O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) emitiu nota de repúdio contra a Prefeitura de Barra de Garças (509 km de Cuiabá), na qual alega censura por parte da administração municipal em um ato de desagravo público que seria realizado no dia 5 deste mês no anfiteatro municipal.
O ato de desagravo é em defesa de duas enfermeiras do município que alegam terem sido alvo de agressões verbais de um médico contratado do Hospital Municipal e Pronto-Socorro Milton Pessoa Morbeck.
Segundo a nota, a Prefeitura de Barra do Garças havia autorizado o uso do anfiteatro para a realização do ato e todo o trâmite obrigatório teria sido cumprido. Porém, um dia antes do ato, uma secretária da prefeitura entrou em contato com o órgão e proibiu a realização do evento alegando impedimento jurídico.
Na nota, o Coren alega que a secretária do município disse que, caso os participantes do evento tentassem entrar no anfiteatro, as portas do local estariam trancadas. O órgão acusa a prefeitura de ceder às pressões externas e de proibir um ato democrático em defesa das servidoras públicas
“O Coren-MT lamenta que a Prefeitura de Barra do Garças tenha cedido às pressões externas e tenha tentado coibir um ato democrático e em defesa de duas servidoras públicas, concursadas pelo município. Também repudia a proibição da entrada dos profissionais da enfermagem no anfiteatro e o modo como a categoria foi tratada pelo Poder Público, que tentou impedir a liberdade de expressão deste Conselho”, diz trecho da nota oficial.
Em virtude da proibição, o ato de desagravo foi realizado no mesmo dia, porém na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) de Barra do Garças. Este foi o segundo ato de desagravo público realizado pelo Coren em Mato Grosso. O primeiro caso foi registrado no ano de 2017, quando um enfermeiro foi ofendido por quatro médicos na cidade de Aripuanã (1.002 km de Cuiabá).
A agressão verbal
As duas enfermeiras denunciaram um médico contratado do Hospital Municipal e Pronto-Socorro Milton Pessoa Morbeck. Segundo relato das profissionais, em 2020, o médico teria chamado uma delas de “poço de preguiça” e ainda afirmou que a equipe era “um bando de incompetentes”.
Em outro caso, no ano de 2021, o médico teria dito que os profissionais de enfermagem eram “carniças incompetentes” por negarem uma medicação que colocaria em risco a vida de uma paciente.
O que diz a prefeitura de Barra de Garças
De acordo com a assessoria da prefeitura, o secretário de saúde do município Adilson Tavares alega que o anfiteatro municipal é gerido pela secretaria de educação. Segundo o secretário, o Coren protocolou o pedido de uso do local na secretaria de saúde, órgão que não tem legitimidade para conceder a autorização de uso do local.
Quanto às denúncias contra o médico, a assessoria municipal informa que não há qualquer tipo de denúncia formal feita pelas enfermeiras.
