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Notícias / Entrevista da Semana

28/05/2023 às 08:01

Os desafios de levar a ciência para os quatro cantos de Mato Grosso e os avanços na Seciteci

O Leiagora conversou com o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, o ex-deputado Allan Kardec para conhecer um pouco sobre os trabalhos da secretaria que ele comanda desde o início de 2023

Paulo Henrique Fanaia

Empossado, em janeiro, como secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, o ex-deputado Allan Kardec, tem um currículo de peso na política de Mato Grosso. Foi eleito vereador por Cuiabá em 2012, com 2.976 votos. Em janeiro de 2017, assumiu como deputado estadual, sendo reeleito em 2018 com 18.629 votos. É coautor do livro “Futebol de Várzea na Comunidade São Gonçalo Beira Rio”, lançado pela EdUFMT, e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) desde agosto de 2018.
 
Nascido em Cuiabá, Allan Kardec tem 41 anos de idade, estudou na rede pública desde o ensino fundamental. No ensino médio, ingressou na Escola Técnica Federal (ETF/MT), onde concluiu o curso de Eletrônica em 1996. Graduou-se, posteriormente, em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em 2000, e especializou-se em Gestão Educacional no ano de 2007. Em 2014, concluiu o Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO/UFMT). Dois anos depois, iniciou o Doutorado na mesma área.
 
Na vida política, Allan iniciou como vereador por Cuiabá, ainda pelo PT, nas eleições de 2012, depois elegeu-se deputado estadual pelo PDT em 2018. Ele ainda assumiu a Secretaria de Estado de Cultura e Esporte em 2019, tendo retornaro à Assembleia em 2020, para enfrentar o governo e votar contrário à reforma da Previdência. 

No ano passado, migrou para o PSB quando tentou se eleger deputado federal por Mato Grosso. Não sendo eleito, Allan retornou ao Executivo na Pasta de Ciência e Tecnologia e se colocou como interlocutor com o governo Federal, haja vista que ele sempre foi atuante nos movimentos de centro-esquerda, enquanto o governo optou por apoiar Jair Bolsonaro na eleição passada.
 
O Leiagora conversou com Allan para conhecer um pouco sobre os trabalhos da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci). Em uma conversa descontraída, Allan falou sobre os desafios de levar a ciência para os quatro cantos de Mato Grosso, os benefícios de escolas conectadas, a polêmica do Novo Ensino Médio e os avanços da instalação do Parque Tecnológico que tem previsão de entrega em 2024.
 
Leiagora - Com a pandemia da covid-19 a ciência ganhou um foco maior. Como a Secretaria está trabalhando para levar a ciência para todos os cantos do estado de Mato Grosso?
 
Allan Kardec - Acredito que nós vivemos um período pandêmico e estamos vivendo um período pós-pandêmico que trouxe à tona uma régua pra toda humanidade, que é a era digital. Definitivamente, o mundo, o planeta entrou no século XXI e entramos na era digital e a era digital ela é, com certeza tecnológica, ela é com certeza inovadora e a Secretaria ela se comportou de uma maneira progressista mantendo os nossos cursos de EAD, mantendo as parcerias que nós fizemos com vários municípios e ofertas de curso à distância. Nós temos uma linha de internet que dá acesso às instituições de ensino superior e as nossas escolas que através da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), uma instituição ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que ela permaneceu ativa nesse período.

O governo Mauro Mendes e a Seciteci durante esse período se projetou também nas questões da mídia digital. E agora com a oportunidade de nós estarmos à frente da Secretaria, nós trouxemos um pouco da experiência que tínhamos acumulado, tanto nas relações políticas no Parlamento Estadual, quanto das relações acadêmicas oriundas do processo de graduação, mestrado, doutorado que a gente acumula aí ao longo do tempo profissional. Sou servidor público de carreira da educação e tenho uma proximidade com as nossas instituições de ensino superior.

E o nosso ensino médio foi o ensino médio técnico, eu sou egresso da Escola Técnica Federal de Mato Grosso (IFMT), e tenho afeto a nossa maneira de pensar, de viver todas essas instituições que fazem parte do sistema e do ecossistema de inovação, ciência e tecnologia do estado. Eu acredito que agora nós conseguimos encaixar uma equipe técnica, uma equipe acadêmica e uma equipe política dentro da Secretaria.

A expectativa é grande para que nós sejamos aí o elo de ligação entre as instituições de ciência e tecnologia que ofertam cursos técnicos profissionalizantes, as instituições de ensino superior que ofertam graduação, ensino, pesquisa e extensão e o mercado. Fazendo com que cada um dos municípios e cada um dos nossos mato-grossenses tenham a informação de qual rumo vai a qualificação profissional, como e quem vai ofertar a mão de obra necessária para que o mato-grossense esteja preparado para esse momento. Junto com isso, o governo do estado não tem envidado esforços para conectar os 141 municípios num grande programa chamado “MT 100% Conectado”.
 
Leiagora - O que é a RNP?

Allan Kardec - RNP é uma instituição sem fins lucrativos do governo Federal e hoje ela é autônoma. Foi a instituição que trouxe o primeiro cabo de internet transatlântico para o Brasil lá na década de 90. A RNP conecta as universidades federais, os institutos federais e ela ilumina por onde passa com conexão de fibra ótica. Então nós temos ela aqui conosco, inclusive o vice-presidente da RNP é um mato-grossense que esta lá na Universidade Federal, isso é muito importante, é o Alan, inclusive meu xará, diretor da Faculdade de Computação, professor efetivo, professor doutor, diretor da Faculdade de Computação lá da UFMT. Por que que eu tô falando tudo isso? Pela gênese da sua pergunta. Quando a gente fala de inovação, de ciências, se hoje que nós estamos num período pós-pandêmico, na era digital, não tivermos conexão, dificilmente nós faremos ciência. Então esse é um ponto fulminante. Outra coisa são as informações de quem oferta curso profissionalizante, sejam na rede Federal, Estadual, Sistema S ou particular e nós estamos, depois de seis meses parados, nós estamos instituindo novamente o Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, que terão acentos: a indústria através dos seus representantes da Fiemt; o comércio através dos representantes da Fecomércio; Sebrae; todo Sistema S; a Famato; todo sistema do agronegócio e as instituições formadoras.

Nós teremos encontros mensais nos quais serão pautados os elementos necessários para que a gente possa fazer política pública na pauta da ciência e tecnologia e, completando a sua primeira pergunta, junto conosco aqui na Seciteci nós temos duas outras grandes instituições, uma é a Unemat, a nossa Universidade Estadual, a universidade que interioriza o processo de ensino e aprendizagem, os saberes levando pro interior, e a Fapemat, a Fundação de Amparo a Pesquisa também está aqui e hoje, com um suporte financeiro recorde na sua história, mais de R$ 50 milhões no orçamento da nossa fundação. 

A orientação do nosso governador é que as nossas pesquisas, que são financiadas de nível médio a graduação e especialmente mestrado, doutorado e pós-doutorado, sejam pesquisas aplicadas com resultado de produtos para a sociedade. Então nós temos esse arcabouço de ações aqui na Secretaria.
  
Leiagora - O senhor falou algo que chama muita atenção sobre a internet. Sabemos que Mato Grosso tem cidades que nem ao menos tem sinal 3G, tanto que está sendo está sendo alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa. Como é possível levar a internet para essas cidades com todos esses obstáculos?
 
Allan Kardec - Eu vou ser polêmico inclusive nessa resposta. É o grande e atual desafio do governador Mauro Mendes, do governo do estado e de toda a sociedade. Nós tivemos um programa com o governo Lula, no seu primeiro mandato, muito exitoso que chamou “Luz Para Todos”. Um programa que levou energia elétrica pro campo, e agora nós precisamos definitivamente startar o processo de conectividade, de internet para todos.

E a internet para todos passa por alguns processos e o mais difícil são as telefônicas, as nossas gigantes concessionárias da telefonia que teria capacidade de iluminar o estado inteiro no processo 3G, 4G e se negam a fazer o seu papel contratual da expansão. Vou te dar um exemplo claro: Você sai de Campo Verde, uma grande cidade, para chegar em Primavera do Leste, você está conectado em 4G, os 100 km desse trajeto entre Campo Verde e Primavera.

Do lado direito da BR-070 tem soja, girassol, milho e os trabalhadores que estão lá provavelmente não passam de dois a três mil pessoas trabalhando nas fazendas. Você sai de Santo Antônio de Leverger e vai a Barão de Melgaço, passando por Mimoso, terra de Rondon, o patrono das comunicações. Ali vivem 15 mil pessoas no escuro, não tem cobertura de nenhuma telefônica, ali nós temos vida, nós temos o Pantanal, nós temos o rio, nós temos comunidades tradicionais ribeirinhas, nós temos quilombolas, nós temos indígenas, nós temos mais de 15 mil pessoas morando lá e se acontecer um acidente com você, não consegue se comunicar com ninguém.

Esse é um dos grandes desafios inclusive da equidade social do estado de Mato Grosso. O trajeto entre um município e o outro do agronegócio está conectado porque os grupos empresariais do agro fizeram isso pra trabalharem a questão da mecanização e automatização da lavoura através dos programas de georreferenciamento. E ainda bem que nós estamos passando por lá e aproveitamos as conectividades e falamos ao celular. Mas nós precisamos conectar essas pessoas que estão nas comunidades. Nós temos bairros em Cuiabá que não tem conectividade como por exemplo, o principal e mais antigo bairro e povoamento de Mato Grosso que é o São Gonçalo Beira Rio. Você está lá no São Gonçalo Beira Rio num domingo comendo um peixe com sua família e você não consegue falar ao telefone porque a conectividade é muito ruim. Você vai do outro lado do rio, no Carrapicho ou no Mapim, você também não fala em Várzea Grande. Isso precisa definitivamente ser encerrado e a responsabilização é das telefônicas. O deputado Diego Guimarães acertou na mosca com essa ação. Isso é um dos pontos que nós vamos trabalhar no âmbito da conectividade. Outro ponto é levar as fibras óticas para os 141 municípios no âmbito da computação e da conectividade via Wi-Fi e fibras seguras pra gestão. E a terceira parte dessa conectividade é a conectividade via satélite para as comunidades mais isoladas como Alto Xingu, Baixo Xingu, aldeias indígenas isoladas onde nem a telefônica e nem a fibra ótica chega, precisa chegar satélite, Starlinks, enfim pra conectar tudo e isso está sendo preparado pelo governo do estado através da MTI com o apoio da Seplag e nós estamos acompanhando porque com a recriação através do Governo Federal do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, a implantação inclusive essa semana do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia com R$ 10 bilhões pra isso, eu acho que agora definitivamente chegou o momento do Governo do Estado firmar esse compromisso assim como tem feito grandes revoluções na infraestrutura, na questão da educação, no saneamento das conta públicas, primeira ferrovia estadual do Brasil. Eu estava na Assembleia quando nós fizemos a emenda constitucional, a aquisição da Rota do Oeste, compramos a Rota e a BR-163 passa a ser do estado de Mato Grosso. Muitas coisas estão acontecendo. Acredito que chegou a hora do Governo Estadual, do nosso governador Mauro Mendes, Otaviano Pivetta, botarem a mão nisso e botar pra acontecer. O Estado de Mato Grosso precisa ser gigante também na conectividade.
 
Leiagora - O senhor falou muito de infraestrutura. O estado tem várias escolas técnicas que estão sendo inauguradas, mas como está o projeto de ensino nessas escolas? Como a polêmica do Novo Ensino Médio afetam as escolas técnicas?
 
Allan Kardec – Pergunta de um milhão de reais. Eu venho da educação, sou de uma família de educadores, sou professor da rede estadual e acho que essa discussão ela está muito no início. O Novo Ensino Médio veio em 2016 com advento do presidente Temer, logo após a questão do impeachment da presidente Dilma. Desestruturou todo um processo que estava vindo em construção do Ensino Médio e agora está sendo revisto. O Novo Ensino Médio aumenta o número de carga horária, cria-se as trilhas educativas, especialmente o quinto itinerário que é focado na questão dos cursos profissionalizantes, mas sem infraestrutura porque as vezes é a mesma escola que oferece o Ensino Fundamental e oferece o Ensino Médio, o Ensino Fundamental de uma carga horária, o Ensino Médio de outra, mas de alunos irmãos. O mesmo transporte público do município que é conveniado e atende os alunos da rede municipal que são quatro horas, mas às vezes esse aluno que terminou sua carga horária 11h tem que esperar o aluno do Ensino Médio terminar a dele às 12h e aí é a mesma merendeira, é a mesma pessoa da limpeza. Na prática não funcionou. Então o que que funciona de fato? A gente tem que inovar, às vezes pegando aquilo que já deu certo e trazendo para nossa realidade. O Ensino Médio integrado com a parte técnica. Qual é a minha opinião e aí enquanto profissional, não só enquanto secretário do estado? É fazer com que as nossas escolas de Ensino Médio possam oferecer, integrado com escolas técnicas e aí, nós com as nossas 16 escolas até o final do ano, poderemos ser uma das ofertantes. O IFMT que tá assinando agora um convênio muito bom com o Governo do Estado, outra o SENAI, outra Microlins, enfim, eu acredito que nós vamos entregar pro governador até o final desse mês o mapa da oferta dos cursos técnicos do estado de Mato Grosso, onde estão os ofertantes de cursos técnicos já homologados e aprovados pelo Conselho Estadual com qualidade de ensino. Aí sim nós vamos ter a condição de falar para nossa população que a gente vai atender não só os 100 mil alunos que estão matriculados na rede estadual pública, mas os outros 150, 200 mil alunos que estão nas outras redes. Eu acredito que vai ser revisto o Novo Ensino Médio e acredito que uma das saídas pro Ensino Médio é a oferta dos cursos técnicos para os nossos alunos, mas isso precisa ser pactuado com as famílias também. Eu por exemplo venho de um curso técnico, mas eu gostaria que meu filho fizesse um propedêutico de Ensino Médio e fosse ao Ensino Superior para se profissionalizar no Ensino Superior. Eu gostaria que o meu filho Fernando de 16 anos, que já está cursando um técnico, não parasse de estudar no técnico e fosse pra vida profissional aos 17, 18 anos. Eu gostaria que ele pudesse estudar sem precisar trabalhar, fosse direto pro ensino superior. Mas ele vai pro ensino técnico e eu tenho um menorzinho de 4 anos que eu também gostaria que ele pudesse ter a oportunidade de estudar numa escola pública integral, com quatro refeições por dia e ele fosse direto pra um curso superior, que esse processo do Ensino Médio, ele pudesse fazer a sua opção de vida. Ele estar vocacionado pra área de linguagens, ele estar vocacionado pra área das ciências da natureza, ele estar vocacionado pra área das artes, ele estar vocacionado pra área das biológicas. Eu acho que o Ensino Médio serve tanto pro ensino técnico e nós temos carência de mão de obra técnica, mas eu acredito que isso não deve ser imposto para todos os alunos, porque tem aluno que quer fazer o seu Ensino Médio propedêutico e aproveitar a sua adolescência pra ter outras relações de vida também que não seja direta com o trabalho
 
Leiagora - Qual que é a diferença das escolas técnicas do estado para as IFMTs?
 
Allan Kardec - As IFMTs são os institutos federais de educação tecnológica, ciências e de tecnologia. São institutos ligados direto ao Ministério da Educação (MEC), direto ao Governo Federal e elas tem uma trajetória longeva de experiências exitosas na área de cursos técnicos profissionalizantes a partir do ensino médio. A nossa escola técnica estadual que hoje é o IFMT, a qual eu sou egresso, ela foi né do Império, a Escola de Artífices, depois, na Primeira República foi a Escola Industrial, depois na Segunda República, a Escola Técnica Estadual, depois no primeiro governo Lula as Cefets, Centros Federais, e no governo Dilma IF. Então tem uma trajetória longa de trabalhos nesse sentido e hoje é além de uma ICT que é um Instituto de Ciência e Tecnologia ela é também uma IES, uma Instituição de Ensino Superior. Então, o aluno do IF ele tem a possibilidade de ingressar no ensino médio, terminar o seu ensino médio propedêutico integrado ao técnico e automaticamente ingressar no ensino superior. Quase que o sonho de consumo da família brasileira, porém com o número reduzido de vagas e o alto índice de procura por esses cursos faz com que as proficiência e o IDEB do IFMT seja altíssimo. Cursos de 50 concorrendo a uma vaga. E o que são as escolas técnicas estaduais? Algo parecido com o que se ofertou nas escolas técnicas, mas ligados às vocações regionais onde nós estamos. A ideia é que nós não façamos sombreamento com a oferta de cursos que a escola técnica faz. Ou seja, nós vamos trabalhar parecido com o que o IF faz, com o aluno ingressante no ensino médio chegando até o ensino superior. Nós queremos agora com a nossa proposta atual que estamos apresentando para o governador, estamos dando inclusive exclusivo aqui para o Leiagora, que os nossos alunos do ensino fundamental inclusive dos últimos anos do ensino fundamental, sétimo, oitavo e nono ano possam ingressar nas nossas escolas técnicas através do ensino médio ofertado pela Seduc e o ensino técnico ofertado pela Seciteci fazendo uma entrada com duas saídas eles terminando segundo grau ou seja o ensino médio, mas também técnicos e essas escolas sendo em tempo integral como as escolas plenas da Seduc já estão acontecendo. A Escola Arena é uma referência para nós. É uma escola vocacionada para o esporte onde o aluno entra às 7h sai às 17h, com quatro refeições e uma educação de qualidade já comprovada no IDEB. A nossa proposta é que as nossas escolas ofertem essas vagas para os alunos da escola pública, que eles possam estudar o ensino médio integrado e ao final eles possam ter um diploma técnico e essas escolas funcionando à noite para toda a população, inclusive os nossos alunos jovens e adultos e essas escolas também ofertando cursos fora da sede para que a gente possa atender a demanda de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ou seja, a escola técnica, as nossas ETECs elas são bem mais jovens que o IFMT e ela cumpre um papel importante ampliando a oferta também aonde o IF não consegue chegar. Nós temos aí 21 unidades do IFMT e vamos chegar a 16. A ideia é que nós tenhamos entre IFMT e ETECs da Escola Técnica Estadual Senai, Terceiro Setor, Sistema S, que a gente tenha uma cobertura de pelo menos 50% dos municípios do estado nos próximos anos ofertando também escolas técnicas pra nossa população.
 
Leiagora - Semana passada foi aprovado na Assembleia Legislativa um empréstimo US$ 180 milhões sendo que US$ 100 milhões serão destinados para a Educação. Desses US$ 100 milhões, algo será direcionado para a Seciteci?
 
Allan Kardec - Eu acredito que vem sim, porque com o novo Fundeb nós temos a possibilidade de termos recursos oriundos da educação básica, de alunos que estão matriculados numa escola pública estadual e fazendo matrícula num curso técnico conosco então nós vamos ter um percentual também desse recurso. Porém, o empréstimo que foi feito tem destinação para investimento. Nós temos os nossos recursos já garantidos aqui para os nossos investimentos. Então eu acredito que esse empréstimo em particular deve custear alguns investimentos que a Seduc está fazendo. Como a Seduc está ocupando as nossas escolas, como por exemplo, Cuiabá, Cáceres, Água Boa e Primavera do Leste, com certeza parte desses recursos de investimentos nós usaremos também em diálogo com o secretário Alan Porto que é um bom diálogo para investimento nas nossas escolas, uma vez que essas escolas estão sendo utilizadas com alunos da rede estadual também.
 
Leiagora O senhor pode falar um pouco sobre o funcionamento do Parque Tecnológico? Como estão os avanços e as empresas que estão indo para lá?
 
Allan Kardec – O Parque Tecnológico é uma realidade que se você falasse há três, quatro, cinco anos atrás ninguém acreditava, inclusive o próprio Governador no primeiro mandato ele era descrente com relação ao processo do Parque Tecnológico, mas hoje, eu falo isso com tristeza, eu perdi meu pai na pandemia, mas eu vou citar nossa magnífica reitora da Unemat que tem uma fala cravada que alguns pesquisadores falam que o ataque de 11 de setembro de 2001 inaugura o século XXI e isso é uma grande besteira porque isso afetou o mundo árabe e os Estados Unidos, mas o que afetou todo o planeta? A pandemia de 2020, os processos tecnológicos e os processos de inovação. Com o advento da pandemia nós mudamos o processo de produção intelectual, científica, acadêmica e industrial. Os hubs de entrada e saída de negócios eles são a partir de fontes tecnológicas e o Parque Tecnológico já está prestes a ser inaugurado a parte física, até dezembro ele será aberto ao público com as empresas que vão ser instaladas lá. Nosso prazo é o aniversário de Várzea Grande do ano que vem, 15 de maio e lá naquele espaço estará a Universidade Federal de Mato Grosso, a Universidade Estadual de Mato Grosso, o IFMT, a Univag, a Católica, particulares, o Senai, o Sebrae, o Sesi, todo ecossistema de inovação vai estar lá e algumas empresas que já estão em processo avançado de implantação das suas sedes no nosso parque estão apostando muito nisso. Nós teremos escritórios de negócios, laboratórios multi usuários, salas coworking e algumas empresas já estão avançadas no processo de instalação no Parque, como por exemplo, a WEG, como por exemplo, um hub de empresas chinesas ligadas à tecnologia do agronegócio, nós já temos um tratado assinado com outro parques da China, da Universidade de Wuhan como, por exemplo, a Lenovo, que tem interesse em tecnologia para drones no processo de troca da pulverização que é ainda em aviação agrária e o drone já está substituindo. Nós temos empresas tecnológicas no ramo da construção civil e os laboratórios de alta performance que nós temos na Metamat, no IPEM, na IFMT, na UFMT na SEAF nós estaremos levando para dentro desse espaço de 16 hectares altamente tecnológico, com internet à disposição, com ambiente propício para isso e o que mais vai gerar, na minha opinião, é a ocupação desse espaço e lá que nós vamos incubar as empresas jovens da academia, aquela empresa jovem do Sebrae, aquela empresa jovem da UFMT, a empresa de inovação da UNEMAT. Lá nós teremos esses processos de startups acontecendo todos os dias, a ideia é que nós consigamos entregar naquele espaço uma solução acadêmica voltada para o mercado. Então, lá terá as empresas que apostam em soluções rápidas num ambiente público-privado e inovador. Eu não tenho dúvida que o Parque Tecnológico do Estado de Mato Grosso vai ser uma referência de espaços inteligentes e é uma aposta que o governo tem feito que vai dar muito certo. Nós literalmente entramos no processo de competição com os grandes estados. Tanto é que a China ao escolher o Brasil pra trazer seu primeiro Parque Tecnológico fez uma disputa com o México e com a Argentina e nós ganhamos e dentro do Brasil concorreram Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e Alagoas. E Mato Grosso ganhou nessa disputa pra que nós sejamos parceiros da Universidade de Wuhan e outros parques da China. Porque eles estão prospectando bons negócios tecnológicos aqui e ainda no âmbito do Parque Tecnológico. É lá que vão se encontrar os pesquisadores que vão entregar produtos para a sociedade. Quando nós aportamos recursos via Fapemat ou via outra instituição onde a entrega tem que ser a partir de uma pesquisa aplicada com um produto, é lá que nós vamos testar esse produto. Estamos muito empolgados, eu particularmente na condição de pesquisador acho que o Parque será um sucesso, especialmente se ele cumprir sua missão de fazer a academia sair literalmente dos muros da academia e pare de falar para nós mesmos e entreguemos para a sociedade aquilo que ela sempre esperou de nós.
 
Leiagora - Quando você chegou na Seciteci você foi visto como uma das pontes entre o governo do estado e o governo Federal já que você tem bom trânsito em Brasília. Você se vê nessa posição?
 
Allan Kardec - Acho que hoje não tem mais necessidade de pontes. O governador Mauro Mendes foi acolhido pelo governo Lula, até porque é um homem inteligente e visionário, ele declarou isso que a eleição acabou e declarou o governo Lula como governo vigente, tem grandes parcerias lá pelo próprio União Brasil que é o partido do governador, que tem três ministros dos quais um já veio em Mato Grosso, o ministro das comunicações veio aqui na formatura da Recytec que é uma oficina de reciclagem de computadores que está aqui conosco na Seciteci eu tenho uma boa relação com o governo Lula eu venho do movimento mais de centro-esquerda e hoje com a Ciência e Tecnologia com o próprio MEC eu acho que teremos grandes parceiras e o Mauro Mendes tem uma vantagem, ele deixa a gente trabalhar. Ele cobra essa oportunidade e quando ele fala: “Olha, eu consigo investir nesse projeto. Eu quero que você busque um recurso pelo governo Federal”. Então isso para nós é uma vantagem, eu acredito que as relações que eu construí com o pessoal que tá hoje no governo faz que tenhamos uma expectativa de buscar recursos para Ciências e Tecnologia em Mato Grosso não é a toa que estamos na diretoria do Consect que é o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, eu faço parte da diretoria, sou o diretor da região Centro Oeste e nesta semana eu fui convidado pelo nosso presidente Silvio Bulhões que é de Alagoas e nossa ministra a Luciana Santos para dirigir iniciativa “Amazonia Mais 20” 2023, serei o coordenador do programa e estou muito feliz por isso. Eu acho que a aposta de uma ponte foi pavimentada de vez e o governo não tenha necessidade, mas fico feliz de ser lembrado como uma pessoa com trânsito no governo Federal.
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