“Precisamos saber quem são as pessoas que vão ser vítimas nos próximos 2 ou 3 anos que vai levar para essa empresa sair para avisar a elas que elas vão morrer.” Com essa declaração, o vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta (Republicanos), criticou o prazo de dois a três anos para realização de uma nova concessão pública para a BR-163, em audiência pública realizada em Brasília, no Senado, nesta terça-feira (14).
De acordo com a Rota Oeste, atual concessionária da BR-163 entre Rondonópolis a Vera, atendendo um total de 19 municípios, esse prazo é necessário para a Empresa de Planejamento e Logística (PLA), vinculada ao governo Federal, realizar novos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA). Nesse período também seria conferida a contabilidade da Rota Oeste, a qual não abre mão dos créditos financeiros pela administração da rodovia federal.
O trecho da BR-163 entre Jangada e Sinop tem sido local de inúmeros acidentes de trânsito e alvo de reclamação por parte da população pela falta de investimentos para solucionar os problemas da rodovia, ao mesmo tempo em que a Rota do Oeste lucra com a cobrança de pedágios.
Após anos de reclamação e ação dos políticos de Mato Grosso, a empresa assinou acordo de devolução amigável da concessão. Contudo, os prazos para a realização de nova licitação ainda são um problema, porque a estrada continuará a ser palco de mortes.
O vice-governador destacou que o governo do Estado está pronto para colaborar como for necessário para reduzir esse prazo de dois ou três anos. “A bola está no campo da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestres) e do Ministério dos Transportes. A gente está esperando a bola chegar”, disse, por teleconferência.
Pivetta é ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, um dos municípios mais afetados pelos problemas na BR-163. Em sua participação, fez um apanhado histórico sobre a construção da rodovia durante a gestão estadual Júlio Campos, executada pelo governo de Mato Grosso com recurso obtido através de empréstimo internacional.
Naquela época, década de 1980, ainda não havia produção agrícola e por isso as bases da estrada foram feitas para o transporte de pessoas e pequenas cargas. Agora, mais de 30 anos depois, a produção é de 30 milhões de toneladas de grão por ano nos municípios entre Nova Mutum e Sinop.
“Olha o contraste, a agricultura mais eficiente do mundo, com os agricultores que saíram de uma agricultura artesanal para a agricultura mais tecnificada do mundo, produzindo superávits cada vez maiores a cada ano para o Brasil, ficar isolados em um corredor feito para o transporte de pessoas e caminhões pequenos, sendo tratado pelo resto do Brasil como se fosse uma coisa quase insignificante”, ressaltou.
A audiência pública para discutir a atual situação da BR-163 acontece a pedido do senador em exercício Fábio Garcia (União). Também estavam presentes o senador Wellington Fagundes (PL) e a senadora em exercício Margareth Buzetti (PP), além do deputado federal José Medeiros (PL) e do deputado estadual Xuxu Dal’Molim (União). O prefeito Roberto Dorner (PSD) também participou do evento representando a frente dos municípios atendidos pela rodovia federal.
