em ter que mudar seu conteúdo, optou por priorizar a essência do Xômano. Portanto, apesar de ter o desejo de contribuir com a cidade de forma mais efetiva, ele acredita que esse projeto ainda não seja viável.
 
Leiagora - Como surgiu o personagem?
 
Didier - Eu fazia muitas piadas e brincadeiras com os meus colegas de faculdade, fazia muitos memes. Também acompanhava o trabalho que o K-bça Pensante, e queria fazer um trabalho naquela pegada. Não igual, mas ligado ao humor. Aí comecei a fazer humor ligado a essa questão da regionalidade de Cuiabá e começou a bombar nas redes sociais.

O nome surgiu do nosso linguajar mesmo. O Xômano usamos bastante, e o que Mora Logo Ali é uma inspiração da série Todo Mundo Odeia o Cris.
 
Leiagora - Quando você resolveu trazer esse humor para a regionalidade?

Didier - Quando eu coloquei coisas da minha vivência, relatando episódios da minha infância, do meu bairro, e começou a dar certo. As pessoas começaram a se identificar, pois aquilo remetia a infância e fatos da vida de todos também.
 
Leiagora - Como usar o linguajar cuiabano sem ser pejorativo na internet?

Didier - Hoje é bem mais complicado, porque temos que pensar bem, deixar o material bem redondo, porque corre o risco de ofender alguém, ou atingir alguém de algum jeito. E algumas coisas cuiabanas são bem pejorativas e tratamos de forma dúbia.
 
Leiagora - Já sofreu algum tipo de preconceito por conta do trabalho que desenvolve nas redes sociais?

Didier - Antes eu sofria muito, porque muito associavam o linguajar cultural com o falar errado, mas com o tempo o pessoal começou a gostar e começou a comprar a ideia, pois é a nossa cultura. Quando comecei eu senti que os cuiabanos tinham vergonha do linguajar cultural daqui, o cuiabanês, mas hoje com essa disseminação, isso é motivo de orgulho. E nós que trouxemos isso como humor somos parte disso.
 
Leiagora - Como você lida com as críticas?

Didier - Depende muito. Se eu vejo que eu estou errado, eu analiso e chego até a apagar a postagem. Mas tem vídeos, publicações que eu não estou errado, e recebendo críticas eu fico mal. Eu até comecei a fazer terapia, porque teve uma fase que isso me afetava muito, que fiquei muito mal.

As vezes eu até respondo as pessoas e tento explicar, mas na maioria das vezes eu deixo pra lá, mas fico remoendo isso em mim.
 
Leiagora - Quando que você viu que podia ganhar dinheiro com isso?

Didier - Olha, a gente começou a ganhar dinheiro com a internet de pouco tempo para cá, tem uns dois anos mais ou menos. Então, agora que eu estou entendendo como que, de fato, funciona essa questão. Porque até hoje, o pessoal reconhece o meu trabalho, mas querem que eu faça tudo de graça, e quando eu dou meu preço eles assustam, mas não imaginam o alcance que eu tenho.

Eu alcanço três milhões de pessoas e esse também é meu trabalho. Hoje em dia a maior parte da minha renda é da internet. Eu também sou publicitário e faço alguns trabalhos nessa área, mas a minha principal fonte vem da rede social.
 
Leiagora - Recentemente você compartilhou com seus seguidores a sua luta contra o câncer. Como foi isso?

Didier - No começo, por conta do baque, eu realmente me afastei das redes sociais. Mas com o tempo, o Xômano, na verdade, se tornou um remédio para mim. Tinhas dias que eu estava muito triste, e eu usava o Xômano para me distrair, porque eu vendo as pessoas rindo do meu trabalho, isso me fazia muito bem. Então, isso foi um remédio para mim, tanto é que, os melhores materiais foram feitos nos dias que eu estava pior.
 
Leiagora - Você tem alguma referência?


Didier - Aqui em Cuiabá a maior referência é o Liu Arruda. Também tenho o sonho de marcar a história assim como ele fez, e acredito que de alguma forma a gente está conseguindo. E nacional gosto muito do Diogo Defanti, do Casemiro, dessa galera nova.
 
Leiagora - Tem algum projeto em mente?

Didier - O Podcast que estou fazendo em parceria com o K-bça Pensante. Chama PodXique, e fazemos uma vez por semana. Inicialmente, a intenção era fazer gravado, mas como já tínhamos uma bagagem em programações ao vivo, encaramos o ao vivo e tem dado certo. O Podcast rola toda terça, às 19h, com convidados aqui da Capital mesmo. Nós não temos um estilo, abrimos espaço para todos para falar sobre os mais diversos assuntos.

Leiagora - E de onde vem a sua criatividade para produção dos materiais?

Didier - Então, eu não sei explicar, porque eu, Didier, sou muito tímido. Eu tenho até tratado isso na terapia, porque parece que eu sou divido em duas pessoas, e eu fico tentando juntar as duas.
 
Leiagora - Você já tem noção da dimensão do seu trabalho na internet?

Didier - Não tenho, mas vejo que é muito grande. Esses dias eu até me assustei, que um vídeo meu chegou a pessoas de outro estado. Duas drags que trabalham com internet em São Paulo, que fazem vídeos semanais sobre gírias brasileiras me citou no programa deles, e eu fiquei muito surpreso.
 
Leiagora - E sua família, como reage com o seu trabalho?

Didier - No início eles não colocavam muita fé, não levavam a sério. Hoje, minha mãe já tem orgulho, fala para todo mundo, compartilha, ajuda a divulgar,
 
Leiagora - Por conta do seu trabalho, você já recebeu algum convite para entrar para a política?

Didier - Já sim. Em 2020 o então vereador Felipe Wellaton me convidou para filiar ao partido que ele fazia parte e disputar a eleição para vereador, mas queria me fazer de escada. As vezes eu até penso em encarar, eu sei que posso ganhar, mas eu perderia a minha identidade do Xômano, porque como o cidadão veria um vereador que faz memes?
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