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Notícias / Entrevista da Semana

29/01/2023 às 08:00

Novato na AL, Diego promete independência e já pensa no pleito de 2024

Ele pretende não cometer os mesmos erros que cometeu durante os seis anos de mandato na Câmara de Cuiabá

Kamila Arruda e Jardel P. Arruda

Novato na AL, Diego promete independência e já pensa no pleito de 2024

Foto: Arte Leiagora

O deputado estadual eleito Diego Guimarães (Republicanos), que assume uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso a partir desta quarta-feira (1º), garante que não se furtará de fiscalizar o Executivo Estadual, mesmo que o seu partido seja integrante da base do governador Mauro Mendes (União). O novato na AL afirma que sua atuação parlamentar será de independência.

Ele ainda diz que não pretende cometer os mesmos erros que cometeu durante os seis anos na Câmara de Cuiabá. Diego cita que assumiu imaturo o mandato de vereador e que penou por não dialogar com as categorias.

Em entrevista ao Leiagora, o parlamentar também afirma que já está se articulando para a eleição de 2024 junto com o deputado federal eleito Abílio Junior (PL) e o ex-vereador Felipe Wellaton (Cidadania), com quem consolidou um trio de oposição a Emanuel Pinheiro no primeiro mandato na Câmara Municipal.
 
Leiagora - Qual a sensação de deixar a Câmara de Cuiabá para assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa?


Diego Guimarães - Nos seis anos como vereador, a gente procurou pautar o mandato diante daquilo que nos propusemos executar para a população. Eu tenho uma sensação de dever cumprido como vereador. Creio que a gente entrega uma Câmara melhor e entrega para a população a sensação de que vereador tem utilidade. Eu saio da Câmara com essa sensação, de dever cumprido daquilo que a gente se propôs fazer. E ainda com a sensação de que nós podemos ter uma Câmara melhor nos próximos anos.

O vereador tem uma importância para o município e a população começou a olhar para Câmara e pensar: "não são todos que são horríveis naquela casa, tem alguns em quem eu posso confiar".
 
Leiagora - Quais os “erros” que considera que cometeu como vereador que não pretende cometer como deputado? E o que irá aproveitar da sua experiência na Câmara na Assembleia Legislativa?


Diego Guimarães - Acredito que acertar e errar são inerentes a qualquer atividade que você venha a realizar na sua vida. Eu creio que a gente acertou bastante, errou muito. Em determinados momentos, o mandato nos impôs algumas necessidades, mas é difícil falar algo bem específico de equívoco, mas a Câmara ensinou a dialogarmos mais com as partes envolvidas em determinadas pautas.

Por exemplo, no início do mandato, quando você começa uma atividade, você entra acreditando que entende de tudo um pouco e que você está preparado para lidar com as mais variadas pautas, e muitas vezes eu acredito que fui injusto ao me posicionar de uma forma, sem dialogar com o setor envolvido.

Lembro muito bem no início, quando começamos a discutir a regulamentação do Uber. Eu tinha um posicionamento pró-regulamentação, de que o Estado, o município deveriam legislar de maneira contundente para estabelecer regras bem determinadas sobre uma atividade econômica, que é o transporte individual privado de passageiros.

Logo em seguida, como comecei a estudar o assunto, eu percebi que não, que isso teria que deixar para liberdade de iniciativa. Então, eu respondo que um grande erro do meu mandato como vereador foi iniciar sem dialogar com as parcelas da sociedade que estão envolvidas nas pautas que são tratadas dentro da Câmara.

Hoje, eu já procuro evitar isso. Se vamos tratar sobre servidores públicos, eu quero ouvir os servidores públicos, se vamos tratar sobre comércio, eu preciso ouvir o comércio. Eu não posso simplesmente criar uma lei de cima para baixo e querer que eles sigam.

Quando você está no Parlamento, você precisa entender que as leis ali produzidas não são feitas para o parlamentar, elas são feitas para quem está na sociedade, para quem paga imposto, para quem sustenta a máquina pública, para quem vive a sua vida muitas vezes sem saber para que serve um poder legislativo.

Então, essa proximidade com o cidadão foi algo que aprendi muito nesse período, de que você tem que estar perto, tem que ouvir as dores, ouvir as demandas, buscando soluções inteligentes que não sejam tão impactantes no dia a dia das pessoas. E eu vejo parlamentares novos lá na Câmara que ainda têm essa cabeça.

Recentemente, um parlamentar criou uma lei que obriga todo comerciante que tenha site do comércio em Cuiabá a colocar um banner do Procon no seu site. O cara já paga o site, já paga o imposto e o espaço publicitário que ele tem, tem que dividir?

Hoje, eu vejo que não cometo mais esse erro, tento evitar esse erro, de não dialogar com as partes envolvidas nas pautas.
 
Leiagora - O senhor ganhou notoriedade sendo oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro. Como vai ser seu posicionamento na Assembleia? Será base ou oposição ao governador?


Diego Guimarães - Em uma relação republicana, ela não pressupõe subordinação, ela pressupõe respeito. O Poder Legislativo tem que ser forte e não pode abandonar uma de suas principais funções, que é fiscalizar os gastos públicos, e eu não vou abandonar minha atividade fiscalizatória frente ao Poder Executivo estadual, frente ao Poder Judiciário, Ministério Público, enfim.

Esse trabalho de fiscalização vai acontecer independente da bandeira partidária do gestor. Ela é inerente e obrigatória do Poder Legislativo.

Eu também preciso fazer o balanço de que nós temos atuações enquanto gestores completamente distintos. Nós temos na Prefeitura de Cuiabá um gestor fracassado, um corrupto à frente da máquina pública. Já à frente do Poder Executivo estadual, nós temos um gestor que foi extremamente aprovado pelos mato-grossenses, em que não vimos grandes escândalos de corrupção. Talvez falte fiscalização e se faltar, certamente essa fiscalização vai ter em todas as frentes.

Leiagora - NA AL, o senhor não vai poder fazer um mandato olhando apenas para capital, apesar de sua base ser essa região. Então, quais vão ser as bandeiras que irá levantar? Pretende explorar mais o Estado conhecendo novos municípios?


Diego Guimarães - Cuiabá continua sendo a nossa menina dos olhos, continua sendo a cidade de Mato Grosso que mais precisa de atenção, não só por ser a Capital, mas por ser a cidade que mais tem problemas em todas as frentes: infraestrutura, geração de emprego, de capacitação de mão-de-obra... a saúde, eu nem preciso falar, pois acho que todos já sabem. Enfim, Cuiabá está mal cuidada.

Então, o Diego deputado estadual vai continuar tendo um olhar todo especial, um carinho e demandar muito do seu tempo por Cuiabá. Cuiabá continua no nosso radar como epicentro da nossa atuação parlamentar.

Mas a gente na pode esquecer que, agora, como deputado estadual, temos que olhar por todo o Estado. Logicamente que um problema que tem em Cuiabá irradia para o interior. E muitas cidades do interior acabam tendo Cuiabá como referência para saúde, sede de empresas, plano de investimentos, etc.

Agora, o olhar para o interior é diferente do olhar para Cuiabá. Muitos municípios, como no extremo Norte de Mato Grosso, precisam de incentivo para atração de indústria, oportunidade de moradia, fortalecimento das especialidades médicas, enfim. Então, o Diego, hoje sendo um parlamentar que tem a base eleitoral em Cuiabá, me considero um político cuiabano, até porque minha carreira política nasceu em Cuiabá, mas o foco no interior vai ser nessas entregas, atraindo investidores.

No extremo Norte, por exemplo, eu já conversei com alguns empresários de Sorriso e Sinop e, nos próximos dias, deve começar a implantação de um novo armazém para grãos em Garantã do Norte, que foi um pedido nosso.
 
Leiagora - O assunto do momento é a Mesa Diretora. Qual o seu posicionamento sobre a eleição?


Diego Guimarães - Houve um consenso, eu e o deputado Valmir Moretto, nosso partido, temos indicação para que um de nós figure como membro da Mesa. Pela nossa chegada recente à Casa, não teria problema nenhum o Moretto assumir o posto. E se realmente houver chapa única, eu devo votar na chapa que está posta.

Quero muito que o [Eduardo] Botelho [presidente da ALMT] assuma os compromissos que eu pedi para que fossem assumidos publicamente de garantir uma independência verdadeira do Poder Legislativo e também condições de trabalho para todos os deputados.

E, logicamente, cobrarei dele a probidade necessária para que a sociedade entenda que o que é gasto hoje pela Assembleia Legislativa está sendo bem gasto, que há um retorno, porque é muito dinheiro público que vai para a Assembleia Legislativa e tem que haver um retorno.

Então, caso Botelho assuma esses compromissos publicamente, eu não tenho dificuldade nenhuma para votar nele.
 
Leiagora - Já no primeiro mandato, o seu nome já vem sendo ventilado para assumir um cargo na Mesa Diretora da AL. Como vê isso?


Diego Guimarães - Eu acredito que ocupar um espaço de poder passa muito pela experiência e pela capacidade. Capacidade, eu não tenho dúvidas de que a gente tem para poder estar como deputado, estar em uma mesa [diretora] direito, qualquer função que seja. Só que eu entendo também que, por estar no primeiro mandato, é interessante o Diego estar entre os deputados e não na Mesa Diretora.

Fico feliz com o meu nome sendo ventilado, tive convites para algumas comissões importantes também, vamos esperar consolidar, porque nas comissões eu acredito que a gente possa ser muito útil, como na CCJR, Comércio, Meio Ambiente. São comissões que eu entendo que possa dedicar meu conhecimento político, pessoal e técnico para desenvolver um trabalho que a Assembleia precisa entregar para a sociedade.

A Assembleia precisa dessa reoxigenação, acredito que a renovação foi baixíssima, mas aqueles que estão entrando carregam consigo esse compromisso e eu levo comigo essa responsabilidade de mostrar que essa legislatura não vai ser igual a anterior.

Não estou falando que a anterior foi ruim, mas a evolução precisa acontecer, tanto é que se eu não fosse eleito deputado eu já tinha dito que não disputaria a reeleição para vereador, porque a Câmara precisa de alguém melhor para o Diego. É essa evolução que traz para as pessoas uma melhor qualidade de vida.
 
Leiagora - Você, Abílio e o Wellaton se projetaram juntos na Câmara e tentaram a prefeitura em 2020. Estão articulando algo para 2024?


Diego Guimarães - Os remanescentes de 2020 certamente participarão de maneira unida das eleições de 2024. Esse é o grande desejo desse grupo. Hoje, nós temos o deputado federal Abílio Junior, o Diego Guimarães como deputado estadual, o Felipe Wellaton teve uma votação expressiva para deputado federal, mais de 17 mil votos em Cuiabá. Esse grupo está mais maduro, mais experiente, mais antenado nas necessidades da Capital. Então, certamente, esse grupo vai lançar um candidato a prefeito de Cuiabá.

Ele está preparado e a população nos cobra isso. Quais desses três nomes será [cabeça de chapa], pra mim pouco importa. O desejo é que nós tenhamos um projeto político, porque a população tem o desejo que esse grupo administre essa cidade e nenhum outro grupo político conhece Cuiabá como nós conhecemos.
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