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Notícias / Entrevista da Semana

15/05/2022 às 08:00

O chamado de Natasha: É preciso estar no centro das decisões política para melhorar a vida das pessoas

Entenda os motivos que levam uma médica, empresária e professora de sucesso decidir entrar para a política

Jardel P. Arruda

O chamado de Natasha: É preciso estar no centro das decisões política para melhorar a vida das pessoas

Foto: Assessoria

Para mudar efetivamente a vida das pessoas para melhor, em larga escala, é preciso estar no centro de decisões políticas do Brasil, o Congresso Nacional. Foi ao perceber isso que a empresária, médica e mãe Natasha Slhessarenko decidiu ingressar na vida pública. Ela é pré-candidata a uma vaga ao Senado, a Casa de Leis onde todos os estados da federação possuem representação igualitária.

 

Foi eleita em 2019 para compor o Conselho Federal de Medicina (CFM) e acompanhar os mais de dois mil projetos relacionados à saúde que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado, que teve essa compreensão. A partir daí, se preparou para dar continuidade ao legado político da sua família, uma vez que a mãe, Serys Slhessarenko, foi a única primeira senadora mulher de Mato Grosso.

 

Mas, antes disso, Natasha construiu uma história na iniciativa privada, tendo fundado o Cedilab e a Clínica Vida, e no serviço público, tanto como professora da Universidade Federal de Mato Grosso, atuando na formação de mais de dois mil médicos, quanto como médica do Sistema Único de Saúde (SUS). 

 

É com sua vida em um novo estágio, o de realização pessoal, que sente a necessidade de se entregar ao chamado da vida pública.

 

Leiagora - Drª Natasha, você, como filha da ex senadora Serys, então sempre esteve ali no meio, envolvida com a política, mas como aconteceu essa transição de ser a filha da Serys para ingressar pessoalmente na política? 

 

Natasha - Eu nasci em um ambiente político. Tenho 54 anos de vida, 32 só de Medicina e cresci num ambiente onde meu pai e minha sempre foram muito envolvidos com a política. Minha mãe foi coordenadora do centro de Letras e  Ciências Humanas da UFMT, primeiro chefe de departamento, depois foi secretária de Educação, quando Dante foi prefeito de Cuiabá, depois foi secretária de Educação com Bezerra no governo, depois três vezes seguida deputada estadual. 

 

Na época em que ela foi deputada estadual foi no ano em que me formei em Medicina e aí eu fiquei fora. Voltei quando ela estava na metade do segundo mandato de deputado estadual, em 1997. Então eu nasci nesse ambiente político, sempre achei muito interessante e sentia que a política era a grande e talvez a única forma de transformação social de maneira efetiva. 

 

Leiagora - E como se tornou a drª Natasha pré-candidata ao Senado?

 

Natasha - Eu entrei para o Conselho Federal de Medicina agora em 2019, para representar os médicos de Mato Grosso junto ao CFM. Cada estado elege um médico e eu fui eleita por esse nosso estado. Dentro do Conselho a gente faz muita interface com o Congresso Nacional. Para você ter uma ideia, tem mais de dois mil projetos da área da saúde tramitando hoje no Congresso Nacional, incluindo o Senado e a Câmara. Então, é realmente um universo muito grande a saúde, é um dos grandes pilares e não adianta ter dinheiro, ter nome, ter poder se você não tem saúde. E isso começou a me chamar atenção como médica, como educadora. 

 

No nosso dia a dia a gente pratica ações sociais o tempo todo, mas a gente só consegue fazer isso em escala estando no centro político das decisões, que é em Brasília. Então, como médica a gente tem aí muito de ajudar as pessoas, um lado humanista muito grande, quem escolhe o lado da saúde tem um lado muito social e aí eu pude ter muita clareza dentro do Conselho Federal de Medicina de que a gente precisa estar no centro político das decisões para efetivamente contribuir de maneira ostensiva e em escala.

 

Todo eleição alguém “você tem que ser candidata, você tem que ser candidata” e eu realmente tinha outras missões naquele momento, eu tinha mestrado e doutorado para cumprir, eu sou professora da universidade, eu tinha minhas filhas para criar, depois eu fundei o laboratório Cedilab, fundei a clínica Vida, tive vários momentos e hoje realmente me vejo na condição de poder me dedicar a política como a política merece ter políticos que se dediquem, que façam realmente acontecer. Minhas empresas estão maduras, uma delas o Cedilab eu já vendi, sou professora adjunta já na universidade, tenho doutorado. Agora eu consigo realmente poder me dedicar a política todo tempo que a política precisa.

 

Leiagora - Inclusive a sua mãe teve toda uma história política que começou na Secretaria Municipal de Educação, foi três vezes deputada estadual e depois senadora. Você já começa pela disputa de Senado. Por que o Senado, como chegou a essa decisão?

 

Natasha - Por que não o Senado? Por que não? Como eu te falei, para que a gente possa realmente intervir definitivamente na vida das pessoas, de milhões de pessoas, a gente tem que estar em Brasília. Na Câmara ou no Senado. A representatividade no Senado é muito grande e é igualitária, três por Senado independente do tamanho do Estado. 

 

E eu me vejo agora na condição de, como te falei, sou 32 anos médica, trabalho há 20 anos na rede pública, centro de saúde, escola do Grande Terceiro, Hospital Julio Muller e tenho também as minhas atividades em nível privado aqui na Clínica Vida (local onde a entrevista foi realizada), no laboratório Cedilab, sou docente e formei mais de dois mil… eu já perdi as contas. Há 20 anos como professora, já fui professora da Unic, Univag, sou professora da UFMT, sinto que contribui de sobremaneira para formação de mais de dois mil médicos no nosso estado. Eu percebo que essa minha história de vida me permite isso. 

 

Assim como “quem foi Blairo Maggi?” Começou já como governador. “Quem foi Pedro Taques?” Começou já como senador. “Selma Arruda?” Tá, ela foi cassada, mas começou já no Senado. E eu penso que se tem um lugar que você pode começar as mudanças do país, até por essa paridade, é no Senado. Então é muito importante que a gente coloque no Senado pessoas que não tenham nenhum tipo de vínculo com o Executivo, com o Judiciário e com as corporações para que sejam pessoas isentas e possam tomar decisões sem nenhum tipo de compromisso.

 

Leiagora - Hoje temos outros dois pré-candidatos com mandato, que é o deputado federal Neri Geller, o senador Wellington Fagundes o presidente da Aprosoja Brasil Antonio Galván, e o vereador Kássio Coelho. Me chama atenção o fato de você ser a única mulher candidata ao Senado. 

 

Natasha - Então, eu acho que essa questão de ser a única mulher é uma questão que precisa ser realmente refletida. Nós mulheres somos 52% da população e somos muito poucas representadas. No Senado da República, de 81 senadores, são apenas 12 mulheres. Na Câmara Federal, de 513 deputados são 77 mulheres. Então se nós somos mais da metade da população brasileira, nada mais justo que a gente esteja pelo menos representando metade dessa representação política e infelizmente isso a gente ainda não vê. Eu sinto que é importante, nesse momento, especialmente no momento pós-pandemia, com mais de 660 mil brasileiros e brasileiras que morreram, seria importante não só o olhar feminino, que é um olhar que costuma ter maior de cuidado, de acolhimento, mas também o olhar de um médico, de uma médica para dentro do Senado da República. Acho que é importante um olhar de quem cuida. 

 

Parlamentos que têm mais mulheres, e isso tem estudos científicos e posso te passar toda essa referência bibliográfica, Parlamentos que têm mais mulheres são Parlamentos que têm mais projetos na ação social, na saúde, na educação, na segurança pública e na assistência social. São parlamentos com menos indíce de corrupção e são parlamentos que as meninas, as crianças do sexo feminino sonham mais, porque elas se vem naquelas mulheres, se veem e pensam “eu posso chegar lá”.

 

Leiagora - Em uma posição de poder?

 

Natasha - Exato! E eu penso que é importante. Se a gente imaginar que a minha mãe foi a única senadora mulher em Mato Grosso que conseguiu completar o mandato, porque a gente teve a Selma que foi eleita, mas foi cassada, infelizmente, mas minha mãe foi a única que completou o mandato. Mato Grosso do Sul hoje tem duas senadoras. Então eu acho que precisamos dar uma refletida, por quê não ter mais mulheres no Parlamento? Nós precisamos eleger mais mulheres em todas as esferas. Não só no Legislativo, mas também no Executivo e no Judiciário, nós precisamos levar essa perspectiva. Uma vez que somos mais da metade da população. E mais! Somos mãe dos outros 48% restantes, então nada mais justo do que a gente se sinta bem representada.

 

Leiagora - Falamos sobre representatividade política feminina, mas quais outras bandeiras pretende defender?

 

Natasha - A minha bandeira principal, como médica, é a saúde, né? Eu acho que o SUS mostrou o seu grande tamanho nessa pandemia. O SUS vai precisar ser revisitado na questão da gestão, na questão de melhor aplicação das verbas e mais verbas para o SUS. É preciso ter uma carreira de Estado para todos os profissionais da saúde, é preciso ter piso salarial para todos os profissionais da saúde. A Enfermagem conseguiu na semana passada e isso foi maravilhoso, mas isso precisa reverberar para as outras áreas da saúde. É preciso ter uma lista de transparência do SUS. Então, hoje o SUS tem grandes programas. O programa de drogas para HIV/AIDS, você pode ter o dinheiro que for, mas você tem que pegar medicação no SUS, o que é maravilhoso. Hepatite B, Hepatite C, hanseníase, então todos esses programas, o PNI, Plano Nacional de Imunização é exemplo para o mundo como o SUS é exemplo para o mundo. Minha grande bandeira é a bandeira da saúde.

 

Como que a gente vai ficar, as filas do SUS é um problema que a gente conhece há muito tempo e é inadmissível um paciente ficar esperando dois ou três anos por uma cirurgia de vesícula, uma cirurgia ortopédica. Então é preciso que uma rede faça a contratualização para que a gente ossa absorver, fazer esses exames. Só de mamografia foram 800 mil a menos que fizemos na pandemia. E agora, já existia fila antes da pandemia, e agora como vamos fazer com essas cirurgias? É preciso ter uma olhar atento a isso. Como é que a gente resolve isso? A gente resolve estendendo horários de atendimento, parcerias público-privada, enfim, tem aí uma série de coisas.

 

Leiagora - Doutora, você é médica, saúde pública é uma das coisas que pretende discutir. Que nota você dá para a saúde pública de Mato Grosso hoje?

 

Natasha - Acho que Mato Grosso conseguiu fazer, desempenhar bem favorável durante a pandemia. O governador Mauro Mendes, o secretário de Saúde, deram um tom depois que criaram o centro de triagem na Arena Pantanal. Aquilo ali realmente ajudou muito, ajudou barbaramente a população aqui de Cuiabá. Houve a implantação de algumas UTIs em várias cidades no interior, aqui mesmo em Várzea Grande a gente esteve no Hospital Metropolitano, teve a criação de novos leitos para a covid.

 

Agora é hora de começar a redimensionar. Tem muito leito fechado para a covid, paciente precisando de leito de UTI, então é importante que haja esse redimensionamento da rede. Que a gente use todo esse material que foi envolvido para fazer UTI de covid para, agora, o dia-a-dia para outros casos que não a covid. E a covid não acabou. A gente está aí, todo mundo mais relaxado, mas os casos começaram a aumentar. 

 

Leiagora - E qual seria o desafio da saúde de Mato Grosso hoje?

 

Natasha - Precisa ter mais leitos de internação. A gente precisa ter mais leitos de internação, mais leitos pediátricos, leitos neonatais. Somos um estado muito grande. Se a gente somar o tamanho da Espanha e da Alemanha, Mato Grosso ainda é maior e temos carentes de leitos de UTI pediátrica, UTI neonatal, então a gente passa bastante sufoco quando nasce criança no interior porque não tem UTI neonatal para dar suporte e eu acho que esse é um dos grandes desafios do nosso Estado. Um deles.

 

Leiagora - Os outros pré-candidatos do Senado se colocam como bolsonarista ou então muito à direita no espectro político. Como você se coloca nesse cenário polarizado?

 

Natasha - Acho que a gente nem devia ficar falando em polarização. Acho que está todo mundo cansado dessa polarização, isso desgasta, isso não leva a gente a lugar nenhum. Eu sou senadora, eu quero ser pré-candidata ao Senado de Mato Grosso, eu quero representar e lutar pelas pautas do nosso Estado.

 

Leiagora - O fato de todos eles se colocarem nesse espectro político e você se colocar fora da polarização pode te beneficiar de alguma forma eleitoralmente?

 

Natasha - Eu acho que o eleitor precisa entender a verdade de cada candidato. Entender quais são as propostas, entender quais são os candidatos e fazer sua melhor opção. Eu não acho que vão escolher por ser de direita ou ser de esquerda. Eu acho muito superficial, muita raso esse tipo de análise. É importante que o eleitor conheça o seu candidato e vote convicto que é um candidato que vai representá-lo, que vai compreender as pautas que são importantes para o estado.

 

O PSB, que é presidido pelo Max Russi em Mato Grosso, faz parte da base do governador Mauro Mendes e hoje outros dois pré-candidatos disputam para estar no palanque dele. E você, onde encaixaria?

 

Eu não tenho dúvida de que sou a pré-candidata ao Senado do Max Russi. O PSB aqui no Estado faz parte, compõe a base do governador Mauro Mendes e eu posso estar nesse palanque sem nenhum tipo de problema. Vou seguir a orientação regional do nosso partido. O que nosso partido regionalmente decidir, eu estarei lá cumprindo com a sua decisão.

 

Leiagora - Como você tem trabalhado para viabilizar a candidatura?

 

Natasha - Conversando, andando, olhando no olho das pessoas, discutindo o que é importante. Muitas vezes eu acho que existe uma inversão de valores. Muitos políticos acabam entrando para a política para se servir da política, mas a política tem que ser um instrumento de servir as pessoas. Um movimento contrário. Eu estou aí conversando com as pessoas, conversando com lideranças, conversando com políticos, conversando com cidadãos. O que importa para você? O que você quer? Como você vê uma médica? Como eu posso te ajudar? Eu acho que estou fazendo a minha parte que é conversar e levar meu nome para as pessoas, para a sociedade, para as lideranças. Vou continuar viagens para várias cidades do interior do nosso estado. A ideia é essa. Eu tenho me apresentado e me colocado à disposição das pessoas. Eu sinto que nesse momento preciso colocar meu nome a disposição para devolver ao meu estado um pouquinho do que ele me deu. Eu me sinto totalmente realizada, estou com tudo organizado, mas algo que me diz que preciso por meu nome a disposição das pessoas do nosso estado.

 

Leiagora - Ouviu um chamamento?

 

Natasha - (Risadas). Meu anjinho da guarda falou: olha, presta atenção!

 

Leiagora - Mais alguma coisa importante a falar para população?

 

Natasha - Acho que é importante dizer que eu estou como pré-candidata ao Senado e quero representar todos os segmentos de Mato Grosso. Hoje a gente fala que Mato Grosso é agro… Mato Grosso é agro sim, o agro é muito importante. o agro traz dinheiro para o nosso estado, o agro faz o PIB do nosso estado ser muito bom, o agro traz dinheiro, traz comida para nossa mesa. Mas Mato Grosso não é só agro. Mato Grosso tem outros segmentos e eu quero poder representar todos os segmentos do nosso estado.

 
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