Pelo que tudo indica, os vídeos de conteúdo misógino feitos pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PL) podem trazer sérias consequências a ele. Isso, porque a seccional mato-grossense da Ordem dos Advogados do Brasil protocolou no Ministério Público do estado um pedido de apuração de possível prática de discriminação contra as mulheres e de desobediência aos deveres inscritos nas Constituições de Mato Grosso e da República Federativa do Brasil.
Em um documento de 10 páginas assinado pela presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso e pela presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-MT, Glaucia Anne Kelly Rodrigues, são elencadas as diversas ofensas feitas pelo deputado às mulheres. As ofensas tiveram início há cerca de três semanas, quando o parlamentar, que participava de uma reunião na Assembleia Legislativa contra o aborto, comparou a gestação de mulheres com as de vacas. A partir daí, Cattani foi elevando o nível das ofensas, chegando ao ponto de gravar um vídeo em que conversa com as vacas e pede desculpa a elas por tê-las comparado a mulheres feministas.
“Indizível nível de discriminação praticada e espalhada nessa tentativa de chacota com a condição de gestação das nossas cidadãs, especialmente aquelas que pensam diferentes de suas crenças pessoais. A internet se torna uma ferramenta para o discurso de menosprezo a um grupo. O fato se torna ainda mais preocupante se a violência for dirigida a uma coletividade historiza e socialmente oprimida,” diz trecho do pedido.
Para reforçar o pedido, a OAB cita a Constituição de Mato Grosso que deve garantir afastamento de qualquer tipo de discriminação por parte de seus agentes públicos.
Na manhã desta quarta-feira (31), a OAB e a defensoria pública de Mato Grosso estiveram presentes na Assembleia Legislativa e em reunião com a presidente Janaina Riva (MDB) pediram punição ao parlamentar por meio do Conselho de Ética da Casa e ainda o afastamento imediato de Cattani da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.
Esses documentos serão encaminhados para a Comissão de Ética da Casa, que ainda será formada a partir da indicação pelos blocos parlamentares.