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Notícias / Entrevista da Semana

19/06/2022 às 08:01

Wilson assume causas ambientais na AL, fala em oferta de propina e quer acabar com pesca esportiva

Para o deputado, a pesca esportiva é crueldade e ironiza: "Pega seu cachorrinho, seu gato, põe uma isca num pedaço de pão, um anzol e joga pra ele pegar e depois fica puxando pra lá e pra cá"

Jardel P. Arruda

Wilson assume causas ambientais na AL, fala em oferta de propina e quer acabar com pesca esportiva

Foto: Ronaldo Mazza/ALMT/Arte

Extinção de parque ambiental, construção de usinas hidrelétricas no Rio Cuiabá e peixamento do Lago do Manso são algumas das pautas ambientais discutidas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso no primeiro semestre de 2022.

E se não é um dos protagonistas dessas discussões, o deputado estadual Wilson Santos (PSD) tem sempre se posicionado a favor das comunidades tradicionais e da preservação do meio ambiente. Agora, o parlamentar quer trazer à luz do sol a discussão sobre a proibição da pesca do Dourado em Mato Grosso, uma das espécies de peixe mais apreciada pelo seu sabor e beleza. 

A proibição, aprovada em 2012, favoreceu o trade turístico, uma vez que aumentou a quantidade dessa espécie nos rios mato-grossenses e o turismo para pesca esportiva aumentou devido à facilidade de se fisgar um dourado para depois retorná-lo ao rio. 

Por outro lado, foi feita sem nenhuma pesquisa científica e até hoje não se sabe como isso afeta o ecossistema dos rios, além de ter retirado dos povos tradicionais, que pescam para subsistência, o direito ao dourado, elitizando o alcance a esse peixe.


Leiagora -  Desde 2012 está proibida a pesca do Dourado em Mato Grosso. Essa é uma decisão que beneficia o trade do turismo, mas o mato-grossense em si perdeu o direito de pescar o Dourado para alimentação. Há algum tempo você está tentando fazer essa discussão. Por que você abraçou essa bandeira? 

Wilson Santos - Primeiro uma boa notícia: acertamos na Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa que a audiência acontecerá na primeira quinzena de julho. Estamos só definindo certinho a data, mas tá aprovada já na comissão, será feita na primeira quinzena de julho. 

Segundo, por que eu entrei na questão do pescador, né? Eu não atuava nessa área, mas com a discussão da chamada Cota Zero (de pesca) eu e o deputado Elizeu acabamos entrando nessa área. E eu fiquei.

Leiagora - Continuou por ter uma relação com o setor?

Wilson Santos - Eu tenho vários amigos cientistas, que contemporâneos meus de faculdade, fizeram Biologia como, Chico Peixe, como outros. E a própria Nilma (Silva, presidente do Ecoa) também me estimulou a entrar nisso. E é uma categoria que, assim, eu sempre atuei por similitude, né? Eu defendo carroceiro, gari, camelô, feirante… Sempre atuei nessa base. Uma base minha: o pequeno agricultor familiar. 

Aquela foto lá noventa e quatro está vendo? Ali eu estou entregando aquele ônibus para o produtor familiar lá na Agrovila das Palmeiras. Então a minha atuação vem de longe em favor dos pequenos, dos excluídos. Aqueles prêmios ali todos que eu ganhei como prefeito. Quase todos ligados a coisa pequena. Então eu tenho essa atuação nessa área. 


Leiagora - Tem enfrentado resistência a essa discussão ambiental na Assembleia Legislativa? 

Wilson Santos - Das usinas sim. Resistência. Oferta de propina. (Wilson é coautor do projeto de lei que proíbe a instalação de novas pequenas centrais hidrelétricas, PCH, no percurso do Rio Cuiabá)


Leiagora -  Você denunciou? 

Wilson Santos - Não denunciei. Eu não vou ter como provar, né? Se eu soubesse que o cara ia fazer, eu tinha gravado. E não uso esse instrumentos também. Mas, recebi proposta de dinheiro de empresários… Não diretamente dos empresários, né? Estiveram aqui, ficaram uma hora e não me fizeram nenhuma proposta direta, mas eu recebi indiretamente. Um empresário amigo me ofereceu. Um colega deputado também me ofereceu proprina para eu sair dessa parada. 


Leiagora -  Curiosamente esse projeto de lei não foi pra sanção do governador, ficou parado, engavetado na Assembleia Legislativa após aprovação.

Wilson Santos - Agora que foi, já foi. Ou melhor, agora que foi. Vence o prazo no dia quatro de julho. (Prazo de sanção ou veto por parte do governo do Estado)


Leiagora -  Voltando à questão do peixe, você acha que isso aí é uma batalha entre trade turístico contra o pescador tradicional? É essa a dicotomia? 

Wilson Santos - Na verdade, é. Pois o trade não consegue encaminhar bem isso. Ele podia ter o apoio do pescador profissional, poderiam criar reservas de pesca esportiva. É rio pra cacete em Mato Grosso. Lagoa pra cacete em Mato Grosso. A legislação permite. Eles não sabem encaminhar isso. Está faltando mais diplomacia nesse encaminhamento. O governo errou, atropelou a discussão, mandou um projeto pra cá sem estudo científico nenhum, e não tem até hoje. Anos depois e o governo não conseguiu fazer um estudo. 


Leiagora - E como você pretende de alguma forma mudar isso agora?

Wilson Santos - Eu vou lutar para acabar com a pesca esportiva. É uma judiação com os animais. É lazer com crueldade, né? Pega seu cachorrinho, seu gato, põe um isca num pedaço de pão, um anzol e joga pra ele pegar. A hora que ele pegar você fisga ele. Fica brincando com ele. Puxa ele pra cá, pra lá no olho dele... É maldade.

A Alemanha e a Suíça já extinguiram a pesca esportiva. Acabou. Não é esportiva coisa nenhuma, é pesca da maldade. Então eu sou o precursor dessa luta. Vou jogar minha sementinha. Quem sabe daqui dez, vinte, cinquenta anos isso acabe, como acabou a vacaiada, briga de galo, briga de cachorro. Uma sociedade mais leve.
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